As pesquisas sobre a aplicação de laser na esfera militar tiveram início nos Estados Unidos e na União Soviética ainda nos anos 60 Foto: divulgação
A Marinha dos Estados Unidos testou com sucesso a LaWS (Laser Weapon System), sua primeira arma a laser operacional. Planeja-se que entre 2016 e 2017 sejam instalados canhões laser com potência de 100 kilowatts a 150 kilowatts em navios, representando uma verdadeira revolução em termos de armamentos navais convencionais. A Rússia, da mesma forma, está desenvolvendo armamentos do tipo, mas por enquanto os projetos são secretos.
Há apenas informações fragmentadas sobre os trabalhos em curso.
O ex-comandante do Estado Maior das Forças Armadas russas, Iúri Baluévski, afirmou:
“Podemos dizer apenas uma coisa: o desenvolvimento de tecnologias militares para a criação de modelos contemporâneos promissores e eficazes estão andando em paralelo com aqueles dos outros países que possuem capacidade para a elaboração de tais equipamentos.”
O projeto LaWS vem sendo conduzido pela Marinha dos Estados Unidos desde 2007. Por enquanto, o canhão é equipado com laser de 30 kilowatts em estado sólido, capaz de destruir pequenas aeronaves à curta e média distância. Apesar de não conseguir neutralizar alvos a longas distâncias, é adequado para suprimir a capacidade dos sensores ópticos de veículos não-tripulados. Paradoxalmente, o sucesso atual dos americanos no desenvolvimento de armas laser possui “raízes russas”.
Laser a preço de sucata
Em 1995, após a divisão da Frota do Mar Negro, a Ucrânia vendeu aos EUA o navio-tanque Dixon, de sua frota auxiliar, a preço de sucata. No entanto, para espanto dos especialistas, nos porões do navio havia dois grandes geradores elétricos de 35 megawatts de potência, sistemas de refrigeração de alto rendimento, equipamentos de controle e uma torreta rotativa. Logo concluíram que se tratava de um armamento de laser.
As pesquisas sobre a aplicação de laser na esfera militar tiveram início nos Estados Unidos e na União Soviética ainda nos anos 60. O navio-tanque Dixon foi a primeira plataforma na qual instalou-se um sistema de laser experimental de combate.
O canhão de laser participou de testes reais. Os projetistas afirmavam que ele seria capaz de acertar alvos em terra e no ar, incluindo mísseis de cruzeiro. A vantagem do armamento é que basta apenas alguns segundos de exposição ao laser e o alvo é destruído. O sucesso foi tão grande que a liderança da Marinha soviética ordenou a instalação de canhões laser nos porta aviões 1143 da classe Kiev na época.
No entanto a euforia rapidamente deu lugar à decepção. Durante testes operacionais, embora o canhão laser tivesse demonstrado alta eficiência, exigia um consumo extremo de energia elétrica –bastando apenas dois disparos para desenergizar por completo o porta-aviões.
O Dixon não foi o único projeto da indústria soviética no ramo dos armamentos laser. Outro relacionava-se ao desenvolviento de uma nave espacial capaz de carregar um canhão laser e o correspondente fornecimento de energia. Batizada de “Skif”, tinha seu lançamento previsto para 1987. Mas o então presidente soviético, Mikhail Gorbatchov, afirmou durante visita ao centro de lançamento de Baikonur: “Somos categoricamente contra a corrida armamentista no espaço sideral e iremos dar o exemplo.”
Depois disso, todos projetos de desenvolvimento de armas a laser foram encerrados.
Problemas
“O único problema dos armamentos a laser está no fato que sua operação requer quantidades enormes de energia elétrica. Para que tenha capacidade de realizar uma centena de disparos, é necessário a utilização de grandes baterias”, explicou à Gazeta Russa o professor da Academia de Ciências Militares Vadim Koziúlin.
Além disso, o uso de laser é influenciado por condições meteorológicas, principalmente o tempo úmido e nublado. Justamente por esses fatores, os norte-americanos planejam utilizar o LaWS no Golfo Pérsico, onde na maior parte do tempo há sol, e não no Alasca, onde chuva, neve e névoa são fenômenos constantes.
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