Atualmente, o maior foguete russo em operação é o "Próton", com uma massa de carga útil de 23 toneladas no transporte para a órbita baixa e de 3,7 toneladas para a órbita geoestacionária Foto: AP
As aspirações espaciais russas foram definitivamente reorientadas para as expedições de longa distância.
Seus principais objetivos atualmente são, principalmente, a exploração da Lua em etapas, programa que foi deixado de lado por 40 anos, e, em um futuro distante, as missões tripuladas a Marte.
Para tanto, não há como deixar de lado a necessidade de lançadores pesados capazes de colocar na órbita da Terra centenas de toneladas de carga útil.
"Angara" e "Ienisei"
Para enviar expedições à Lua, é preciso criar veículos pesados de lançamento com capacidade de carga de 74 a 140 toneladas. Hoje, o mais potente foguete russo, intitulado “Proton”, coloca em órbita 23 toneladas.
"Para chegar até a Lua e voltar, são necessários dois lançamentos, ou seja, dois foguetes com capacidade de carga de 75 toneladas. Se a capacidade de carga do foguete for de menos de 75 toneladas, então até mesmo a exploração da Lua será algo absurdo”, explica Vitáli Lopota, presidente da corporação espacial nacional russa “Enérguia”.
Atualmente, o maior foguete russo em operação é o "Próton", com uma massa de carga útil de 23 toneladas no transporte para a órbita baixa e de 3,7 toneladas para a órbita geoestacionária.
Mas a Rússia também está desenvolvendo a família de foguetes “Angara”, com uma capacidade de carga que varia entre 1,5 e 35 toneladas. O foguete será lançado no início do verão, a partir do Cosmódromo de Plesetsk.
De acordo com o diretor da agência espacial federal russa Roscosmos, existem planos para a criação de uma versão pesada do foguete "Angara". Essa seria capaz de colocar em órbita baixa uma carga útil com massa de 25 toneladas.
Mas os indicadores não são suficientes para a implementação do programa de voos interplanetários e pesquisa do espaço profundo. Segundo o diretor da Roscosmos, Oleg Ostapenko, está sendo preparada uma proposta para o governo sobre o desenvolvimento de um foguete superpesado capaz de colocar em órbita baixa cargas com massa de mais de160 toneladas.
É difícil dizer em quanto tempo esses planos se tornariam em realidade. Mas a indústria nacional de foguetes já deu os primeiros passos na criação de um transporte espacial pesado.
No final dos anos 1980, foi criado o foguete "Enérguia", um veículo pesado movido a combustível líquido e capaz de colocar em órbita baixa uma carga útil pesando até 120 toneladas. Apesar de não ser possível falar sobre uma reativação completa desse programa por enquanto, os esboços dos projetos do lançador pesado com base no foguete "Enérguia" existem.
O novo foguete poderá utilizar a parte principal do "Enérguia", que são os RD-0120, motores de foguete de combustível líquido que funcionam muito bem. O projeto do foguete pesado utilizando esses motores está no Centro Espacial Khrunitchev, a organização especializada na produção do único lançador pesado da Rússia, o “Próton”.
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Rússia iniciará a colonização da Lua em 2030Esse projeto refere-se ao sistema de transporte “Ienissei-5", cujo desenvolvimento teve início ainda em 2008. O foguete, de 75 metros de comprimento, seria equipado com um primeiro nível com três motores de foguete Rd-0120 de oxigênio-hidrogênio.
Além das qualidades do “Ienisei”, há uma desvantagem significativa: suas dimensões. O principal encargo dos futuros lançamentos recairá sobre o Cosmódromo Vostotchni (Oriental), que está sendo construído no Extremo Oriente. Uma opção seria enviar para o espaço os futuros lançadores pesados e superpesados a partir de lá. Mas o diâmetro do primeiro nível do “Ienissei-5” de 4,1 metros, e não permite seu transporte por via férrea sem uma modernização da infraestrutura da estrada.
Os planos de desenvolver o foguete pesado russo são bastante otimistas. Em meados de maio, Oleg Ostapenko anunciou que o Programa Espacial Federal para 2016 a 2025 inclui um projeto de lançador superpesado com capacidade de carga de 70 a 80 toneladas. "O programa ainda não foi aprovado, está sendo formulado. Em um futuro próximo nós o divulgaremos”, disse o diretor da Roscosmos.
Vantagem e viabilidade
Os lançadores devem ser adequados para a realização de uma vasta gama de tarefas civis e militares. Eles devem ser não apenas mais potentes, mas também mais econômicos. A Rússia deve voltar sua atenção para a criação de um transporte espacial pesado reutilizável.
A transição dos lançadores de cargas úteis pesadas de uso único para lançadores reutilizáveis leva a uma redução significativa do volume de produção de equipamentos. A economia obtida é aproximadamente igual ao custo de sua criação.
O desenvolvimento do transporte espacial reutilizável começou ainda durante a era soviética: o Design Bureau Mikoian tinha dois projetos de espaçonaves suborbitais. No primeiro, haveria um avião impulsionador e, no segundo, o foguete “Soiuz” com um avião-foguete orbital. O sistema aeroespacial de dois níveis foi chamado de "Espiral" ou projeto "50/50".
O avião-foguete orbital foi lançado da parte de trás do potente porta mísseis Tu-95K, em uma grande altitude. Utilizando motores de foguete de combustível líquido, ele alcançava a órbita da Terra, realizava ali os trabalhos planejados e retornava à Terra, planando na atmosfera. O modelo em escala natural do avião-foguete realizou alguns voos.
Assim, a tecnologia aeroespacial reutilizável não é, absolutamente, algo novo para os designers nacionais. Mas, considerando o subsídio de programas para o aumento dos sistemas por satélite, comunicações interplanetárias e pesquisa do espaço profundo, é possível afirmar com segurança que é necessário criar veículos de lançamento reutilizáveis, incluindo lançadores pesados.
Publicado originalmente pelo vpk.ru
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