Cientistas russos confirmaram a descoberta de dois novos ‘buracos misteriosos’ na península de Iamal, no extremo norte da Rússia.
“Posso confirmar dois novos buracos, mas não cientificamente, porque, a julgar pelas fotos, eles são um pouco diferentes”, disse à Gazeta Russa Marina Leibman, doutora em Ciências Geológicas e Mineralógicas do Instituto da Criosfera da Terra.
“Um deles já tem água pela metade. As paredes do segundo também são diferentes das do buraco estudado por nós no ano passado.”
Leibman foi uma das cientistas que, em meados de 2014, coletou amostras do solo da enorme cratera detectada a partir de um helicóptero a 30 quilômetros do grande campo de gás de Bovanenkovo.
“As amostras de solo recolhidas antes tinham muito mais gelo do que nós supúnhamos. Isso ajudou a tirar algumas dúvidas, como, por exemplo, por que ao redor havia tão pouca terra e pedaços de solo espalhados e o que tinha acontecido com o resto do terreno”, explicou Leibman.
“Ainda não conseguimos dizer que tipo de gás fez com que o solo fosse expelido, uma vez que não ainda não temos como comprovar isso. No presente momento, essa é a única teoria que temos – que seja um gás.”
De acordo com essa teoria, o gás acumulado nas camadas do permafrost (tipo de solo encontrado na região do Ártico, constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados) teria feito voar uma camada da rocha quando exposto a grande pressão.
Corroborando a hipótese de que se trata de uma explosão fria, uma elevação de terra (montículo) com os pedaços de solo jogados se formou em torno da cratera. Além disso, não há existência de quaisquer vestígios de carbonização.
‘Buracos misteriosos’ podem ser sinal de grave degradação do permafrost Foto: Centro Russo de Exploração do Ártico
Segundo Vassíli Bogoiavlenski, doutor em Ciências Técnicas do Instituto de Problemas de Petróleo e Gás da Academia Russa de Ciências, são conhecidas com segurança as coordenadas de apenas quatro crateras. “Mas acredito que esse número aumente.”
De onde vêm as crateras?
Os ‘buracos misteriosos’ que tiveram grande repercussão na internet e podem ser sinal de uma grave degradação do permafrost, sugere Bogoiavlenski. “Até agora, condições análogas haviam sido encontradas apenas no fundo dos mares árticos, porém, essas crateras marítimas praticamente não foram estudadas”, diz o especialista.
Ao que tudo indica, o fundo desses mares tem a mesma estrutura geológica que a rocha de Iamal, com uma exceção: a terra seca está coberta com uma espessa camada de permafrost que já quase não existe nos mares do Norte.
“Entre 10 e 15 mil anos atrás, uma parte significativa do atual fundo marinho do Ártico era terra firme com permafrost. Além disso, o enorme território estava coberto por um imenso glaciar, parte do qual se preservou na Groenlândia”, explica Bogoiavlenski.
“Uma parte considerável da zona de paleopermafrost nos mares de Barents e de Kara se descongelou, mas em alguns lugares o permafrost se manteve, especialmente próximo à costa. No mar de Kara ainda existe permafrost, mas ele está se degradando.”
O fato de existirem centenas e até milhares de crateras no fundo dos mares pode significar que a futura degradação do permafrost conduzirá ao surgimento de novas crateras em terra firme.
Localização dos buracos
O maior buraco fica a cerca de 30 quilômetros de Bovanenkovo, no território de um grande campo de gás. O seu diâmetro é de aproximadamente 40 metros e está aumentando gradualmente. Provas circunstanciais permitem dizer que o buraco pode ter aparecido na primavera de 2014 ou no outono de 2013.
O segundo buraco, tal como o terceiro, foi descoberto por criadores de renas e fica perto do povoado de Antipaiuta. O mais provável é que tenha surgido em setembro de 2013.
O terceiro foi descoberto ainda em abril de 2012, mas só agora se tornou amplamente divulgado. Este se assemelha ao segundo em tamanho: o seu diâmetro é de cerca de 15 metros
Fonte: YouTube
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