Um robô em ação durante feira tecnológica Innoprom 2013, na Rússia central Foto: RIA Nóvosti
Empresas de investimento do governo canalizaram US$ 1,5 bilhão para startups e fundos de capital de risco dos EUA, na tentativa de construir laços comerciais e atrair capital privado e know-how para a indústria russa. Essa é mais uma iniciativa para acelerar o desenvolvimento do setor de tecnologia e diversificar a economia do país, centrada na exportação de petróleo e gás.
A Rusnano, estatal de tecnologia estimada em US$ 10 bilhões, é responsável pela maior parte do investimento, US$ 1,36 bilhão. Outro fundo estatal, o RVC (Russian Venture Company), injetou US$ 100 milhões.
“Para nós, investidores, o objetivo número um é fazer dinheiro, para o governo é dar suporte à comercialização de tecnologias na Rússia”, diz o diretor-executivo da unidade norte-americana da Rusnano, Dmítri Akhanov.
Assessoria nos EUA
O RVC criou uma subsidiária em Boston que ajuda empresários russos a penetrar no ambiente das finanças e comércio norte-americano. A unidade capacitou empresas russas para o MassChallenge de Boston, o maior concurso de startups do mundo, e doou US$ 100 mil para o evento deste ano.
“Nossa missão é construir uma ponte econômica entre os EUA e a Rússia”, diz o chefe do escritório de Boston, Axel Tillman. O RVC-EUA quer aumentar a presença da Rússia entre as comunidades de startups americanas.
A Rússia apresentou o segundo maior número de candidatos para o MassChallenge 2013, atrás apenas dos EUA. Mais de 50 startups russas foram inscritas de um total de 1.200, provenientes de 39 países. Quatro equipes russas foram aprovadas.
“O objetivo do RVC nos EUA é sobretudo desenvolver relações com o setor de inovação e comunidade de empreendores locais”, diz o diretor-executivo do fundo, Ígor Agamirzian. “A parceria com investidores de risco dos EUA é um importante meio de aumentar o conhecimento em negócios e fomentar a visão tecnológica entre as startups russas.”
A Rusnano fez investimentos semelhantes no Reino Unido, China, Israel e Itália. A empresa injetou quase US$ 4,2 bilhões na Rússia e aplicou US$ 6,3 bilhões em mais de 100 empreendimentos de alta tecnologia em diversos países, em setores como microeletrônica, tecnologias limpas, eficiência energética e materiais avançados.
Nos EUA, os gastos estão concentrados em ciências da vida e eletrônica, com uma parcela menor destinada a energia e nanocoberturas. A empresa investiu em 18 startups e estabeleceu parcerias com quatro grupos de capital de risco nos EUA.
A iniciativa mostra os esforços russos para tentar transformar os lucros com petróleo e gás natural em um modelo de desenvolvimento econômico sustentado pela inovação. “O mercado de capital de risco está crescendo rapidamente na Rússia, mas ainda falta experiência e conhecimento em negócios. Desenvolver laços com empresas americanas vai ajudar a compensar o déficit”, diz Agamirzian.
O país também investiu na Fundação Skôlkovo, criada com a missão de promover o crescimento econômico via inovação e criar pontes com acadêmicos e pesquisadores estrangeiros.
Comandada pelo investidor Víktor Vekselberg, Skôlkovo criou, nos arredores de Moscou, o Skoltech (Instituto de Tecnologia de Skôlkovo), uma universidade em língua inglesa em parceria com o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).
Tecnologia como artigo de exportação
Desenvolvimento robótico deve distorcer percepção humana sobre guerras
Rogózin: “Rússia e EUA estão no mesmo patamar em termos de armas hipersônicas”Mais de 30 empresas, como Boeing, Cisco Systems, General Electric e Samsung, já assinaram acordos de pesquisa e desenvolvimento com Skôlkovo - 28 delas, a maioria americanas, pretendem investir US$ 500 milhões.
“A Fundação Skôlkovo é um enorme esforço do governo para diversificar a economia”, diz Vekselberg. Os US$ 500 milhões serão usados para criar centros de pesquisa e desenvolvimento corporativo. O objetivo é ter 300 acadêmicos em tempo integral no Skoltech até 2020.
Nanotecnologia
Associando-se a companhias estrangeiras de nanoteclogia, a Rusnano atrai centros de pesquisa ou produção das mesmas na Rússia. Hoje, 30 joint-ventures estão em operação. Nove das 24 drogas aprovadas pela FDA, a agência reguladora de alimentos e remédios dos EUA, passaram por testes clínicos na Rússiano terceiro trimestre deste ano.
O diretor-geral da companhia, Anatóli Tchubais, é um ex-vice-premiê que desempenhou papel-chave na privatização de indústrias soviéticas na década de 1990. Criada em 2007, a Rusnano quer gerar, até 2015, negócios de US$ 30 bilhões.
Além disso, a companhia investiu US$ 52 milhões em duas empresas de pesquisa de produtos biofarmacêuticos de Boston, a Bind Biosciences e a Selecta Biosciences, que abriram subsidiárias na Rússia. A Selecta pesquisa uma vacina contra a dependência de nicotina. A Bind desenvolve nanopartículas terapêuticas para tratar tumores.
Dixon Doll, da Menlo Park, empresa de capital de risco da Califórnia, acredita que a iniciativa do governo possa estimular o empreendorismo. Mas, diz ele, o Estado deve criar espaço para o capital privado florescer. “O governo pode ser muito útil para estimular o ambiente empresarial”, afirma Doll.
“Precisamos mais do conhecimento e da experiência americana do que dos investimentos deles”, afirma Víktor Vekselberg, de Skôlkovo. “Temos grandes planos e, trabalhando em conjunto, poderemos torná-los realidade.”
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