Todas as principais características do objeto foram definidas. Os cientistas pressupõem que o objeto que entra na atmosfera apresenta apenas 10% do seu tamanho original Foto: Reuters
Gazeta.ru: Quais são as principais descobertas apresentadas em seu artigo na Science?
Olga Popova: Estudamos e processamos os dados oficiais referentes às destruições causadas pelo meteorito e os resultados das nossas próprias pesquisas no local. Analisamos o processo de formação da onda de choque e constatamos certa semelhança entre os resultados desse processo e a imagem real criada pela explosão na superfície da Terra.
GR: Alguma novidade em relação ao meteorito?
A queda da bola de fogo na unidade federativa de Tcheliábinsk foi acompanhada por sons eletrofônicos, isto é, estalos incomuns produzidos durante o movimento de meteoritos na atmosfera. Os cientistas acreditam que tal fenômeno foi provocado por ondas eletromagnéticas geradas durante a queda da bola de fogo, e não pelo próprio objeto extraterrestre.
OP: Avaliamos o valor energético do objeto baseando-nos no conjunto de dados obtidos durante a observação infrassonora realizada na nossa própria estação, assim como nas estações mais próximas ao local do evento. Na determinação da energia da explosão, cujo valor calculado foi de 500 quilotoneladas, usamos os resultados das nossas observações e as informações registradas pelos satélites militares dos Estados Unidos que fazem parte do sistema de controle de lançamentos e testes de foguetes. Levando em consideração todos esses dados, conseguimos obter o valor da energia cinética de cerca de 590 quilotoneladas.
Além disso, calculamos o mesmo parâmetro baseando-nos nas características da área, onde a onda de explosão danificou as janelas de vidros dos edifícios. Vale ressaltar que nenhum desse métodos é preciso, porém, o mais importante é que eles são independentes.
GR: Você também visitou 50 vilarejos. Qual foi o objetivo dessas visitas?
OP: Organizamos uma pequena expedição com a participação dos especialistas do nosso instituto e do Instituto de Astronomia da Academia de Ciências da Rússia com o objetivo de coletar as informações logo após a queda do meteorito. Entrevistamos as testemunhas, observamos os vidros quebrados e concluímos que a área afetada tem a forma borboleta e estende-se por 90 quilômetros na direção perpendicular à trajetória da queda do objeto.
GR: Quais características do asteroide foram identificadas?
O meteorito se acendeu assim que entrou na atmosfera do planeta a 97,1 quilômetros da sua superfície. A sua maior intensidade de luz (27,3 unidades) foi registrada a 29,1 quilômetros. A luminosidade do Sol é de 26,7 unidades, portanto, conclui-se que a luz do meteorito era 30 vezes mais intensa.
OP: Nós visualizamos centenas de gravações de vídeo e separamos apenas dez que nos ajudaram a determinar a referência astronômica do objeto e calibrar o céu estrelado, permitindo calcular a trajetória, ângulo de inclinação e a velocidade do meteorito. Os valores dos seus principais parâmetros são: a velocidade é de 19 quilômetros por segundo e o comprimento está na faixa entre 18 e 20 metros.
GR: Qual é o tipo do meteorito?
OP: É um condrito comum do tipo LL. Os condritos são os meteoritos que caem na Terra com mais frequência. De acordo com o seu conteúdo de ferro, eles são divididos em três grupos distintos. O meteorito de Tcheliábinsk pertence àquele que possui a quantidade menor de ferro, mas, mesmo assim, ele é facilmente identificado pelos detectores de metal, atraído pelos ímãs e sujeito à corrosão.
GR: O que ainda falta descobrir sobre esse corpo celeste?
OP: Todas as principais características do objeto foram definidas. Os cientistas pressupõem que o objeto que entra na atmosfera apresenta apenas 10% do seu tamanho original. No entanto, o meteorito de Tcheliábinsk é de apenas 1% do asteroide inicial. Ainda não sabemos de todos os mecanismos de destruição aos quais os objetos extraterrestres submetem-se durante da sua entrada para a atmosfera do nosso planeta.
Publicado originalmente pelo Gazeta.ru
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