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Custo do produto final pode ser reduzido em 20%, além de melhorar controle sobre pragas Foto: Shutterstock.com
Em setembro passado, o primeiro-ministro Dmítri Medvedev assinou um decreto que introduz o registro de organismos geneticamente modificados (OGM) a partir de junho de 2014. O documento também define a ordem do processo de registro e oferece a oportunidade de realizar testes para comprovar a segurança de tais colheitas.
Pela lei, ainda é proibido importar grãos geneticamente modificados para a Rússia. Mas, na prática, os OGM foram disseminados há muito tempo. “É praticamente impossível descobrir se uma semente é ou não geneticamente modificada sem passar testes laboratoriais”, explica o presidente da Ambik Agro, Mikhail Orlov. “Por isso, os agricultores compram aquilo que trará mais lucro.”
De acordo com a União Russa de Cereais (URC), só as plantações de soja e de milho geneticamente modificadas já ocupam 400 mil hectares no território russo. O Greenpeace, que se opõe fortemente ao uso de OGM, também descobriu recentemente que 16 fabricantes nacionais contém organismos geneticamente modificados em seus alimentos.
No mundo inteiro, são mais de 130 milhões de hectares de terra ocupados com plantações de variedades transgênicas. Por serem mais resistentes, essas plantações estão sendo analisadas por muitos produtores agrícolas russos, como é o caso do principal engenheiro agrônomo da empresa agrícola da Mordóvia “Talin”, Oleg Bukin.
Os OGM mais promissores são a soja, o milho e a beterraba. As sementes são 1,5 vezes mais caras do que as convencionais, mas o custo do produto final pode ser reduzido em 20%.
“Para os agricultores, a introdução de culturas GM será uma oportunidade para plantar mais com o mesmo custo”, diz Bukin, acrescentando que esse tipo de culturas reduz o uso de pesticidas, melhora o controle sobre as plantas daninhas, as pragas e as doenças.
O decreto governamental também pode estimular a produção de novas sementes geneticamente modificadas. Testes para criação de variedades transgênicas de grãos já estão sendo realizados pelo Centro de Bioengenharia e pelo Instituto de Biologia do Desenvolvimento do Gene, entre outras instituições científicas russas.
Apesar de o registro de sementes transgênicas ser permitido a partir de junho, o processo na Rússia pode demorar vários anos. “Por enquanto, ainda não está claro qual será o mecanismo de verificação da biossegurança dos produtos geneticamente modificados e, por isso, não é de se esperar o seu cultivo antes de 2017 ou 2018”, adianta Serguêi Gontcharov, gerente de portfólio de cereais da Syngenta AG.
Contra OGM (e OMC)
Diversas organizações públicas que se opõem às sementes GM já entraram com recursos junto ao Supremo Tribunal Federal contra o decreto do governo. A preocupação não gira em torno apenas da saúde dos consumidores, mas os especialistas temem que, com o advento dos transgênicos, o mercado interno seja inundado por produtos estrangeiros e diferentes substâncias para proteção das culturas.
“Os fabricantes ficam reféns da compra anual das sementes e dos pesticidas das mesmas empresas estrangeiras, já que essas culturas são dependentes do processamento de substâncias específicas”, explica a diretora para relações externas da União de Agricultura Biológica, Anna Liubovedskaia. “À medida que os parasitas forem se acostumando aos produtos agrotóxicos, novos pesticidas serão precisos”, continua.
As reivindicações desses órgãos podem, contudo, entrar em conflito com as regras estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), da qual a Rússia se tornou membro no ano passado. Afinal, a tentativa de bloquear a importação de sementes GM é considerada uma “barreira comercial injusta”.
Quando a Bolívia anunciou a proibição de OGM em 2001, os Estados Unidos e a Argentina ameaçaram o país com o tribunal da OMC e as autoridades bolivianas tiveram que voltar atrás. No mesmo ano, a China também enfrentou a ameaça de processo por obrigar que os rótulos especificassem a presença de OGM.
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