Semana celebra o centenário da aviação nacional e o princípio da noção de aviação militar no país Foto: Photoshot / VostockPhoto
Na manhã de 20 de julho de 1882, uma estranha engenhoca que consistia de uma estrutura de 15 metro de comprimento sobre rodas foi levada ao campo de instrução da Escola de Cavalaria, perto de São Petersburgo. Um homem entrou na cabine do aparelho, depois disso no ventre da máquina começaram a chiar motores a vapor. A máquina começou a ganhar velocidade e, após alguns segundos, alçou voo, chegando a uma altura de 11 metros. Após ter voado por cerca de 100 metros, o aparelho aterrissou. Foi assim que se passou o primeiro teste do aparelho de combate voador que foi construído por encomenda do Ministério da Guerra do Império Russo.
Naquela época, a máquina de Mojaiski não tinha análogos. No Ocidente, a própria ideia da criação de uma aviação de combate com base em aparelhos mais pesados do que o ar parecia tão incrível que quando a imprensa inglesa publicou os desenhos do avião construído na Rússia, muitos os consideraram como sendo um falso boato sensacionalista do jornal.
Devido à lentidão da burocracia russa, os concorrentes europeus e americanos dos aviadores russos conseguiram ganhar vantagem em duas décadas. Somente no início do século 20, quando se tornou óbvio que o resultado das futuras batalhas seria determinado pela aviação, as autoridades deram luz verde para a introdução dos novos desenvolvimentos nessa área.
Entre 1908 e 1912, o designer russo Iakov Gakkel criou o primeiro avião com motor a gasolina, com base na estrutura de Mojaiski. A máquina desenvolvia uma velocidade recorde e subia até uma altura de 500 metros. O avião de Gakkel foi reconhecido como o melhor no concurso de 1911, durante o qual o governo do tsar selecionou os aviões para as Forças Aéreas recém-criadas.
Na mesma época, o aviador Porokhovschikov desenvolveu o primeiro avião que se destinava ao uso puramente militar, o Bi-Coq 2, que, ao contrário dos análogos ocidentais destinados apenas aos voos de reconhecimento, possuía o corpo blindado, podia levantar mais de 200 kg de bombas e transportava algumas metralhadoras.
A máquina, que desenvolvia uma velocidade de até 100 km/h, estava em pé de igualdade com os mais recentes análogos alemãs e francesas. No entanto, o próximo desenvolvimento dos construtores de aeronaves russos já superou em um patamar tudo o que existia a serviço dos outros países. Em 1913, o “Russki Vitiaz” (guerreiro valente), um avião de muitos motores que se tornou único para a sua época, desceu da esteira de transporte. Graças à força de propulsão dos vários motores, a nova máquina era capaz de transportar até 1 tonelada de carga.
No final de 1913, com base no “Vitiaz”, foi construído o bombardeiro “Iliá Muromets" (guerreiro lendário russo), sob a direção de I. I. Sikorski. Em tamanho e capacidade de carga ele era um recorde absoluto de seu tempo. Um gigante com uma envergadura de mais de 30 metros e um peso máximo de 5 toneladas, que subia a uma altura de mais de 3 km e levava a bordo mais de 2 toneladas de carga.
Os aviões “Iliá Muromets”, precursores da moderna aviação estratégica, tornaram-se a espinha dorsal da aviação de bombardeio da frota aérea Imperial Russa, criada por um Decreto de Nicolau II, em 1912. Durante a primeira guerra mundial, os aviões “Muromets”, mais de uma vez, aterrorizaram o inimigo. A aviação alemã tinha pouca coisa que poderia se contrapor a ele. Das 60 máquinas russas usadas no front em 1914-1918, apenas uma foi abatida diretamente pelos caças. Sendo que os aviões “Muromets” lançaram cerca de 65 toneladas de bombas sobre o inimigo e destruíram 12 aviões alemães.
O ponto fraco da aviação russa não foi a qualidade dos aviões nem alguma deficiência na formação dos pilotos. A indústria nacional não tinha capacidade suficiente para suprir totalmente as tropas com os novos equipamentos. Apesar de ter o seu próprio setor de desenvolvimento de aviões bastante avançado, a Rússia foi forçada a adquirir aeronaves dos franceses durante a guerra. Com o advento da catástrofe militar de 1917-1918, a aviação russa entrou em decadência.
