Base científica e de mineração na Lua será concluída em meados de 2050 Foto: NASA
No âmbito do programa de exploração da Lua, cientistas do Instituto de Pesquisas Espaciais Sternberg, da Universidade Estatal de Moscou, e da agência espacial russa Roscosmos planejam iniciar o lançamento de veículos para exploração lunar ao longo dos próximos anos.
“O último lançamento da nave ‘Lua-24’ foi realizado em 1976. A nave atual, a ‘Lua-25’, é muito mais leve que sua antecessora, porque sua tarefa principal será trazer à Terra gelo do polo Sul da Lua”, diz o chefe do departamento responsável pelas pesquisas do Instituto Sternberg, Vladislav Shevtchenko.
Segundo ele, esse polo foi escolhido porque ali há maior acúmulo de gases voláteis congelados na água que constituem a matéria dos cometas. “Esse será um grande avanço”, garante Shevchenko. “Nós teremos a possibilidade de ‘tocar’ a matéria dos cometas. Isso significa que as substâncias que teriam que voar quatro anos-luz, no mínimo, nós conseguiremos obter em apenas três dias.”
2016
Início dos trabalhos básicos de exploração da Lua no âmbito do Programa Espacial Federal
2018
Envio da primeira nave espacial com destino à Lua. Objetivo é à Terra gelo com amostras do material de cometas.
2030
Previsão de primeiro voo lunar com tripulantes.
A poeira de cometas é considerada uma das testemunhas do nascimento dos planetas do Sistema Solar, uma vez sua composição não mudou nos últimos 4,5 bilhões de anos. Acredita-se que nos núcleos de gases congelados será possível identificar a “substância pré-histórica” nebulosa de gás e poeira.
Infraestrutura
Atualmente, os cientistas envolvidos nos projeto estão selecionando o local de pouso do aparato lunar. De acordo com o chefe da Roscosmos, Oleg Ostapenko, o teste de um foguete superpesado será concluído no final da próxima década. “Ao mesmo tempo será iniciada a exploração da Lua em grande escala”, observa Ostapenko.
Os primeiros trabalhos para a criação de uma infraestrutura lunar, isto é, de uma base orbital na Lua, devem começar em 15 a 18 anos. Em 2040 serão criadas as primeiras estações de desembarque de naves espaciais, e somente em meados de 2050 surgirá na Lua uma base científica e de mineração, juntamente com o observatório.
“Serão instaladas na Lua usinas de energia solar e possivelmente geradores de combustível nuclear”, disse à Gazeta Russa o vice-diretor-geral do Centro de Pesquisa Keldysh, Vladímir Kotchlakov. “Quando surgirem bases permanentes na Lua, a humanidade terá a necessidade de fontes mais potentes de energia. Os geradores de combustível nuclear representam uma possível alternativa às usinas de energia solar, que, conforme o planejamento atual, deverão em breve ser instaladas na Lua.”
Matéria-prima lunar
Do ponto de vista econômico, o custo do esquema simplificado de lançamento que será usado nos primeiros anos não exigirá voos orbitais frequentes – e também não são esperados lucros.
Por outro lado, o custo total do programa russo para o desenvolvimento da exploração lunar é estimado em até US$ 2,5 bilhões. “É claro que o projeto não é o mais barato; ele demanda muitos recursos que exigem soluções técnicas complicadas”, diz o diretor de planejamento estratégico da Roscosmos, Iúri Makarov.
“Supomos que na superfície lunar existam muitas rochas com metais de terras raras”, disse Shevchenko à Gazeta Russa. “Na Terra, a quantidade dos estoques de cério, lantânio, neodímio e praseodímio, entre outros que são usados na fabricação de produtos de alta tecnologia, está diminuindo. O monopólio desse mercado pertence à China”, acrescentou o cientista.
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