Moscou planeja abrir novas bases militares na Crimeia

A quantidade de tropas estrangeiras nas proximidades das divisas da Ucrânia com a Rússia teve um aumento Foto: Press Photo

A quantidade de tropas estrangeiras nas proximidades das divisas da Ucrânia com a Rússia teve um aumento Foto: Press Photo

Com agravamento da crise política na Ucrânia, Ministério de Defesa russo pretende reforçar segurança das fronteiras nacionais.

O ministro da Defesa da Rússia, Serguêi Choigu, declarou durante uma reunião com comandantes militares na última terça-feira (16) que o agravamento do conflito interno em solo ucraniano e a ampliação da presença militar estrangeira nas regiões próximas às fronteiras da Rússia exigirão de Moscou um reforço adicional para garantir a segurança do país. 

"O deslocamento de um grupo das forças armadas completo e autônomo na região da Crimeia é considerado uma das tarefas prioritárias da circunscrição militar de Iújni", afirmou o ministro durante a reunião. "Desde o início deste ano, a situação tanto política quanto militar, na área em questão sofreu mudanças significativas." Representantes do Ministério da Defesa não revelaram a quantidade exata de tropas a serem encaminhadas à península.

"A quantidade de tropas estrangeiras nas proximidades das divisas da Ucrânia com a Rússia teve um aumento, provocando mudanças nas tarefas diárias dos comandantes da circunscrição", ressaltou Choigu.

Na opinião da Oana Lungescu, representante oficial da OTAN, a ampliação da presença militar russa na Crimeia será capaz de prejudicar o andamento do processo de resolução pacífica da crise ucraniana. "Nós já tomamos conhecimento dos comunicados sobre o aumento da quantidade de tropas russas no território da península. As consequências dessa decisão podem causar o agravamento da situação, dificultando a manutenção da paz na região e afetando a sua segurança, já bastante danificada pelas ações recentes da Rússia", afirmou Lungescu.

Proteção das fronteiras

"Desde 1991, as autoridades russas não têm permissão de trazer à península nenhum equipamento militar moderno para reforçar a capacidade de sua defesa, sendo obrigados a usar o maquinário desatualizado da frota do Mar Negro. Portanto, uma das principais tarefas atuais dos comandantes do exército nacional consiste na substituição do equipamento velho por novos submarinos a diesel e navios, assim como no fornecimento dos complexos de míssil do tipo Bal destinados à defesa do litoral com os mísseis de cruzeiro", afirmou Dmítri Litóvkin, especialista militar independente, em entrevista à Gazeta Russa.

Segundo ele, o conflito político envolvendo as autoridades russas e ucranianas que ameaça a segurança da população da península exige tanto tropas preparadas quanto equipamentos de guerra modernos. "O Parlamento da Ucrânia não descarta a possibilidade de lutar pela devolução da Crimeia, portanto uma provocação armada pode vir a qualquer momento. A disposição de grupos militares adicionais na Crimeia é considerada mais uma medida de segurança devido ao avanço da OTAN para o Oriente e as suas intenções de colocar parte das suas tropas nos países bálticos, na Polônia, Romênia e Bulgária. Os dirigentes da aliança precisam estar cientes de que o governo da Rússia não deixará de tomar medidas extraordinárias para garantir a segurança do país nestas condições", acrescentou Litóvkin.

Dúvidas

A posição do Ministério de Defesa em relação à existência de ameaças externas não é compartilhada por todos os especialistas da área.

"Quem é o principal inimigo destas tropas extraordinárias? Enquanto estamos criando um Comando Estratégico do Norte para combater as possíveis invasões na zona ártica e passamos pelas inspeções na circunscrição militar de Vostótchi, transferimos os regimentos para a península da Crimeia... Em minha opinião, não existe uma maneira melhor de afundar a economia nacional de vez", afirmou Aleksandr Konovalov, presidente do Instituto de Análise Estratégica, em entrevista à Gazeta Russa.

Segundo ele, a avaliação das possíveis ameaças deveria levar em consideração a verdadeira probabilidade de ataque por parte da OTAN ou das suas futuras bases militares no leste europeu, que é muito pequena. "Os dirigentes da aliança pretendem espalhar apenas 3.000 soldados por cinco países, cada país não receberá nem um batalhão. É difícil tratá-los como uma verdadeira ameaça. Em primeiro lugar, a medida destina-se a acalmar os Estados do leste europeu que temem uma intervenção por parte da Rússia e não querem se tornar uma nova Crimeia", sugeriu Konovalov.

 

Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook

Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies