Foto: NASA
A exploração da Lua, que nos hipnotiza com sua inacessibilidade e sempre intriga os pesquisadores, entrará no foco dos cosmonautas russos.
Segundo Iúri Makarov, diretor do departamento de planejamento estratégico e programas especiais da Roscosmos (Agência Espacial da Rússia), a Lua é interessante para a ciência, entre outros fatores, porque não tem oscilações sísmicas.
"Lá será possível construir uma infraestrutura para pesquisas científicas", disse Makarov.
Primeiro, no entanto, é preciso fazer uma profunda análise da superfície e do solo lunares. Essa missão será confiada a três sondas lunares automáticas, que estão sendo desenvolvidas no IPE (Instituto de Pesquisas Espaciais), da Academia de Ciências da Rússia.
A primeira sonda, a Luna-Glob-1, será lançada em 2015 e terá a missão de testar a plataforma de pouso. No ano seguinte, será lançada a sonda orbital Luna-Glob-2. Em 2017, pretende-se lançar o aterrissador lunar Luna-Resurs, com um robô explorador indiano.
De acordo com Ígor Mitrofanov, diretor do laboratório de espectroscopia gama do IPE, as obras de construção da sonda Luna-Glob-1 já estão em pleno andamento.
"O projeto está orçado em vários bilhões de rublos. Esse valor é suficiente para construir uma estação interplanetária automática", disse o cientista. "Faremos o possível para que esse projeto dê certo", sublinhou Mitrofanov.
Em entrevista exclusiva à Gazeta Russa sobre as perspectivas de voos à Lua, o diretor do IPE, Lev Zeleni , disse:
"Hoje, estamos assistindo a algo semelhante à corrida espacial dos anos 1960 e 1970. Assim como naquela época, o objeto da corrida é a Lua. A China, por exemplo, já anunciou sua intenção de desembarcar seus astronautas no satélite."
"O interesse crescente pela Lua pode ser explicado, em certa medida, pelos resultados dos recentes estudos realizados em conjunto por cientistas norte-americanos e russos. O equipamento construído em nosso instituto detectou a presença de grandes reservas de água na Lua. Essa descoberta tem importância crucial para a colonização da Lua", disse o cientista.
Ainda de acordo com Zeleni, tudo o que os cientistas russos estão fazendo hoje no espaço pode ser dividido em duas áreas principais: pesquisa e exploração. No espaço, há muitos objetos para a pesquisa. No entanto, só a Lua apresenta interesse para a exploração, que, entretanto, só pode ocorrer em uma perspectiva distante, afirma o cientista.
Luna-Glob
Enquanto isso, o programa lunar russo tem apenas um item claramente formulado: a sonda Luna-Glob. Trata-se de um projeto multidisciplinar em que serão realizados estudos topográficos, químicos e mineralógicos, assim como a busca de gelo de água nas chamadas "armadilhas frias", perto dos polos lunares e o estudo da interação entre a Lua e o meio interplanetário. Algumas sondas de penetração serão enviadas à Lua para estudar sua estrutura interna.
Já o projeto Luna-Resurs contará com a participação da Índia e terá como principal objetivo o estudo das regiões polares da Lua.
Segundo os pesquisadores, no futuro, a Lua pode ser usada como laboratório de pesquisa natural. Nela poderá ser construído um radiotelescópio automático com receptores distribuídos uniformemente na superfície lunar. A principal vantagem desse rádio-observatório espacial é a falta de atmosfera, o que permite aumentar a sensibilidade do telescópio e a resolução angular das observações.
"A exploração de recursos naturais da Lua, inclusive com a participação humana, é possível. Todavia, isso só vai ocorrer em um futuro muito distante. Devemos aprender a pousar e a desembarcar em outros planetas. Portanto, primeiro, queremos fazer dois pousos na Lua usando as sondas Luna-Glob", disse Zeleni.
Marte
Zeleni falou também sobre as perspectivas das expedições marcianas.
"Acho que os projetos lunares devem ser um prelúdio para expedições marcianas, mas, em termos de investigação, a preferência deve ser dada ao planeta vermelho. O estudo de Marte pode ajudar a obter informações de importância fundamental para a compreensão da biosfera e dos processos climáticos em andamento na Terra", disse o acadêmico.
Evidentemente, o homem se sente apertado no espaço circunterrestre e deseja ir mais longe no espaço.
"Estamos muito bem adaptados às altitudes entre 350 e 400 km", afirma Guennadi Raikunov, diretor-geral do Instituto Central de Máquinas e Equipamentos, a maior empresa do país especializada em desenvolvimento de equipamentos espaciais.
"Tenho a certeza de que, após a ISS (Estação Espacial Internacional, na sigla em inglês), teremos novos desafios, como, por exemplo, o de criar infraestruturas espaciais para a exploração da Lua e missões a planetas distantes."
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