Aos poucos, carros elétricos ganham espaço nas ruas de Moscou

Os carros ecológicos ainda não são muito populares entre os russos. Entre as razões estão os altos preços, poucos pontos de carregamento e pouco apoio do Estado. A Gazeta Russa foi investigar nas ruas se a adoção de veículos à bateria vale a pena na capital do país.

Foto: Dária Kalíkina

No último dia 22, o jornal “Kommersant” noticiou que os Correios da Rússia recusaram-se a assinar com a Renault um contrato de aluguel de 12 carros elétricos. No montante de 15,9 milhões de rublos (cerca de US$ 485 mil), o acerto foi celebrado antes das recentes mudanças na administração da empresa, quando foi submetido a uma revisão.

Inicialmente, era intenção dos Correios adquirir 100 carros elétricos para cobrir as necessidades dos Jogos Olímpicos de Sôtchi, mas, depois da realização de testes, tornou-se claro que o investimento levaria muito tempo para ser recuperado.

Mesmo assim, ainda que devagar, a popularidade deste transporte ecológico continua crescendo na Rússia. No último dia  14, ocorreu a primeira “ecocorrida” em Moscou, com 20 automóveis movidos a eletricidade partindo do centro “Krássni Oktiábr” (Outubro Vermelho), na marginal Berssénevskaia, usada pelos moscovitas que se dirigem ao parque florestal de Gortchakovo, no sudoeste da cidade, zona anexada à capital recentemente. 

Vassíli Panavits, representante da Ecomotors, um dos organizadores da corrida, contou que a empresa se esforça para promover a exploração do transporte elétrico na Rússia há cinco anos. Na sua opinião, o problema fundamental reside na falta de apoio por parte do Estado.

“Que digam na televisão: vamos passar a utilizar os carros elétricos. Experimentem sentar-se ao volante de um carro desses. Além disso, é preciso anular as taxas alfandegárias, para que os preços baixem de 30% a 40%”, diz Panavits.

Na mostra, puderam ser vistos os modelos Estrima Biro, Mitsubishi i-Miev, Nissan Leaf, Chevrolet Volt, entre outros. Os espectadores tiveram oportunidade de assistir ao carregamento dos carros antes da partida, sentar-se ao volante e conversar com os proprietários. Uma questão que interessava a todos era a dos preços, muito mais altos do que o de um automóvel com motor a gasolina de igual tamanho e funcionalidade.

Vladímir Sokolov, um dos condutores, afirmou ser possível comprar um carro elétrico na Rússia por aproximadamente 2 milhões de rublos (cerca de US$ 61 mil).

“Muitos dos meus amigos e conhecidos preferem automóveis de classe executiva e, por enquanto, não acham que a compra de um carro ecológico faça sentido. Se um carro movido a energia elétrica custasse de 600 mil a 900 mil rublos (entre US$ 18 mil e US$ 27 mil), não pensariam duas vezes. As dimensões dos novos automóveis também não lhes agradam. Quem está habituado a um Mercedes tem dificuldade em adaptar-se a um carro elétrico”, diz Sokolóv.

Incentivos

Planeja-se compensar o preço pouco convidativo com várias medidas por parte do Estado. A partir do próximo dia 1º, por exemplo, o estacionamento no centro de Moscou, que há pouco passou a ser pago (US$ 1,40 a hora), será gratuito para os automóveis elétricos.

Pode-se economizar também na inspeção técnica.

“Se antes eu gastava, em média, 20 mil rublos (cerca de US$ 610) na inspeção do meu carro velho, hoje essa despesa é mínima”, diz Sokolov.

Em certos países já existem estações elétricas poderosas, que permitem abastecer de energia um carro elétrico até a metade da carga em 20 minutos. Mas os pontos de carregamentos existentes em Moscou levam de seis a oito horas. E há só 40 deles. Contudo, até ao fim do ano, devem aumentar para uma centena.

Panavits considera que nem sequer é preciso instalar estações especiais:

“Qualquer carro ecológico pode ser carregado diretamente da rede elétrica de 220V. O que é preciso é criar postos em locais públicos. As pessoas devem poder carregar o seu meio de transporte em restaurantes, clubes e centros comerciais.”   

Atualmente, nas ruas de Moscou, segundo dados oficiais, não rodam mais do que 200 carros elétricos. No país, são cerca de 500.

“Os condutores dos outros carros abordam-me para perguntar que modelo é o meu e ficam muito admirados quando tomam conhecimento das suas qualidades ecológicas”, diz Dmítri Nikíforov, que conduz um carro ecológico.   

Em média, um carregamento permite que se rode 150 quilômetros por dia. Os da empresa estadunidense Tesla têm uma autonomia de 300 a 400 km, mas não chegaram à Rússia.

Enquanto os russos estão testando o novo meio de transporte, no exterior já foram vistos em carros elétricos o cineasta James Cameron, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon e Michael Bloomberg, prefeito da cidade de Nova York.

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