Tecnologia nuclear russa invade espaço europeu

Rússia pode se tornar porto seguro em meio à insegurança mundial pós-Fukushima Foto: RIA Nóvosti / Pável Lisítsin

Rússia pode se tornar porto seguro em meio à insegurança mundial pós-Fukushima Foto: RIA Nóvosti / Pável Lisítsin

Tentativas da corporação estatal Rosatom de expandir sua presença na UE estão finalmente dando frutos.

As tecnologias nucleares da Rússia despertam cada vez mais interesse na Europa. Em sua época, a União Soviética construiu usinas nucleares na Bulgária, Hungria, República Tcheca e Finlândia. A maioria delas opera com sucesso ainda hoje.

No período pós-soviético, a corporação estatal Rosatom não suspendeu as suas tentativas de expandir a sua presença na União Europeia e a iniciativa parece dar resultados. A República Tcheca suspendeu inteiramente a utilização de combustíveis nucleares dos EUA e passou a comprar compostos de combustíveis de fabricação russa. A empresa finlandesa Fennovoima e a russa Rosatom Overseas assinaram um acordo para desenvolver um projeto de construção da usina nuclear Khankhikivi-1, na Finlândia. Os empresários nucleares russos pretendem entrar no capital social da Fennovoima com uma participação de 34%.

Vale lembrar que na Finlândia foram construídos dois blocos nucleares da usina Loviiza, ainda de acordo com o projeto soviético, sendo esta atualmente uma das melhores usinas europeias tanto pela eficiência econômica quanto pela segurança. Sabe-se que a autoridade governamental para a indústria nuclear finlandesa, STUK, é uma das mais rigorosas do mundo. O que torna respeitável o fato de que os especialistas do país Suomi preferiram a tecnologia russa.

A geração nuclear na Finlândia representa cerca de 25% no balanço energético total, mais ainda do que na Rússia, onde as usinas nucleares geram cerca de 16% da energia elétrica. Os finlandeses tornaram-se os primeiros na Europa a declarar que a Rosatom oferece as melhores soluções energéticas do mundo na área do átomo para a paz. O próximo país a escolher as modernas usinas nucleares russas poderá ser a República Tcheca. Um consórcio tcheco-russo, que propõe o projeto AES-2006, participa da licitação para a construção de dois blocos energéticos da usina nuclear Temelin.

Na Rússia, estão sendo atualmente construídos seis blocos de energia; outros dois estão sendo construídos na Bielorrússia e quatro, na Turquia. O projeto AES-2006 pertence à geração 3+, atende às exigências pós-Fukushima e tem uma combinação única de sistemas de segurança ativas e passivas. Essa instalação atende a todos os parâmetros da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e EUR.

O projeto AES-2006 oferece uma carcaça dupla de proteção, com previsão de queda de aviões sobre o seu teto, incluindo também as versões de 400 toneladas; sistemas passivos de remoção de calor da zona ativa e da carcaça de proteção, bem como sistemas ativos (quatro canais); queimadores de hidrogênio; captadores para massa fundida. Nenhum outro projeto no mundo prevê uma quantidade maior de medidas de segurança. Se houvesse uma usina semelhante em março de 2011 no lugar da usina de Fukushima e fosse submetida aos mesmos desastres naturais, esta sustentaria o impacto tão extremo dos elementos.

Após o acidente no Japão, testes de resistência confirmaram a estabilidade da usina nuclear do projeto russo a uma variedade de desastres. O projeto moderno de usina nuclear desenvolvido pela Rosatom prevê que, mesmo se todos os sistemas de fornecimento de energia e água ficarem inoperantes por um longo tempo, a usina será capaz de suspender automaticamente a reação de fissão nuclear, remover o calor residual e garantir a segurança.

Outro país europeu que acompanha atentamente as usinas nucleares da Rosatom é o Reino Unido. O mapa da rota para uma entrada potencial da Rosatom no mercado nuclear britânico pode ser assinado em um futuro próximo. A solução Fennovoima tem a possibilidade de se tornar não somente um sinal positivo para os tchecos e os britânicos, mas também para outros países europeus que ainda estão passando pela síndrome de medo pós-Fukushima quando o assunto é tecnologias nucleares.

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