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Proposta é atualizar completamente o Glonass até 2021 Foto: wikipedia.org
Ria Nóvosti: Que falta faz o Glonass se o mundo inteiro usa GPS?
Aleksandr Gurko: Os sinais tanto do Glonass como do GPS são igualmente capazes de definir a localização exata de algum ponto no mapa. Mas a situação muda ao usar o equipamento que recebe e processa sinais de ambos os sistemas. Nesse caso, o usuário obtém um ganho significativo em velocidade de definição das coordenadas e confiabilidade.
O operador do sistema de navegação, que no GPS continua sendo o Pentágono, tem a possibilidade de desativar o sinal civil para determinada região ou limitá-lo. Essa função é suportada pela nova geração de satélites do sistema americano. É por isso que, nesse caso, a dependência tecnológica no campo da navegação por satélite fica apenas a um passo da dependência econômica, política e militar.
A infraestrutura utilizada em todo o mundo, e na qual se baseia uma parte importante da economia nacional, não deve depender de um único país. Na Rússia, o sistema duplo de navegação Glonass/GPS é o adotado como padrão nacional, isto é, é obrigatório para todas as aplicações estatais e garante a segurança pública.
RN: O governo russo diz que o Glonass é a única alternativa ao GPS. Isso é verdade?
AG: Nos dias de hoje, sim, é verdade. Mas dentro de três ou quatro anos a situação mudará. O sistema chinês BeiDou trabalha agora como um sistema regional, complementando os sistemas globais Glonass e GPS na região da Ásia e do Pacífico. A União Europeia já começou a implantar o seu sistema Galileo. Em poucos anos esses dois sistemas estarão implementados em nível global.
Os pioneiros vão sofrer com a concorrência. Acontece que os sistemas GPS e Glonass foram criados na década de 1970 e não levaram em conta os mais recentes avanços tecnológicos, apesar das dispendiosas atualizações. O Galileo e o BeiDou, pelo contrário, foram projetados décadas mais tarde, permitindo a implementação de soluções mais modernas e tecnicamente avançadas.
Presidente do Glonass, Aleksandr Gurko Foto: RIA Nóvosti
RN: E o que você tem a dizer sobre as declarações de que o GPS é bem mais exato do que o Glonass?
AG: Atualmente, a localização exata do usuário do Glonass fica em média um pouco atrás do GPS. Se o receptor de GPS permite, teoricamente, determinar a localização em campo aberto com um erro máximo de 3 a 4 metros, o erro do Glonass pode chegar a 10 metros.
Na prática, essa diferença teórica não é importante por duas razões. A primeira é que simplesmente não existem receptores de navegação que suportem apenas Glonass, sem GPS. A segunda é que o dispositivo normalmente processa os dados e oferece um resultado mediado. Por exemplo, se o carro segue ao longo de uma estrada absolutamente reta, a sua trajetória real surgiria como uma linha curva, cheia de desvios caóticos, já que o carro não se mantém sempre na mesma faixa. O software do navegador encaixa essa linha no gráfico de estradas do mapa digital e o resultado na tela é uma linha reta, como a estrada de verdade.
RN: Como aumentar o grau de precisão do Glonass?
AG: O grau de precisão pode ser apurado com a ajuda de infraestrutura satélite e terrestre. Atualmente, a Rússia está em fase de criação de um sistema de correção diferencial de área ampla (SDKM). As correções no SDKM serão transmitidas através do canal satélite de localização (o “Lutch”), a partir dos satélites localizados em órbita geoestacionária.
A precisão de definição de posicionamento melhora até às unidades decimétricas, mas os equipamentos dos usuários devem ter modems especiais, capazes de captar esse sinal de satélite. Existe uma alternativa sem satélite, mas que requer cerca de trezentas estações rádio base para correção diferencial. Essa variante pode proporcionar mais precisão milimétrica a um custo significativamente menor.
Publicado originalmente pela agência de notícias RIA Nóvosti
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