Cientistas afirmam que, com o tratamento adequado, a mortalidade do vírus pode ser reduzida a 5-10% Foto: PhotoXPress
“Os resultados obtidos nos levam-nos a crer que, em um curto espaço de tempo, a vacina de prevenção contra o ebola poderá ser usada em humanos”, afirmou à Gazeta Russa a chefe do Serviço Federal de Defesa dos Direitos do Consumidor e do Bem-Estar Humano (Rospotrebnodzor), Anna Popova.
O especialista do Instituto de Virologia Ivanovski, Mikhail Chelkanov, foi um dos cientistas do primeiro grupo de virologistas russos enviados à Guiné no início de agosto para estudar os métodos de combate à epidemia. Segundo ele, apesar de a vacina já ter se mostrado eficiente mesmo no estágio experimental, o mais importante, segundo os especialistas, é a condução de um tratamento adequado.
“Se o paciente for diagnosticado corretamente e logo for submetido ao tratamento sintomático correspondente, a taxa de sobrevivência já se eleva a 10%. Se houver condição de submeter o paciente à terapia desintoxicante, as chances aumentam mais 10%. Se houver suporte respiratório, acrescenta-se 20%. Se for possível aplicar terapia hemostática, mais 10%. Por fim, se for aplicada injeção antissoro, podemos subir em 25 a 30% as chances de sobrevivência”, explica Chelkanov.
Hospedeiros naturais: morcegos frugívoros.
Transmissão: através das fezes e saliva a grandes primatas sedentários que vivem em regiões próximas. A transmissão a seres humanos ocorre primeiramente em caçadores que estão em contato com esses primatas.
Combate: A única maneira de combater eficazmente o vírus é com o desenvolvimento de vacinas e controle rígido sobre os focos naturais.
A rapidez e o fato de as epidemias acontecerem em lugares com pouca infraestrutura de saúde – não há hospitais e os infectados não são atendidos em tempo hábil – geralmente se refletem nos índices de mortalidade do doença. “Mas, com o tratamento adequado, a mortalidade do vírus pode ser reduzida a 5-10%.”
Dificuldades básicas
O maior problema enfrentado na África Ocidental é que, como a epidemia não foi contida em dezembro de 2013, quando os casos eram bem raros, a solução atual depende de intervenção militar e isolamento completo das aldeias – embora isso não ajude a eliminar a epidemia.
“Os 3.000 militares que o presidente americano Barack Obama enviou à África na semana passada estão servindo apenas a reforçar o cordão de isolamento”, conta Chelkanov.
Deter um surto de ebola é difícil por duas razões básicas. Em primeiro lugar, a infecção possui natureza regional. Controlar a disseminação do vírus em regiões de florestas tropicais da Guiné, Serra Leoa e Libéria é praticamente impossível. Além disso, a África Ocidental é uma das áreas mais pobres do mundo, e as vilas e aldeias não possuem infraestrutura sanitária moderna.
As condições insalubres pioram pela incompetência administrativa de muitos governos aliada a altos níveis de corrupção – cabe lembrar que por apenas um dólar uma família consegue escapar dos cordões de isolamento.
Os infectologistas também enfrentam dificuldades em relação aos costumes e crenças locais. Durante os funerais é comum os parentes e amigos abraçarem o cadáver, o que dificulta o controle de quantas pessoas tiveram realmente contato com pessoas infectadas.
Na tentativa de resolver parte do problema, a Rússia está atualmente negociando com o governo da Guiné a criação de uma estação de coleta de dados epidemiológicos, que devem ajudar na contenção em lugares habitados.
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