Na Rússia Soviética, o “Muromets” foi transformado em um avião de passageiros e o criador do lendário bombardeiro, I. I. Sikorski emigrou para os EUA, onde ele se tornou um dos fundadores da indústria americana de construção de helicópteros e aviões. No entanto, a experiência acumulada não se perdeu à toa. O design do "Iliá Muromets" constituiu a base de todas as aeronaves militares pesadas criadas na Rússia e no Ocidente.
1. Iliá Muromets
Foto: ITAR-TASS
Biplano quadrimotor, todo de madeira, projetado por Sikorski, foi produzido na Rússia de 1913 a 1918. A tripulação consistia de 4-7 pessoas (dependendo da variante). Na Primeira Guerra Mundial foi usado como bombardeiro, lançava bombas com peso de 80 a 240 kg. No decorrer da guerra as tropas receberam 60 máquinas. O esquadrão realizou 400 missões de combate, lançou de 65 toneladas de bombas e destruiu 12 caças inimigos. Sendo que, ao longo de toda a guerra, apenas uma aeronave foi diretamente abatida por caças inimigos (ela foi atacada por 20 aviões de uma só vez) e três foram atingidas. Foi mantido em operação até 1920.
2. TB-3.
Foto: ITAR-TASS
Abreviatura de "Tiajioli Bombardirovschik” (Bombardeiro pesado), título do bombardeiro soviético. Realizou o primeiro voo em 1930. O TB-3 era um avião todo metálico, em duralumínio. Apesar do fato de que, no início da segunda guerra mundial, moralmente, esses aviões estavam obsoletos, eles foram usados ativamente como bombardeiros noturnos e como aviões de carga e ataque.
3. DB-3 (IL-4).
Foto: ITAR-TASS
Bombardeiro bimotor de longo alcance, desenvolvido sob a liderança do designer S.V. Ilyushin. Durante a Segunda Guerra Mundial esses aviões foram a base dos bombardeiros soviéticos de longo alcance. O avião podia transportar até 2500 kg de bombas. Em 22 de junho de 1941 havia 1122 aviões DB-3 e DB-3F nos Distritos Militares Ocidentais da União Soviética, integrando os regimentos da aviação de longo alcance (a sigla em russo é ADD), 906 deles prontos para o combate. Isso constituía 84% da frota de aviões total da ADD.
4. Pe-8.
Foto: RIA Nóvosti
Bombardeiro soviético pesado, quadrimotor, de longo alcance (por vezes classificado como estratégico), da época da Segunda Guerra Mundial. O primeiro ataque sobre Berlim com aviões Pe-8 foi realizado a 10 de agosto de 1941 e em 29 de abril de 1943, foi lançada pela primeira vez sobre Kënigsberg uma bomba de 5000 quilos Fab-5000NG (PE-8 foi o primeiro avião dos aliados que transportou uma bomba de 5000 kg). Em 19 de maio de 1942, o Pe-8 transportou uma delegação soviética liderada por V. M. Molotov, para negociações na Grã-Bretanha, conseguindo atravessar o espaço aéreo da Europa ocupada.
5. 3M.
Foto: ITAR-TASS
Bombardeiro estratégico soviético desenvolvido pelo Design Bureau Experimental “Miasishchev” (o OKB, sigla em russo, foi um dos principais Departamentos de desenvolvimento de design aeroespacial da URSS). Realizou o seu primeiro voo em 1956. Os aviões 3M foram considerados como a principal força de ataque da aviação de longo alcance até a entrada em serviço dos bombardeiros portadores de mísseis. O avião carregava em seus compartimentos especiais bombas atômicas da classe de 10 megatons. Desde 1964 o avião começou a ser utilizado para detectar grupos de ataque de porta-aviões dos EUA. Estes bombardeiros serviram a Rússia durante 40 anos.
6. Tu-22
Foto: RIA Nóvosti
Bombardeiro ultrassônico de longo alcance soviético projetado pelo Design Bureau Tupolev. Realizou o primeiro voo em 1958. O Tu-22 era aparelhado com um equipamento de bordo perfeito para a sua época, possuía assentos ejetáveis e podia ser reabastecido em pleno ar. O Tu-22 operou na aviação de longo alcance russa, até 1994.
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