A estação de radar de Armavir, segundo os especialistas, detectou o lançamento em regime normal Foto: ITAR-TASS
O SRAM (Sistema Russo de Alerta de Mísseis) registrou na última terça-feira (3) o lançamento de alvos balísticos no mar Mediterrâneo. O lançamento dos dois mísseis, que caíram no mar, foi detectado pelos radares fixos de Armavir.
Como veio a ser notificado posteriormente, o lançamento fez parte de um teste de mísseis israelo-americano. O exército de Israel afirmou inicialmente não ter dados de qualquer lançamento. No entanto, algumas horas mais tarde, o Ministério da Defesa do país reconheceu a existência do lançamento e a sua realização como parte do teste de alvo de mísseis melhorado Âncora, no âmbito do qual foi também realizado a "verificação do funcionamento do sistema de defesa antimísseis Hetz 2".
Os norte-americanos participaram dos ensaios, fato que mais tarde foi confirmado pelo Pentágono. O representante das Forças Armadas dos EUA, George Little, sublinhou que o teste estava "previamente planejado" e que foi realizado "ante o apoio técnico do Ministério da Defesa dos EUA".
Peritos militares russos acreditam que com este lançamento Israel e os Estados Unidos testaram a prontidão dos sistemas de defesa aérea da Síria e as reações dos países que a auxiliam.
"Penso que, por um lado, esta foi uma ação planejada e, por outro lado, vemos que o momento foi combinado com um entendimento da situação. É provável que houvesse dois objetivos: pressão psicológica sobre Damasco, que é improvável ter obtido algum sucesso. Por outro lado, foi uma tentativa para verificar o estado da defesa aérea da Síria", disse o presidente da Fundação para a Pesquisa dos Problemas da Democracia, Maksim Grigóriev.
"As declarações dos militares confirmam muitas vezes precisamente aquilo que é negado", disse o especialista, comentando o anúncio do porta-voz do Pentágono segundo o qual os exercícios não teriam qualquer relação com o possível ataque dos EUA à Síria.
Das palavras do diretor do projeto para as armas convencionais e do Tratado de Comércio de Armas PIR Tsentr (Centro de Estudos Políticos da Rúsia), Vadim Kaziúlin, se entende que os países membros da OTAN não podem deixar de notar o lançamento de quaisquer mísseis na região do Mediterrâneo.
"No Chipre, existe um sistema de monitoramento eletrônico da região, o Echelon, sendo que a expressão região é aqui utilizada no sentido mais amplo da palavra, já que a zona de cobertura vai até os Urais. É claro que isso não é um radar, mas é evidente que todas essas tecnologias trabalham em conjunto", disse Kaziúlin.
Seu colega do PIR Tsentr, o tenente-general na reserva e antigo alto funcionário do Ministério da Defesa Evgueni Bujínski não exclui a possibilidade de estarem na região dois navios de guerra americanos equipados com o sistema AEGIS, capazes de identificar os lançamentos de mísseis. No entanto, Bujínski está seguro que nenhum outro país, exceto a Rússia, teria sido capaz de detectar esses lançamentos na região do Mediterrâneo Oriental.
"Apenas a Rússia e os EUA possuem este sistema de alerta e os EUA não tinham, neste caso, nenhuma necessidade de ‘detectar’ o lançamento", afirma Bujínski.
A estação de radar de Armavir, segundo os especialistas, detectou o lançamento em regime normal, já que a sua área de controle cobre 6.000 quilômetros horizontalmente, isto é, abrange inteiramente o Mar Negro e o Mediterrâneo.
Enquanto isso, o Posto de Comando Central do Estado-Maior Geral e o Centro de Comando Militar e controle central da Força de Defesa Aeroespacial Russa foram postos em alerta máximo de preparação após o lançamento dos foguetes no Mediterrâneo. O anúncio foi feito pelo ministro-adjunto da defesa, Anatóli Antonov.
Ao mesmo tempo, Antonov exortou os autores dos lançamentos a serem mais responsáveis pela segurança regional e a "não brincarem com o fogo", salientando que um dos países que participou do lançamento é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
O único radar ativo sob comando da Rússia, mas fora do seu território, é o Volga, no povoado bielorruso Ozereche, perto de Minsk.
Publicado originalmente pelo vz.ru
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