No dia 15 de fevereiro de 2013, a pequena cidade de Tchebarkúl, na região de Tcheliabinsk, a 1.700 km de Moscou, foi atingida por um superbólido – o maior de todos os corpos celestes conhecidos caídos na Terra após o lendário meteorito de Tunguska -, que logo despertou a fantasia dos habitantes locais.
“Que sorte a nossa ele cair aqui e não no Casaquistão!”, diziam os moradores da cidade depois de saírem do choque. Em homenagem ao meteorito, foi inaugurado em Tchebarkúl um monumento e um parque de diversões, e há até mesmo propostas de incluir sua imagem no brasão de armas da região.
Filme de ficção e conta no Twitter
Os moradores da região que testemunharam a queda do meteorito foram retratados em um tríptico de quatro metros pintado por Albert Rastiapin, artista que trabalha na área de publicidade. O quadro apresenta, entre outros, um salvador valente, moradores feridos pelos estilhaços de vidros quebrados e um homem seminu tirado do sono pelo meteorito. O artista levou cerca de um ano para terminar a enorme tela, trabalhando noite adentro nos tempos livres.
Este ano, um grupo de artistas de um pequeno ateliê moscovita, o SC-Art, iniciou as filmagens de um filme de ficção sobre a queda do célebre meteorito. Será um longa-metragem de baixo orçamento, relatando uma versão alternativa daquilo que aconteceu há um ano e meio, no dia da queda do superbólido.
Apenas duas horas após o acontecimento, internautas criaram uma conta no Twitter para o meteorito (Twitter.com/Che_meteorit). “Desintegrei-me em pedaços. Caí e fiquei espalhado por toda zona dos Urais”, diz a primeira publicação. Atualmente, o “meteorito de Tcheliabinsk” continua fazendo postagens na rede social e conta com 1.035 seguidores.
Fonte: YouTube
Matvei Grevtsov, estudante de uma escola de Tcheliabinsk, de 14 anos de idade, inspirou-se na queda de meteorito para criar uma solução para o problema global das fontes alternativas de energia. Durante o voo do corpo celeste, um fortíssimo fluxo de ar quebrou muitas janelas, e o jovem pensou que a enorme força de pressão do ar poderia ser usada para gerar energia elétrica. O projeto levou o adolescente até a final do concurso internacional do Google “Ciência em Ação”.
Perfume de meteorito
Nas primeiras semanas após a queda do torrão cósmico, diversos homens de negócios tomaram a iniciativa de registrar as marcas “Meteorito de Tcheliabinsk”, “Meteorito dos Urais”, “Meteorito de Tchebarkúl” e “Meteorito Enigmático”, e comerciantes decidiram fabricar produtos de panificação e confeitaria, artigos de escritório, café e chá com a imagem do bólido.
Um dos empresários de Tchebarkúl criou uma linha de perfumes inspirada no meteorito. As autoridades locais apoiaram a ideia e até ofereceram ao comerciante um pequeno fragmento do meteorito para a “extração” do cheiro. O homem queria preservar para toda eternidade um aroma que seria associado com a capacidade humana de ultrapassar qualquer tragédia natural. A embalagem do perfume é decorada com a imagem do lago em que caiu o meteorito.
Foto: Press Photo
O local de queda do fragmento espacial se transformou em ponto turístico. Se antes Tchebarkúl estava atraindo turistas na qualidade da “terra dos cossacos de Oremburgo”, hoje a cidade é destino do “turismo cósmico”. “Temos vários agendamentos de visitas guiadas de estrangeiros, tanto individuais como de grupos de até 48 pessoas. O maior interesse foi manifestado por japoneses; entretanto, da parte dos russos até hoje não se nota nenhuma vontade de encomendar uma excursão do gênero”, disse Marina Alekseeva, proprietária da agência de turismo Akbest Tour, em entrevista para a RIA Nóvosti.
Capital do meteorito
Funcionários do governo também foram envolvidos pela agitação em torno do asteróide. A administração da Unidade Federativa de Tcheliabinsk lançou suvenires em forma de meteoritos e entregou um requerimento para o Serviço Federal de Propriedade Intelectual (Rospatent) para registrar a marca “Tcheliabinsk, a Capital do Meteorito na Rússia”.
Na cidade de Tchebarkúl, em volta da qual os cientistas encontraram a maior quantidade de fragmentos do “intruso”, foi criada uma comissão para a “marcação meteorítica” da região. Andrêi Orlov, atual prefeito de Tchebarkúl, escreveu cinco dias após a queda do bólido: “Agora não devemos deixar escapar esta sorte, temos que fazer tudo como deve ser”.
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