Foto: Press Photo
Quando estava no quarto ano da universidade, Serguêi Mun, 28, passou a se interessar pelo campo da inteligência artificial, uma área da qual poucas pessoas se ocupam em Vladivostok. Na época, em 2007, o departamento no qual Serguêi estudava estava impregnado pela temática subaquática, então ele começou a dominar os sistemas de visão técnica para os robôs subaquáticos. Já no ano seguinte ele liderou uma equipe constituída por estudantes de duas universidades do Extremo Oriente cujo objetivo era participar de uma competição internacional de robótica nos EUA: a Marine Advanced Technology ROV Competition (http://www.marinetech.org/).
Anualmente, cerca de 600 equipes de todas as partes do globo, inclusive das mais prestigiadas universidades do mundo, tais como a Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), participam dessa competição.
Serguêi Mun Foto: Press Photo
Serguêi contou à Gazeta Russa que "a ideia dessa competição era que as equipes deveriam preparar, criar e desenvolver o seu próprio robô subaquático, medindo 50 x 60 x 70 centímetros, ou seja, do tamanho de uma televisão velha".
Em 2010, a equipe orientada por Serguêi obteve o primeiro lugar nessa competição. "Essa foi a primeira vitória da equipe russa. Em 2012, nós novamente ocupamos o 1º lugar. E não são muitas as equipes que venceram mais de uma vez", disse.
Os robôs de Primórie
A cidade de Vladivostok, capital do território litorâneo de Primórie, está imbuída do espírito de aventura e, é claro, da temática marinha. Portanto, não há nada de surpreendente no fato de a robótica na região ser ligada ao mar. Há alguns anos, Serguêi começou a trabalhar na Universidade Estatal Marítima de Vladivostok (http://old.msun.ru/en/), onde supervisiona uma equipe local de estudantes e se ocupa de seus próprios desenvolvimentos.
“Atualmente, a universidade está dedicando muita atenção para a robótica marinha. O desenvolvimento das rotas do mar do Norte é prioridade para ela. Em função das difíceis condições meteorológicas, não dá para passar sem os sistemas de veículos não tripulados. Os robôs serão insubstituíveis para a exploração geológica", afirma Serguêi.
Mas o trabalho na Universidade é apenas uma ocupação suplementar para o cientista, pois a sua atividade principal está relacionada ao seu empreendimento próprio, o Centro de Desenvolvimento da Robótica em Vladivostok (http://robocenter.org/).
O Centro de Desenvolvimento da Robótica foi criado em 2013, quando Serguêi Mun conheceu Dmítri Alekseev, diretor geral da fabricante de servidores DNS. Serguêi e Dmítri decidiram criar um novo centro de pesquisa para alunos de escolas e universidades da cidade, onde eles poderiam estudar utilizando kits para montar seu próprio projeto ou preparar-se para as competições.
O Centro de Desenvolvimento da Robótica já organizou com sucesso o primeiro RoboFest, competição anual de robótica, para os estudantes de Primórie, e o próximo será realizado em novembro ou dezembro de 2014.
Planos para o futuro
Anualmente, diversos eventos de vela são realizados em Vladivostok. Pensando nisso, Serguêi e seus colegas do Centro de Desenvolvimento da Robótica decidiram realizar, no início do outono, uma competição de veleiros-robôs para crianças e estudantes universitários.
As equipes devem projetar um barco à vela que tenha eficiência energética e possa funcionar com a ação do vento. Serguêi sempre incentiva a criatividade e a racionalidade do uso de materiais de sucata. Os participantes podem robotizar os veleiros para que eles realizem tarefas. Pode-se fazer com que o veleiro seja comandado por controle remoto ou colocar nele um computador que possa enviar dados para a praia e tomar decisões.
Serguêi encoraja seus alunos a pensar estrategicamente e a aplicar os princípios de eficiência econômica na construção dos robôs. Os participantes perdem pontos a cada mil rublos adicionais gastos, dessa forma Serguêi incentiva a criatividade.
"Nós podemos inventar e fazer algo bom na Rússia, mas para isso será necessário utilizar uma enorme quantidade de dinheiro, força, tempo e recursos humanos, e não estamos falando de eficácia", explicou.
Em maio de 2015, competições regionais de robótica subaquática serão realizadas em Vladivostok, que funcionarão como uma etapa antes das competições internacionais. Espera-se que equipes de estudantes universitários e de alunos do ensino fundamental da Rússia e de países asiáticos participem das competições.
Por que os robôs são necessários?
Serguêi não é um defensor fanático da robotização universal e das ideias utópicas sobre um futuro totalmente robotizado. "Na realidade sou partidário do desenvolvimento da personalidade, por isso eu me ocupo da pedagogia. Considero a robótica uma ferramenta de desenvolvimento e um método de compreensão integral das ciências técnicas. Atualmente é impossível criar um novo aparelho sem um software. Você ainda pode montar um ferro de passar roupa sem usar um software, mas de forma alguma pode fazer um carro novo," disse Serguêi.
"Em minha opinião, existem algumas razões para se ocupar da robótica", disse à Gazeta Russa Angelina Borovskaia, colega de Serguêi. “Em primeiro lugar, isso é especialmente útil para a própria pessoa, do ponto de vista do desenvolvimento de sistemas de pensamento, habilidades de trabalho em equipe etc. Em segundo lugar, apesar de eu não ter uma ideia clara sobre a evolução da robótica na Rússia, não nego a importância do desenvolvimento dessa área para a ciência e para a indústria. Em terceiro lugar, é simplesmente muito interessante, pois sempre é preciso aprender algo novo", enumerou.
Denis Mikhailov, pesquisador da Academia de Ciências Russa e especialista no campo de sistemas de navegação e processamento de informação sensorial é bastante otimista: "Atualmente, a robótica subaquática está se desenvolvendo de maneira intensiva no território de Primórie. No futuro, eu vejo perspectivas de desenvolvimento da robótica na aviação, na indústria, no dia a dia e em outros campos. Atualmente, o único obstáculo é a falta de especialistas nessa área”.
Mikhailov acredita que esse problema está começando a ser resolvido graças a Serguêi Mun. "Um número cada vez maior de alunos está começando a se interessar por robôs desde as séries iniciais. Penso que as tecnologias, que justamente podem ser aperfeiçoadas nos trabalhos de alunos menores e dos estudantes universitários, irão encontrar ampla aplicação no futuro."
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