Os Mi-17 têm demanda em muitos países, incluindo países da Otan Foto: AP
A porta-voz do Pentágono, Maureen Schumann, informou que o governo americano foi obrigado a reavaliar os planos de aquisição, “depois de consulta junto ao Congresso”. O Departamento de Defesa dos EUA já havia adquirido duas dúzias do modelo Mi -17 para reforçar a segurança no Afeganistão, após a retirada das tropas da Otan no início de 2014.
“Parabenizo a decisão do Departamento de Defesa por finalmente colocar de lado os planos de aquisição de helicópteros adicionais da Rosoboronexport [a única exportadora autorizada de armas da Rússia]", declarou o senador republicano John Cornyn. “Nós, como nação, não devemos mais apoiar os crimes de guerra de Bashar al-Assad na Síria”, acrescentou.
Porém, o editor-chefe da revista “Russia in Global Affairs”, Fiódor Lukianov, acredita que o lobby das empresas militares americanas teve mais peso sobre a decisão do que a agenda política do Pentágono. “A razão principal é puramente financeira”, diz ele, “mas conseguiu encontrar um bom fundamento: a Rússia estaria vendendo armas ao desumano regime sírio”.
A desistência não afetará os volumes de exportações da tecnologia militar russa, garante o redator-chefe da revista “Defesa Nacional”, Ígor Korotchenko. “Os Mi-17 têm demanda em muitos países, incluindo países da Otan”, diz ele. “Quem mais perde com isso são os próprios norte-americanos. O Exército afegão já não está nas melhores condições, e agora ficará ainda mais incapacitado”, acrescenta.
Em cima do muro
Durante discurso no Congresso em abril deste ano, o secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, elogiou o equipamento militar russo ao dizer que o Mi-17 era “simples e de fácil manutenção”. O secretário americano também ressaltou o fato de os afegãos estarem habituados a lidar com o equipamento.
Lobby americano
Em março, um grupo de congressistas já havia enviado uma carta ao secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, com um apelo para não adquirir equipamento militar da Rússia “devido à sua posição na questão síria”. Na sequência, alguns especialistas militares se juntaram ao coro de políticos, afirmando que o Pentágono estaria “pagando a mais” pelos helicópteros russos.
O diretor-geral da Rosoboronexport, Anátoli Issáikin, disse em agosto passado que a tentativa do Congresso de impedir a compra dos helicópteros tinha a mão dos lobistas “que defendem os interesses das empresas norte-americanas, fabricantes de técnica mais cara do que os nossos helicópteros”.
Essa teoria é reforçada pelo fato de a decisão do Pentágono não comprar mais helicópteros russos ter sido publicamente saudada pelo senador democrata Richard Blumenthal, representante do estado de Connecticut, onde fica a sede da empresa Sikorsky Aircraft, concorrente dos fabricantes russos.
O senador informou que se sente “lisonjeado” por seus repetidos apelos à liderança do Departamento da Defesa terem surtido efeito. “Este contrato desnecessário e dispendioso deveria ter sido cancelado há muito tempo para que o dinheiro dos contribuintes norte-americanos não fosse indiretamente gasto na compra de armas para o regime de Bashar al-Assad, que anda matando sírios", diz Blumenthal.
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