Cidades russas precisam se preparar melhor para terremotos, afirmam especialistas

A maioria dos terremotos, muitas vezes acompanhados de tsunamis, ocorrem na Península da Kamchatka Foto: Aleksandra Beliávskaia

A maioria dos terremotos, muitas vezes acompanhados de tsunamis, ocorrem na Península da Kamchatka Foto: Aleksandra Beliávskaia

Na Rússia, os tremores são registrados em áreas montanhosas –no Cáucaso, no Altai, na Sibéria Oriental e no Extremo Oriente.

Estudos recentes mostram que, em muitas áreas da Rússia, a avaliação suposta do nível de atividade sísmica está sendo subestimada.

Mais de 20% do território russo está compreendido em zonas sísmicas que podem registrar tremores de magnitude superior a 7 graus na escala Richter. Em 5% do território, há zonas extremamente perigosas, onde os abalos podem alcançar até 9 pontos da escala.

De acordo com especialistas, a presença de muitas áreas possíveis de serem atingidas por terremotos potencialmente destrutivos na Rússia faz da previsão da atividade sísmica e do desenvolvimento de atividades específicas na construção em zonas sísmicas um dos alvos mais importantes para a atenção do governo.

Na Rússia, os tremores, que ocorrem em locais de encontro de placas tectônicas, são registrados em áreas montanhosas –no Cáucaso, no Altai, na Sibéria Oriental e no Extremo Oriente.

A maioria dos terremotos, muitas vezes acompanhados de tsunamis, ocorrem na Península da Kamchatka e nas Ilhas Curilas.

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Foi o caso do terremoto no Oceano Pacífico fora da costa da Kamchatka que formou um tsunami em 1952, destruindo totalmente a cidade de Severo-Kurilsk. Em 1995, durante um terremoto na Ilha de Sakhalin, o vilarejo de Neftegorsk foi completamente destruído. Já em dezembro de 2012, um tremor de quase 7 pontos atingiu a República de Tuva.

Sem precisão

Até hoje ainda não foi desenvolvida uma técnica capaz de prever com precisão onde e quando um terremoto irá ocorrer.

Como observado por Arkádi Granovskiy, chefe do laboratório do instituto de pesquisas científicas de resistência de construções a abalos sísmicos Cniisk V.A. Kucherenko, “sob o ponto de vista sísmico, não existe a necessidade de se abandonar completamente as construções de instalações em áreas potencialmente perigosas na Rússia. Por exemplo, na China, no Japão e no Chile as tecnologias são utilizadas com êxito para garantir a segurança dos edifícios em zonas sísmicas”.

Uma das soluções técnicas, segundo engenheiros, é o aumento da rigidez e da estabilidade das estruturas.

Assim, na preparação para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sôtchi (onde existem zonas que registram até 10 pontos de atividade sísmica), a construção de instalações de esportes e de edifícios altos está sendo planejada com cuidado. Pelas normas russas, é proibida a construção de edifícios de mais de 16 andares em zonas com potencial de abalos de magnitude 9. Em Sôtchi, há edifícios de até 30 andares.

Construções

Muitas vezes é empregado um sistema combinado de colocação da estrutura: as forças sísmicas transversais são recebidas por paredes transversais de concreto armado, enquanto que as forças longitudinais são aparadas por juntas em cruz em metal, colocadas na fachada do prédio. Na Rússia, para edifícios em construção em zonas sísmicas, diafragmas de rigidez, juntas especiais e um número limitado de andares são definidos inicialmente.

Especialistas estão preocupados com a segurança dos prédios construídos no país nos últimos dez anos. Quanto mais alto o edifício, maior a amplitude das vibrações. É importante que não só a construção destes edifícios sobreviva ao terremoto, mas também os sistemas de engenharia.

Para o abastecimento de água, aquecimento e refrigeração são uma grande quantidade de água é empregada. Caso eles sejam danificados nos estágios iniciais do terremoto, a evacuação de pessoas do edifício pode tornar-se significativamente mais complicada.

No entanto, de acordo com recomendação do Ministério de Situações Emergenciais, perante os primeiros tremores subterrâneos é necessário sair do prédio o quanto antes.

É importante a eficiência do sistema de extinção de fogo –é sabido que os focos de incêndio representam um percentual significativo de danos que surgem em consequência dos terremotos. A principal razão de sua ocorrência é a ruptura de cabos elétricos em edifícios durante os tremores.

Isoladores sísmicos

A tecnologia da construção com isoladores sísmicos começou recentemente a ser empregada na Rússia. Sua principal tarefa é atenuar as forças dinâmicas na base dos edifícios.

Para garantir a segurança dos prédios em zonas sísmicas também são usadas fundações especiais à prova de abalos sísmicos, assim como cintas sísmicas especiais , que são “reforços” entre os andares dos edifícios. Além disso, para reforçar os edifícios, são utilizados escoramentos, partes verticais salientes nas paredes que asseguram a estabilidade estrutural da construção, criando um contrapeso.

“A base de uma construção habitacional em regiões sísmicas, em nossa opinião, deve ser uma construção leve, feita de madeira, polímeros, compósitos, como é feito nos países desenvolvidos. Isso exigirá uma nova qualidade de trabalho das empresas de construção civil”, diz o ministro do Desenvolvimento Regional, Oleg Govorun.

“A modernização de um complexo de construção é particularmente relevante para a Sibéria e o Extremo Oriente, tendo em conta as restrições de transporte que aumentam significativamente o custo de recursos de construção importados. Os primeiros exemplos positivos já estão aqui: na República de Sakha opera uma planta de compósitos para construção e engenharia urbana; em Khabarovsk foi iniciada a produção de elementos para construção de casas, com tecnologia contemporânea de estruturas, testada com sucesso tendo em conta características climáticas e geológicas.”

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