Primeiro lote de ‘metal do futuro’ é produzido na Sibéria

Investimento na construção da fábrica é estimado em cerca de US$ 30 milhões Foto: A.Solomonov/RIA Nóvosti

Investimento na construção da fábrica é estimado em cerca de US$ 30 milhões Foto: A.Solomonov/RIA Nóvosti

Cientistas de Tomsk entregaram primeira amostra de berílio, metal estrategicamente importante em indústrias diversas.

Em janeiro passado, os cientistas da Universidade Politécnica de Tomsk lançaram um lote de 100 gramas de berílio produzido em laboratório. A nova tecnologia, desenvolvida em parceria com uma fábrica química da Sibéria, deve permitir à Rússia se livrar da importação desse metal raro e precioso.

“A tecnologia proposta se diferencia por ciclos tecnológicos fechados e pela possibilidade de produção de concentrado não só de berílio metálico, como também de produtos comerciais que o acompanham – fluoreto de cálcio sintético e óxido de silício”, disse à Gazeta Russa o vice-reitor da universidade, Aleksandr Diatchenko.

O procedimento também promete economizar em outro mineral valioso – a fluorita, usada em ótica, metalurgia e química, entre outras indústrias. “Ao longo do processo se dá um significante enriquecimento químico e dessiliconização”, acrescentou Diatchenko.

O investimento na construção da fábrica é estimado em cerca de US$ 30 milhões, e o período de implementação do projeto é de cinco anos. Na próxima etapa, que terá início em 2020, os cientistas planejam produzir entre um e dois quilos de berílio metálico.

Preço do futuro

O berílio é um dos metais mais caros no mundo. Os órgãos de Defesa de diferentes países o consideram um dos “materiais estratégicos criticamente importantes”, pois é usado nas indústrias nuclear e aeroespacial.

Sem esse metal é impossível voar, fazer raio-X, produzir armas nucleares e explorar o espaço. Por esse motivo, é que comum que o berílio seja chamado no meio científico de “metal da era espacial” ou “metal do futuro”.

Segundo informações do Serviço Geológico dos EUA, o preço do berílio puro gira em torno de US$ 500 por quilo. Pode-se observar que o custo de berílio dobrou na última década – a demanda não acompanhou o limite de volume de produção primária.

Reserva em falta

Ainda é cedo para prever se a nova tecnologia mudará o equilíbrio de forças no mercado mundial. “A infraestrutura de mineração no campo Ermakovski está em más condições”, diz o professor associado da Universidade Estadual de Mineração dos Urais, Mikhail Popov. “Precisamos de uma reavaliação das reservas.”

“Será interessante ver como se comportarão com a nova tecnologia os minérios de berílio do depósito Marínski, nos Urais, que são compostos por outro silicato de berílio – o berilo”, continua o professor.

Este campo era a principal fonte de minérios de berílio nos tempos soviéticos e ainda possui reservas consideráveis. O complexo de mineração para produção do concentrado de minério no Marínski se mantém preservado.

“Mas, além de tudo disso, o berílio é um metal tóxico, o que aumenta o seu custo de produção”, arremata Popov.

 

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