O barco para expedições científicas "Professor Khliústin", com cientistas, especialistas e militares russos, partiu do porto de Vladivostok em 25 de setembro Foto: Aleksêi Drujínin/RIA Nóvosti
Durante um mês, os participantes de uma recém lançada expedição russa planejam navegar pelo mar do Japão e colher amostras para medir radiação causada pelo acidente na usina nuclear Fukushima-1. O barco para expedições científicas "Professor Khliústin", com cientistas, especialistas e militares russos, partiu do porto de Vladivostok em 25 de setembro e se dirigiu a duas ilhas (Simushir e Urup) do arquipélago das Kurilas, no extremo Leste do país.
Esta é a terceira expedição russa desde o acidente: a primeira foi realizada logo após o desastre e a segunda, um ano depois.
A nova é realizada sob a égide da Sociedade Geográfica da Rússia e é organizada pelo Instituto Oceanográfico Estado. Os resultados das campanhas anteriores mostraram que a contaminação foi insignificante e que a maior ameaça para a Rússia veio do acúmulo de radiação em peixes contaminados.
Amostras
O diretor do Laboratório de Radiologia do Instituto Radiev, Stanislav Châbalev, explicou que os primeiros testes da água do mar e da terra das ilhas serão realizados a bordo do navio e os primeiros resultados serão disponibilizados no final da expedição. Ele também declarou que neste ano os testes serão mais completos do que em 2013.
Segundo Châbalev, durante a expedição, a equipe vai coletar amostras do ar, da água e da terra e medir a concentração de césio-137, estrôncio-90, de isótopos de plutônio e trítio.
"Além disso, planejamos analisar a concentração de radioisótopos em organismos marinhos no solo e na vegetação", disse Châbalev.
“As amostras recolhidas em 2011 e 2012 mostraram que o nível de contaminação é muito baixo, mas em qualquer caso é necessário obter novos dados todos os anos", completou.
Radiação
"Apesar da proximidade das Ilhas Kurilas ao Japão, pequenas quantidades de radiação atingiram o território russo", diz Serguêi Pântchenko, do laboratório de Radioecologia do Instituto de Desenvolvimento Seguro da Energia Atômica da Academia das Ciências da Rússia. “A primeira nuvem radioativa no início contornou a Terra e só depois chegou ao território da Rússia”, diz.
Segundo Pâtnchenko, o nível de radiação após a tragédia em Tchernôbil em 1986 registrado no território do Japão era mil vezes maior do que os níveis da radiação registrados nas Ilhas Kurilas após Fukushima. Para ele, a única ameaça para a Rússia é o acúmulo de radiação em peixes.
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"A radiação de Fukushima contaminou areia em águas rasas, onde vivem peixes conhecidos como Ammodytes tobianus, consumido por outras espécies de peixe e humanos que, assim, acumulam radiação”, completou.
Futuro
O diretor dos laboratórios de Exposição Interna do Instituto de Investigação de Segurança e Radiação e participante da primeira expedição de 2011, Gennâdi Bruk, acredita que a terceira missão não encontrará altos níveis de radiação e contaminação.
No entanto, isso não significa que as expedições não devem continuar.
"Depois do acidente em Tchernôbil, ainda estamos trabalhando nas áreas afetadas", disse Bruk. "Esse trabalho é muito importante para a segurança da população”, diz.
Pâtchenko afirma que a situação com a radiação não está mudando e não vai mudar no futuro próximo.
“O Césio não desaparece rapidamente, é preciso esperar de 20 a 30 anos", diz.
O chefe da Administração Presidencial da Rússia, Serguêi Ivanov, também visitou as Ilhas Kurilas antes da terceira expedição e declarou que o governo “está monitorando a situação e continuará a investir em segurança”.
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