Roscosmos prevê extensão de vida útil da ISS até 2024

Roscosmos decidiu ampliar a participação da Rússia no programa da ISS Foto: Nasa

Roscosmos decidiu ampliar a participação da Rússia no programa da ISS Foto: Nasa

Em entrevista à Gazeta Russa, o vice-diretor da Agência Espacial Russa (Roscosmos), Serguêi Saveliev, falou sobre a cooperação com os Estados Unidos e com a China no âmbito espacial, e detalhou os futuros passos do projeto russo-europeu “ExoMars”.

Recentemente, a Rússia deu sinais de que deve mudar a decisão de retirar-se do projeto ISS (Estação Espacial Internacional, na sigla em inglês) em 2020. Assim, aceitando a sugestão anteriormente proposta pelos Estados Unidos, a vida útil da estação pode ser prolongada até 2024.

Segundo o vice-diretor da Agência Espacial Russa (Roscosmos), a questão ainda está sob análise dos demais parceiros. Além disso, a Rússia poderá criar uma estação espacial própria em parceira com a China, dependendo das decisões em relação à ISS.

Há alguma decisão definitiva sobre as operações da ISS depois de 2020?

A Roscosmos decidiu ampliar a participação da Rússia no programa da ISS. Nós já notificamos em tempo hábil nossos parceiros a respeito disso. Até agora, só os Estados Unidos anunciaram oficialmente sua decisão de continuar a operação da estação até 2024. Esperamos a definição de outros parceiros em 2015. Gostaria de enfatizar que todos envolvidos possuem um objetivo único: melhorar a eficiência de sua participação na ISS em prol da ciência. Porém, não estamos concentrados somente no programa da ISS, estamos também dando continuidade ao programa espacial tripulado russo. 

Saveliev: "Há uma possibilidade teórica de construção de uma nova estação espacial exclusivamente russa"

Quais os projetos mais importantes que a Rússia tem hoje com os EUA?

Sem dúvidas, o mais importante é a ISS. Depois, temos o fornecimento de motores para foguetes. Fora isso, um dos projetos internacionais mais significativos é também o Spectrum-RG – um observatório astrofísico orbital internacional que deverá estudar os raios X e gama presentes no universo. Nosso principal parceiro é a Alemanha, que fabricará um dos dois telescópios que vão compor o módulo orbital.

Muito se falou sobre os planos de a Rússia construir uma nova estação espacial. Se isso for verdade, com quem? Considera-se a possibilidade de trabalhar com a China, por exemplo?

Há uma possibilidade teórica de construção de uma nova estação espacial exclusivamente russa. Considera-se também participação internacional, inclusive da China. No entanto, ainda não nenhum projeto nem foi tomada qualquer decisão oficial pela agência. A sua implementação depende das futuras decisões em relação à ISS.

A Roscosmos mantém projetos com a China para realizar voos espaciais tripulados?   

O projeto conjunto mais realista no momento é na condução de experimentos científicos a bordo da ISS. No futuro, planeja-se realizar experimentos a bordo dos módulos não tripulados OKA-T – um laboratório espacial multipropósito para microgravidade e pesquisas biotecnológicas aplicadas. O módulo é de operação autônoma e voará na mesma órbita da ISS. As principais tarefas dele serão analisar o comportamento de voo autônomo, experimentos em váculo completo e perspectivas de microacelerações. 

Em que fase está o projeto russo-europeu ExoMars?

Os trabalhos relacionados ao ExoMars estão em pleno andamento. Em 2016 será lançado a Mars Orbiter, cujo objetivo principal será estudar a atmosfera de Marte. Lançaremos a Mars Lander para testar o pouso em Marte, preparando o caminho para a parte mais importante do programa – em 2018 está planejado o pouso de um pequeno rover com instrumentos científicos russos no planeta vermelho.

Estamos preparando uma estação interplanetária, cujo construção deve ter início em 2016. Já está em andamento também a montagem dos módulos experimentais de desembarque e instrumentos científicos. Espera-se que em 2018 comecem os trabalhos práticos, baseados nos estudos técnicos já realizados sobre os componentes individuais e gerais. O foguete russo Proton-M ficará encarregado das diversas fases do programa ExoMars.

 

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