Kremlin aposta em defesa não nuclear

Meios de destruição de alta precisão dos EUA podem, em poucas horas, destruir até 90% do potencial nuclear estratégico da Rússia Foto: Alamy/Legion Media

Meios de destruição de alta precisão dos EUA podem, em poucas horas, destruir até 90% do potencial nuclear estratégico da Rússia Foto: Alamy/Legion Media

Segundo autoridades russas, armas de alta precisão representam atualmente alternativa ao poderio nuclear.

A modernização do potencial nuclear estratégico da Rússia continua a ser prioridade no desenvolvimento das forças armadas. As últimas declarações da liderança político-militar do país indicam que, além da estratégia nuclear, é necessário considerar a produção de armas de alta precisão para cumprir as tarefas estratégicas.

“Em 2014 devem chegar às forças armadas mais de 40 mísseis balísticos intercontinentais dos mais avançados. A composição do grupo orbital se completará com seis novos satélites”, declarou o presidente Vladímir Pútin em reunião no Ministério da Defesa.

Também foi anunciada a conclusão iminente dos trabalhos para criação do sistema de defesa antiaérea de quinta geração C-500, que pode cumprir as tarefas de defesa antimíssil. Em 2014, começarão os testes complexos com o sistema.

No fim de novembro, o presidente estabeleceu uma série de reuniões com um grupo de comandantes das forças armadas e representantes da indústria defesa. Em meio a multidimensionalidade dos problemas apreciados nas reuniões, o principal tema de discussão foi a modernização das forças de contenção nuclear.

Pútin destacou a decisão de construir não só foguetes de combustível sólido, mas também mísseis pesados de combustível líquido, os quais devem substituir os sistemas que estão nas forças armadas já há 20 anos. “Eles não devem ser só potentes, mas também modernos do ponto de vista de superação de quaisquer sistemas de defesa antimíssil de hoje e do futuro.”

As autoridades entendem, entretanto, que as armas atuais de alta precisão são hoje uma alternativa à arma nuclear. Em comparação com o ano passado, o volume de produção de armas de alta precisão na Rússia dobrou, e em 2014 crescerá 3,5 vezes.

Além disso, dados de especialistas americanos, citados há alguns meses atrás pelo representante da Comissão Militar-Industrial, Dmítri Rogózin, mostram que os meios de destruição de alta precisão dos EUA podem, em poucas horas, destruir de 80 a 90% do potencial nuclear estratégico da Rússia.

Na cola dos EUA

A atual abordagem da estratégia de defesa tem outro lado: as dificuldades do processo de negociações futuras sobre a redução de armas estratégicas. Agora é necessário não só chegar a um consenso sobre a defesa antimíssil, mas também considerar os mais novos sistemas não nucleares de ataque de longo alcance.

Para um primeiro ataque efetivo com objetivo de destruir os meios nucleares do inimigo é necessário empregar pelo menos algumas centenas de armas de alta precisão. Entretanto, sua inclusão no teto do Tratado de Redução de Armas nucleares reduz sensivelmente a escala de sua implantação.

Especialistas acreditam que acordar medidas de confiança e restrição de tal natureza aplicáveis à moderna arma de alta precisão, por exemplo, mísseis de cruzeiro e mísseis hipersônicos do futuro, é muito mais difícil, mas não impossível.

Há um precedente no novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas de 2010. Os mísseis balísticos estratégicos são restritos pelo teto do Tratado independentemente da classe de suas ogivas – nuclear ou comum.

Por enquanto, ao que tudo indica, a ameaça de tais meios de ataque faz com que Moscou reaja negativamente às propostas dos EUA subsequentes ao tratado em continuar a redução das armas nucleares e restringir as armas nucleares táticas.

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