Pesca no norte da Rússia será afetada pelas constantes mudanças climáticas Foto: PhotoXPress
No início do segundo semestre, algumas regiões do Extremo Oriente russo, como a unidade federativa Amúrskaia e o distrito de Khabarovsk, foram gravemente afetadas por enchentes. As ruas das grandes cidades ficaram alagadas e intransitáveis, e milhares de pessoas perderam suas casas.
Os dados coletados pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos da Rússia revelam que a recente catástrofe foi gerada pela circulação anormal das massas de ar sobre o território asiático do país. “A temperatura elevada no território chinês em contraste com o clima frio na república russa de Iakútia causou um ciclone, e a chuvas encheram o leito dos maiores rios da região, entre eles o Amur, Zeia, Bureia, Sungari e Ussuri”, explica Roman Vilfand, diretor do centro meteorológico.
Tais observações meteorológicas confirmam a existência de mudanças climáticas que, entre outros efeitos, levaram ao aumento da temperatura média anual no território russo em 0,4˚C durante a década de 1990. Em 2005, o Serviço Federal Meteorológico russo havia, inclusive, publicado uma previsão de longo prazo referente às mudanças climáticas no território nacional que demonstrava o crescimento brusco do número de catástrofes naturais por todo o país.
No caso das regiões orientais da Rússia, como a república de Iakútia, Sibéria Oriental e península de Kamtchatka, o volume de chuvas só tende a crescer. Além disso, pesquisas realizadas por cientistas das universidades americanas de Princeton e de Maryland apontam que o deslocamento da área de ventos e chuvas tropicais para o norte do planeta trará tufões, tempestades com tormentas, torvelinhos e chuvas tropicais para o Extremo Oriente russo.
“O clima encontra-se em processo de mudança contínua, porém no momento ele está desequilibrado. O planeta está aquecendo, mas apenas em algumas regiões e durante algumas estações do ano, enquanto as outras possuem temperaturas ainda mais baixas que anteriormente”, explica Aleksandr Mínin, pesquisador sênior do Instituto de Clima Global e Meio Ambiente.
O cientista defende que o processo de mudança climática é influenciado por uma série de fatores, inclusive pelos problemas locais, como a derrubada de florestas e drenagem de reservatórios naturais. “Algumas regiões da Sibéria e Extremo Oriente russo presenciaram a alteração dos períodos de desenvolvimento de vegetais e de migração de aves, enquanto algumas espécies de plantas da tundra quase foram extintas”, acrescenta Mínin.
Segundo ele, o aquecimento global deve trazer sérios problemas aos povos nativos do norte da Rússia que vivem de caça, pesca e agricultura. Além disso, o derretimento da neve e as fortes chuvas aumentam o nível das bactérias nocivas na água potável de rios e lagos utilizada pelos nativos, provocando epidemias de doenças intestinais.
Apesar de as mudanças climáticas gerarem consequências negativas para o seres humanos, Mínin faz questão de ressaltar que essas alterações poderão ajudar no crescimento econômico do país, aumentando o número dos terrenos siberianos destinados à agricultura e do período de navegação nos grandes rios como Enisei e Lena. “As últimas observações também demonstram uma redução da área do Oceano Ártico coberta com gelo que aumenta a transitabilidade da rota marítima do norte, facilitando a navegação”, afirma.
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