Poluição da órbita impõe mais riscos do que sua militarização

Atualmente, para evitar colisões com detritos perigosos, é preciso frequentemente desviar os satélites Foto: wikipedia / jwmissel

Atualmente, para evitar colisões com detritos perigosos, é preciso frequentemente desviar os satélites Foto: wikipedia / jwmissel

Cientistas temem que órbita terrestre geoestacionária possa ser inutilizada dentro de 20 anos se detritos não forem coletados. Para evitar problemas futuros e maiores gastos, especialistas russos e americanos estão avaliando projeto de satélite que deverá procurar destroços e vaporizá-los com raio laser.

“Hoje em dia, a ameaça principal para o cosmos é a poluição do espaço em torno da Terra e o aumento da possibilidade de colisão de satélites, além dos perigos da corrida armamentista, queda de asteroides e cometas”, disse o vice-diretor da agência especial russa Roscosmos, Serguêi Saveliev, durante uma recente conferência  internacional exploração espacial nos Estados Unidos.

De acordo com o último relatório trimestral da agência espacial norte-americana Nasa, encontram-se em órbita mais de 16 mil satélites e estágios de foguetes, além de quase 13 mil detritos. Responsável por 4.737 fragmentos, a Rússia ocupa o primeiro lugar em termos de quantidade de detritos em órbita, seguidas pelos Estados Unidos (3.787 objetos) e China (3.609 detritos).

O tamanho dos fragmentos, ou lixo espacial, que estão na órbita da Terra variam de micropartículas até a dimensão de um ônibus escolar. Os maiores pedaços podem atingir até 6 toneladas, e todos esses objetos voam no espaço em órbitas e velocidades diferentes: de 10.000 a 25.000 quilômetros por hora.

“Hoje em dia há uma situação paradoxal. Se a humanidade lançar mais dispositivos, menos utilidade haverá. Naves e aparelhos espaciais se quebram cada ano com mais frequência, em resultado, a quantidade de lixo na órbita da Terra se aumenta por 4% cada ano”, explica Aleksandr Bagrov, cientista do Instituto Nacional de Pesquisa Astronômica da Academia de Ciências da Rússia.

Se nas órbitas de até 400 km, os níveis superiores conseguem “segurar” o lixo que em algum momento cairá na terra, na órbita geoestacionária (em torno de 36.000 km), o lixo pode ficar suspenso durante um período ainda mais longo.

Satélites sob ameaça 

Durante uma reunião em março de 2013, o então chefe da Roscosmos, Vladímir Popóvkin, descreveu em detalhes o perigo causado por lixo espacial para os satélites em órbita estacionária. “Se em um futuro próximo a comunidade internacional não tomar medidas para proteger as naves espaciais, a órbita será poluída a ponto de não poder ser usada para seus fins dentro de 20 anos”, adiantou.

O valioso recurso representado pela órbita geoestacionária da Terra, onde atualmente está instalada a maioria dos aparelhos espaciais, inclusive satélites básicos de comunicação e para sistemas de alerta antimísseis, pode ser completamente destruído. “Mesmo interrompendo todos os lançamentos da Terra, o processo de envelhecimento e destruição dos aparelhos cósmicos na órbita geoestacionária continuará”, acrescentou Popóvkin.

Atualmente, para evitar colisões com detritos perigosos, é preciso frequentemente desviar os satélites, levando ao gato excessivo de combustível e ao encurtamento do período de funcionamento desses instrumentos. Os operadores europeus de satélite já perdem em torno de 140 milhões de euros por ano por causa do lixo cósmico e, na próxima década, essa cifra pode atingir 210 milhões de euro ao ano.

Faxina atrasada 

A comunidade científica internacional acredita que, levando em conta o nível atual de desenvolvimento tecnológico, não há medidas eficazes de destruição do lixo espacial em órbitas de mais de 600 km de altitude, onde a limpeza é ineficaz por causa do atrito da atmosfera.

Até agora, a única maneira de se livrar dos aparelhos cósmicos antigos seria sua retirada até os níveis orbitais mais altos. Ali poderiam ficar indefinidamente ou seu desgaste permaneceria controlado na atmosfera. Especialistas russos e americanos também estão analisando um projeto de satélite que deverá procurar os destroços e vaporizá-los com um raio laser intenso ou coletá-los para processamento posterior.

 

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