Diretor da Roscosmos anuncia revisão de política espacial

Anagara Foto: wikipedia.org

Anagara Foto: wikipedia.org

Oleg Ostapenko acredita que o maior projeto espacial da Rússia dos últimos dez anos é um beco sem saída.

O novo diretor-geral da agência espacial russa (Roscosmos), Oleg Ostapenko, sugeriu reconsiderar o documento intitulado “Bases da política na esfera da atividade espacial no período até 2030”, que determina as principais prioridades da política espacial para os próximos anos. Além da intenção de reconsiderar as tarefas futuras, está planejada a revisão dos projetos já em andamento, em especial a criação do novo veículo lançador Angará.

“Estudo o Angará desde o início, em 1994, e acredito que trata-se de um beco sem saída para o desenvolvimento ulterior do país nessa esfera”, disse Ostapenko em reunião recente. “Não vamos gastar dinheiro em nada e hesitar em tomar decisões esperando por um possível resultado, é preciso tomar uma posição ativa.”

O Centro Khrunichev, responsável pela produção do Angará, mantém o seu custo em segredo, mas, pelo valor de encomenda de motores para o veículo (250 milhões de rublos), pode-se supor que o conjunto de motores para o Angará pesado de primeira classe custa 1,25 bilhão de rublos. Considerando o preço dos propulsores, o preço de custo para lançamento de carga útil com Angará hoje estaria, com certeza, além dos $100 milhões.

“No momento, os trabalhos de criação da linha de foguetes Angará, do leve ao pesado, continuam. Planejamos fazer o primeiro lançamento do foguete leve no próximo verão”, anunciou Ostapenko. “Mas depois vem a questão sobre a criação do novo veículo lançador superpesado, inclusive para a missão tripulada à Lua. E aqui o Angará levanta muitas questões.”

Inicialmente, o Angará foi concebido para reduzir o preço de custo do lançamento. Para tanto, surgiu a ideia dos foguetes modulares que se utilizam nele, que podem ser utilizados em foguetes de várias classes.

“Todos sabiam, entretanto, que é impossível criar foguetes leve, médio e pesado com base num só projeto. A concepção unificada de criação do Angará foi um compromisso destinado a reduzir do preço de elaboração, produção e funcionamento do produto. Mas aconteceu um paradoxo: o foguete ficou mais caro que o Proton, e o motor RD-191 feito para o Angará saiu mais caro e não tão efetivo quanto o seu predecessor RD-180”, explica Andrei Ionin, membro-correspondente da Academia Russa de Cosmonáutica Tsiolokvski.

“Agora temos que terminar o Angará, apesar de sabermos que esse foguete não tem destino comercial”, continua Ionin. “Não se pode abandonar o projeto, porque isso, simplesmente, desmoralizaria o setor. Lançaremos ele três vezes por ano, ainda que custe cerca de $130 milhões.”

Ainda de acordo com Ostapenko, a RKK Energia e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologias Espaciais Progress estão preparando propostas sobre um foguete lançador da classe superpesada, no qual o Angará está sendo analisado como uma das possibilidades.

 

Publicado originalmente pelo Izvéstia

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