Como minimizar os riscos de acidentes em plataformas de petróleo offshore

O risco de acidente está presente em cada uma das três fases da produção de hidrocarbonetos em alto mar: a extração, o processamento de hidrocarbonetos na plataforma e o bombeamento de petróleo obtido para navios-tanques Foto: wikipedia.org

O risco de acidente está presente em cada uma das três fases da produção de hidrocarbonetos em alto mar: a extração, o processamento de hidrocarbonetos na plataforma e o bombeamento de petróleo obtido para navios-tanques Foto: wikipedia.org

Mais uma ação de protesto do Greenpeace contra a exploração de petróleo no Ártico teve grande repercussão na mídia russa e estrangeira na últimas semanas. O diretor para os assuntos científicos do grupo de empresas Centro Municipal de Perícias, Aleksêi Issakov, explica quais impactos ambientais a exploração mineral em alto mar pode trazer e como é possível minimizar os riscos de acidentes em plataformas petrolíferas.

Para manter o habitual nível de conforto, devemos sacrificar alguma coisa. Nosso conforto depende indiretamente de recursos minerais. Enquanto a segurança da energia de fusão nuclear continua sendo ficção científica, temos de intervir na natureza. O processo de extração e processamento de hidrocarbonetos implica inevitavelmente o risco de um impacto negativo sobre o meio ambiente.

Quais riscos decorrem da extração de petróleo e gás por meio de plataformas como a Prirazlômnaia?

O risco de acidente está presente em cada uma das três fases da produção de hidrocarbonetos em alto mar: a extração, o processamento de hidrocarbonetos na plataforma e o bombeamento de petróleo obtido para navios-tanques.

Vamos considerar cada uma delas em mais detalhes.

A primeira fase é a extração de hidrocarbonetos de um poço no mar. O equipamento do poço e as tubulações em si que ligam o poço à plataforma não são perigosas. O risco advém da substância oleosa que nelas circula. Portanto, o principal risco nessa fase pode ser o de vazamento de hidrocarbonetos debaixo de água, como aconteceu no Golfo do México, e a poluição das águas. É extremamente difícil combater vazamentos como esse mesmo que a extração de petróleo seja feita a uma profundidade de 15 metros a 20 metros, como no mar de Pechora.

Na segunda fase, outro tipo de acidente é possível –uma combustão espontânea dos hidrocarbonetos extraídos, por exemplo. No entanto, a plataforma abriga várias outras substâncias inflamáveis ​​necessárias à vida do pessoal e ao funcionamento do equipamento, como óleo diesel, gasolina e alguns produtos químicos tóxicos. Em outras palavras, uma explosão na plataforma é capaz de causar um incêndio cuja origem pode ser provocada tanto por um curto circuito quanto pelo ser humano (uma bituca de cigarro mal apagada ou uma chaleira elétrica avariada).

Um incêndio ocorrido na plataforma também atinge o meio ambiente (produtos tóxicos da combustão são lançados na atmosfera) e coloca em risco a vida do pessoal. A explosão de tanques, tubulações e outros dispositivos na plataforma pode causar ainda o vazamento de petróleo.

Na terceira e última fase, o petróleo extraído é bombeado da plataforma para navios-tanques. Acredita-se que as técnicas usadas para o bombeamento de petróleo não permitem a formação de vapores de petróleo em quantidades perigosas. No entanto, em algumas circunstâncias, o processo pode dar errado e um incêndio pode ocorrer e causar grandes danos ao meio ambiente.

Assim, um acidente grave é possível em todas as fases de produção de hidrocarbonetos em plataformas marítimas. Há um axioma de engenharia dizendo que não é possível criar um dispositivo técnico com uma probabilidade de operação livre de falhas igual a um. Mesmo assim, não podemos nos entregar ao desespero. Há duas opções para minimizar os riscos.

A primeira é melhorar constantemente a confiabilidade dos equipamentos, aplicar tecnologias inovadoras, melhorar a qualidade dos materiais utilizados e observar rigorosamente os requisitos de segurança elaborados ainda na fase de concepção de um projeto de plataforma offshore. Tudo isso permite minimizar a probabilidade de acidentes.

A segunda opção é elaborar e treinar técnicas de circunscrever o acidente e eliminar suas consequências quando não é possível evitá-lo. A ciência moderna permite prever todos os cenários possíveis de situações de emergência e orientar o pessoal de plataformas marítimas na escolha de meios de combate a acidentes: por exemplo, no caso de derramamento de óleo, barreias de contenção permitirão conter e controlar manchas de óleo enquanto materiais absorventes permitirão recolher rapidamente o óleo vazado. Já os exercícios de alerta permitirão evitar o pânico em caso real de desastre.

As medidas acima citadas podem apenas minimizar o risco de um acidente. Portanto, temos de admitir que a probabilidade de um acidente continuará sendo por muito tempo nosso  pagamento por uma vida confortável em uma sociedade tecnologicamente avançada.

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