Ogorodova: "Presidência dos Brics permite à Rússia trabalhar no reforço à parceria científica" Foto: Serguêi Tchernikh/RIA Nóvosti
Qual é a sua avaliação sobre o encontro no Brasil?
A postura construtiva e a abordagem profissional são os pontos que caracterizam a reunião em Brasília. Devo enfatizar que a agenda da reunião organizada no Brasil foi bem preparada, com muitas propostas revisadas. A Rússia, que assumiu a presidência do Brics em abril, tomou uma posição proativa em relação às propostas feitas no documento final e indicou os contornos da criação de uma plataforma estratégica de cooperação científica e tecnológica entre os cinco países.
Quais elementos vão compor essa plataforma?
Os países-membros têm em mãos três documentos importantes: o Memorando de Cooperação, que foi assinado em Brasília por todos os ministros dos Brics e se tornou a base para a cooperação científica; um documento que dispõe sobre mecanismos para o financiamento da pesquisa científica; e o plano de trabalho de acordo com o qual serão implementadas as ideias e propostas dos Brics.
Por enquanto, posso citar algumas áreas: segurança de produtos de alimentação; transferência de inovação e tecnologia; fontes de energia novos e renováveis; nanotecnologia; espaço, aeronáutica, astronomia e monitoramento terrestre. Cada país do Brics está ligado a um setor específico.
O que desta lista se aplica à Rússia?
Recursos hídricos e neutralização da poluição.
E ao Brasil?
O Brasil assume o monitoramento e conservação do meio ambiente, isto é, gestão ambiental. O Memorando de Cooperação também reserva atenção especial ao controle dos direitos de propriedade intelectual, e Brasil e Rússia estão planejando atividades conjuntas para garantir proteção efetiva e distribuição equitativa dos direitos na área da propriedade intelectual de patentes.
Sabe-se que, durante o evento, os russos mantiveram conversações bilaterais com colegas brasileiros. O que você pode adiantar sobre essas reuniões?
Nessas negociações, que contaram com o chefe da Agência Espacial Federal do Brasil, foram discutidas questões relativas à parceria no setor espacial. A delegação brasileira falou sobre a possível criação de um satélite dos países do Brics e o interesse de desenvolver o sistema Glonass em território brasileiro.
Além disso, os representantes brasileiros demonstraram interesse nas áreas de biomedicina e tecnologia da informação, e se mostraram a favor da expansão do intercâmbio de estudantes universitários.
A comunidade científica dos Brics está planejando novos eventos frente à Cúpula em Ufá?
Neste momento estamos em negociações com o Instituto de Pesquisa Nuclear, para que este assuma a organização de uma reunião científica dedicada a vários projetos russos. Em junho, uma delegação brasileira irá à Rússia para considerar as questões dedicadas à adesão ao instituto internacional e, possivelmente, a um dos seus projetos. Essa reunião será anunciada durante a cúpula presidencial dos Brics, em Ufá.
O fato de que agora a presidência dos Brics ter passado para a Rússia é uma boa oportunidade de trabalhar produtivamente no reforço à parceria científica. Agora, por exemplo, começamos o trabalho para a criação de uma rede de BRICS.net. Essa questão também será incluída na agenda da próxima cúpula.
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