O BMP-1 foi peça-chave nos conflitos das décadas de 1970 e 1980 Foto: ITAR-TASS
Em novembro de 1967, durante o desfile que marcava o 50º aniversário da Revolução de Outubro de 1917, vários veículos militares desconhecidos ressoaram sobre os paralelepípedos da Praça Vermelha de Moscou para o grande entusiasmo dos espectadores.
Semelhante a um tanque leve, com seu corpo elegante e armamento robusto, o veículo de combate de infantaria BMP rapidamente se tornou símbolo de transporte e poder de fogo.
As armas nucleares, a rápida mecanização das forças terrestres e as crescentes manobras militares de grande escala na segunda metade do século 20 obrigaram os teóricos e projetistas a dar um impulso nas estruturas de combate da infantaria.
Os principais grupos beligerantes da Segunda Guerra Mundial haviam produzido desordenadamente novos veículos blindados como o sustentáculo da infantaria. Essas máquinas podiam proteger as tropas de pequenas armas de fogo e explosões de granada, mas, em geral, eram equipadas apenas com metralhadoras.
Com as forças inimigas munidas de tanques e armas antitanque, e com a probabilidade de operações de infantaria em áreas de contaminação radioativa e química, o clássico veículo transportador aberto não protegia os soldados nem oferecia apoio eficaz para abrir fogo.
Assim, o BMP-1 tinha tudo o que a infantaria soviética precisava. Carregando um destacamento de 11 homens com rifle, que saíam do veículo através de uma porta traseira, apresentava uma configuração prestes a ser copiada em veículos de infantaria no mundo inteiro.
O principal recurso do BMP-1 era o seu armamento, muito mais mortal do que os projetos rivais. A torreta carregava a nova arma semiautomática sem estrias 2A28 Grom “Thunder”, de 73 milímetros. Com ciclo de disparo assistido por foguetes PG-9 e alcance de 1.300 metros, o canhão era capaz de derrubar os principais tanques de batalha dos membros da Otan, como o M60 (EUA), o Leopard (Alemanha Ocidental), o AMX-30B (França) e o Chieftain (Reino Unido).
O veículo também carregava mísseis antitanque 9K11 Malyutka (“Baby”), controlados por rádio, que tinham alcance de três quilômetros e podiam destruir veículos blindados e fortificações.
Foto: wikipedia.org
O BMP poderia sofre um ataque, assim como promover um. Oferecendo proteção completa contra os projéteis perfurantes de 7,62 milímetros, o casco frontal tinha capacidade para suportar disparos automáticos de 23 milímetros. Paralelamente, o sistema de filtragem de ar protegia a tripulação de contaminação radioativa ou química, e o BMP atuava também como anfíbio, impulsionado através da água a até 7 km/h.
Combinando esses recursos em um veículo, ele permitia à infantaria atacar por trás tanques que estavam ao abrigo de sua própria estrutura. Veículos de combate de infantaria semelhantes apareceram em outros Exércitos e se um item integral dessas forças.
Mundo afora
O batismo de fogo do BMP-1 aconteceu na Guerra do Yom Kippur, em 1973, quando o Egito e a Síria já tinham várias centenas de unidades do modelo. Por causa da má formação tática das forças de coalizão árabes, no entanto, era amplamente usado como os portadores da velha guarda, já que as tropas não sabiam como descer perto do inimigo ou avançar em conjunto com os tanques.
Na Guerra do Líbano, em 1982, a infantaria mecanizada da Síria usou o BMP-1 com melhor efeito. Em uma famosa emboscada, o comandante do pelotão de inteligência Mazin Fauri usou seu veículo Grom para destruir um tanque israelense M60A1 e, em seguida, nocautear um tanque Merkava Mk. Mais tarde, ele também usou os veículos para alcançar e capturar dois pilotos israelenses lançados para fora, após o caça Phantom F-4C ser derrubado.
Desde então, o BMP-1 já esteve em ação em dezenas de guerras e conflitos, inclusive em ambos os lados na guerra Irã-Iraque, entre 1980 e 1988. Ele provou ser um veículo confiável e fácil de usar, embora tenha apresentado algumas deficiências significativas.
Os veteranos soviéticos e russos que participaram dos conflitos no Afeganistão e na Tchetchênia ressaltaram, por exemplo, a falta de blindagem lateral e a baixa eficiência do armamento do veículo em condições de montanha.
Mesmo assim, mais de 20.000 unidades foram construídas e utilizadas por cerca de 50 países, fazendo com que o BMP-1 se tornasse um verdadeiro “veterano” em termos de equipamento militar.
Hoje em dia, já foi ultrapassado por projetos mais rápidos e com proteção reforçada, mas não se pode esquecer que foi justamente o BMP que abriu o caminho para o desenvolvimento de tais máquinas.
Iúri Ossókin é especialista em Política Externa russa do início do século 20.
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