A partir desde mês, Roscosmos tentará recuperar imagem do setor espacial desgastada com últimos acidentes Foto: Getty Images/Fotobank
Já na segunda dezena do mês foi marcada pela missão bem-sucedida do foguete de conversão Rokot (antigo míssil balístico SS-19), que levou ao espaço três satélites de comunicação Gonets. “[Esses satélites] permitirão uma redução significante da frequência de interrupções de conexão telefônica no território russo”, afirma Dmitri Bakánov, presidente da empresa Sputnikovaia Sistema Gonets. Esta é a segunda missão recente do foguete Zenit, que há pouco tempo levou ao espaço o satélite de comunicação israelita Amos-4.
Em entrevista recente no Centro de Controle de Tráfego Aéreo, o diretor da agência espacial russa Roscosmos, Vladímir Popóvkin, declarou que no final de setembro serão retomados os trabalhos de lançamento do foguete pesado Proton, suspensos após o acidente acontecido no início do segundo semestre desse ano que causou a perda de três satélites do sistema de navegação Glonass.
Porém, a conclusão mais importante baseada nos acontecimentos recentes consiste em uma continuação da reforma geral da indústria cosmonáutica, pela qual todas as empresas espaciais, inclusive as pertinentes à indústria de defesa, farão parte da nova Corporação Espacial de Foguetes (ORKK). A futura corporação incluirá oito entidades compostas por 33 organizações e 16 empresas industriais, dos quais sete serão empresas unitárias controladas pelo governo federal e nove, sociedades anônimas de capital aberto. O plano da Roscosmos prevê a finalização do processo de reestruturação no prazo de até um ano.
A quantidade total das instituições russas cujas atividades possuem uma ligação direta com a área espacial excede 100 unidades, mas a classificação oficial da Roscosmos as divide em duas partes iguais: o grupo das empresas controladas pela própria Roscosmos e o grupo das sociedades de capital aberto. Isso significa que uma parte das organizações incluídas nas listas mencionadas acima não fará parte da futura corporação.
Além disso, se deixar de lado os departamentos das empresas unitárias que possuem alguma participação nos projetos militares, mas paralelamente incluir seus departamentos sem nenhuma ligação com o setor, a diversidade dos participantes da corporação será surpreendente. No entanto, há um excesso das empresas espaciais no país.
Por exemplo, a sociedade de capital aberto Glavkosmos, segundo as informações do site oficial da Roscosmos é “uma empresa controlada pela Agência Espacial Federal da Federação Russa e responsável pelo apoio à coordenação das atividades econômicas da Agência Espacial Federal no exterior ligadas à celebração de contratos com as entidades internacionais para a realização dos trabalhos terrestres preparativos e de apoio”.
Além da própria administração da Roscosmos, existe uma grande quantidade de empresas exercendo as atividades econômicas na área espacial fora do território do país, tais como a promoção dos serviços de lançamento de veículos espaciais, assim como a fabricação do Proton, o foguete russo mais famoso, realizadas pela empresa binacional russo-americana International Launch Services Inc (conhecida pelo este nome desde 1995) que foi criada em 1993.
A empresa russo-européia Eurockot Launch Services que conta com a participação do Centro Espacial de M.V. Khrunitchev e do consórcio europeu espacial e de aviação EADS Astrium é responsável pela operação do foguete de conversão Rokot. Além disso, na metade de setembro, o maior centro russo de criação e fabricação de satélites de comunicação Sistemas de Informação e de Satélites de M.F. Rechetnev e o consório europeu Thales Alenia Space anunciaram a criação de uma sociedade conjunta que cuidará do desenvolvimento e da fabricação dos componentes das cargas úteis dos veículos espaciais.
“Em minha opinião, o principal motivo de todos os fracassos da indústria espacial russa é a falta de novos projetos”, lamenta Iúri Karach, membro associado da Academia Russa de Cosmonáutica. “Os planos do governo incluem apenas a construção do novo cosmódromo [projeto polêmico do cosmódromo Vostótchi no Extremo Oriente russo) e a comercialização das tecnologias espaciais. No entanto, em minha opinião, não há nenhum sentido em comercializar os projetos elaborados ainda no século passado, enquanto os concorrentes não ficam parados e lançam os próprios foguetes, como o chinês "A Grande Marcha", o japonês N-2 e o indiano GSLV, assim como os americanos Falcon, Antares e Ariane. Uma enorme quantidade de veículos espaciais circula pelo espaço, portanto, em vez de melhorar os foguetes Proton ou Soiúz, deveriamos partir para a elaboração de novos projetos. Acredito na capacidade dos cientistas russos de criar algo inédito”, afirma especialista.
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