Primeira empresa espacial privada russa investe em satélites de pequeno porte

Dauria Aerospace pretende construir satélites baratos com um preço de até US$ 10 milhões Foto: Press Photo

Dauria Aerospace pretende construir satélites baratos com um preço de até US$ 10 milhões Foto: Press Photo

Em outubro passado, a I2BF Global Ventures investiu US$ 20 milhões na primeira empresa espacial privada russa, a Dauria Aerospace. Apesar de a transação não ter ganhado tanta repercussão na imprensa internacional quanto a criação das empresas SpaceX e Virgin Galactic no início dos anos 2000, a Dauria se apresenta como pioneira nas áreas do setor aeroespacial geralmente ignoradas pelos programas espaciais federais.

“A Agência  Espacial Russa [Roscosmos] tem focado tradicionalmente nos serviços com baixas margens de lucro, como lançamento, manutenção técnica e colocação de satélites em órbita, ignorando, de fato, o mercado de serviços com altas margens de lucro explorado pelas empresas privadas”, diz o diretor de desenvolvimento de negócios da Frost & Sullivan na Rússia, Aleksêi Volostnov.

A Dauria pretende construir satélites baratos com um preço de até US$ 10 milhões. “Desse modo, a empresa conseguirá amortizar quase de imediato os gastos com sua construção”, afirma Mikhail Kokoritch, fundador da empresa e ex-proprietário de algumas das maiores redes varejistas do país.

A expectativa a curto prazo é lançar quatro satélites, dos quais dois, o Saggita e o Perseus, já no ano que vem. Os outros dois, o Pyxis e o Auriga, partirão para o espaço entre 2015 e 2017.

Kokoritch não teme a concorrência com as empresas estatais russas, porque o país tem uma constelação de satélites pequena. “Tirando os satélites meteorológicos com alta resolução, a Rússia tem apenas dois satélites civis. Nossos veículos tiram fotografias de toda a Terra com uma resolução mais baixa, permitindo obter uma imagem necessária. O Estado nunca vai construir tais satélites”, justifica o empresário.

De acordo com o diretor do departamento de monitoramento via satélite do grupo Arkan, Andrei Milovanov. enquanto o setor espacial russo tentava sobreviver, o mundo inteiro modernizava a tecnologia de construção de satélites, desenvolvendo o segmento de satélites de baixo custo e pequeno porte.

“Até hoje, em 95% dos casos, as autoridades russas utilizam veículos estrangeiros para obter imagens de satélite. Portanto, no mercado nacional, o novo produto terá, sem dúvida, grande demanda”, aponta Milovanov. “É difícil comentar sobre as posições da empresa no mercado internacional, mas sua visão inovadora e cooperação com um parceiro tão experiente como a empresa inglesa SSTL podem  torná-la internacionalmente competitiva”, acrescenta.

Projeção internacional

Os fundadores da Dauria acreditam que só uma multinacional pode ter sucesso nesse segmento do mercado. Por isso, o atual projeto também conta com a participação de universidades americanas, Roscosmos e centro de desenvolvimento em tecnologias espaciais Lavotchkin, entre outras organizações nacionais e estrangeiras.

A empresa possui uma sucursal no Centro de Inovação Skôlkovo, nos subúrbios de Moscou, embora a sede da empresa e seu respectivo departamento de serviços estejam localizado em Munique, na Alemanha. “A sede da empresa fica fora do país por causa do sistema tributário russo e das dificuldades decorrentes da exportação e importação de equipamentos necessários”, explica Kokoritch.

Além disso, a infraestrutura e o setor de foguetes transportadores são rigidamente controlados pelo Estado. “Isso significa que o governo pode fechar esse segmento para as empresas privadas a qualquer momento. Por outro lado, as perspectivas do mercado doméstico são muito amplas e permitem considerar a sério a hipótese de investimento privado nessa área”, diz Volostnov.

Nos EUA, a Dauria mantém também um departamento especializado no desenvolvimento de cargas úteis e satélites para o mercado internacional.

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