As ogivas nucleares sempre representaram grande dificuldade Foto: ITAR-TASS
Há muito ressoam declarações públicas de que Kiev deve sair do regime de não-proliferação de tecnologia de mísseis e armas nucleares e recuperar o status de potência nuclear.
Após o colapso da URSS, ainda havia armamento nuclear estacionado nos territórios independentes da Bielorússia e da Ucrânia. Minsk e Kiev concordaram quase imediatamente em transferir os arsenais para a Rússia.
Dada a situação instável da política interna desses países, responsabilizar-se por tal armamento perante a comunidade internacional era uma tarefa perigosa. Em 5 de dezembro de 1994, o governo da Ucrânia assinou em Budapeste um memorando confirmando não ser uma potência atômica.
Mas, 15 anos depois, em 28 de agosto de 2009 o Conselho Regional de Ternópil escreveu ao então presidente da Ucrânia, Víktor Iúshchenko, à primeira-ministra, Iúlia Timoshenko, e ao presidente do Conselho Superior da Ucrânia, Vladímir Litvin, pedindo que a Ucrânia voltasse a ser uma potência nuclear e quebrasse o Tratado de Budapeste.
Seu pedido não foi cumprido, mas a ambição foi retomada. Há rumores, ainda, de que uma parte do arsenal de ogivas nucleares da Rússia foi deixado em território ucraniano.
Um processo longo, caro e difícil
As ogivas nucleares sempre representaram grande dificuldade, até mesmo para os militares das Forças Nucleares do Exército Vermelho e para os agentes da KGB responsáveis pelas operações logísticas relacionadas com armas atômicas: o conhecimento sobre sua construção sempre foi muito limitado.
E, para que a Ucrânia possua o status de potência atômica, é necessário que desenvolva seu próprio complexo de armas nucleares. Essa não é uma tarefa fácil e barata.
No entanto, há o perigo de que a Ucrânia transfira tecnologias de mísseis nucleares para outros países.
O mais poderoso míssil balístico intercontinental do mundo, o R-36M2 Voevoda, batizado pela Otan de SS-18 Satan, é projetado e construído em Dnepropetrovsk, na Ucrânia, pela fábrica Iújnoe.
Toda a documentação referente à fabricação fica armazenada lá até hoje. Recentemente, a imprensa veiculou que representantes da Iújnoe teriam tido reuniões secretas na Turquia com possíveis parceiros comerciais. Já em Dnepropetrovsk, a empresa anunciou oficialmente estar em conversação com a China.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia tomou uma posição rígida a respeito da questão, chamando a atenção para notícias de que a fábrica Iujmash procurava vender tecnologia de produção de mísseis balísticos intercontinentais pesados da classe Satan para outros países.
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Nesse contexto, é necessário observar que a Ucrânia, como membro do MTCR (da sigla em inglês, Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis) e signatária do HCOC (Código de Conduta de Haia contra a Proliferação de Mísseis Balísticos), possui compromissos políticos importantes.
O caso porém, seria mais preocupante para os Estados Unidos, já que, para sair da crise, os ucranianos poderiam transferir toda a tecnologia e documentação necessária para a construção de mísseis aos chineses em troca de um crédito de alguns bilhões de dólares.
Com o anúncio das novas autoridades ucranianas de que há intenção de interromper a cooperação técnico-militar com a Rússia, a situação fica ainda mais delicada. Os profissionais dessa área poderiam vender seus conhecimentos à China, ao Irã e até mesmo à Coreia do Norte, caso acabem desempregados na terra natal.
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