Foto: Reuters
O recente caso de cura do recém-nascido nos Estados Unidos pode impulsionar a revisão de protocolos de terapia para crianças nascidas de mães HIV-positivas. “Mas para isso serão necessários vários anos de testes clínicos”, disse à RIA Nóvosti a médica Irina Nikolaevna, pesquisadora científica do Instituto de Imunologia de Moscou.
Cientistas das universidades Johns Hopkins e de Mississippi anunciaram a “cura funcional” de uma criança nascida de uma mãe infectada pelo vírus do HIV. Segundo ele, depois de 30 horas de seu nascimento, o bebê passou a receber medicamentos antiretrovirais em doses elevadas por um período de 18 meses.
Após o 29° dia de terapia, os testes já não mostravam mais a presença do vírus em seu corpo e, 10 meses depois de parar o tratamento, o vírus não foi mais identificado.
“Em muitos casos, a terapia antirretroviral permite reduzir a quantidade de vírus no organismo, fazendo com que não seja identificável pelos testes existentes”, explicou Nikolaevna. “Mas o fato de vírus não ter sido detectado novamente em um prazo de 10 meses é um resultado muito bom.”
Segundo a médica, os métodos modernos de acompanhamento de grávidas permitem evitar a infecção de recém-nascidos por HIV em mais de 90% dos casos, e mesmo sem isso, 75% das crianças não são infectadas por suas mães. No entanto, o caso de “cura funcional” nos EUA pode se tornar um motivo para rever os protocolos de tratamento.
“Talvez a terapia antirretroviral em altas doses possa, de fato, assegurar a remissão. Porém, são necessários vários testes clínicos e anos de trabalho”, acredita especialista. “De qualquer modo, isso pode ser uma escolha muito difícil: o próprio tratamento antirretroviral pode ser muito tóxico, e é preciso escolher o que é menos perigoso para o paciente”, concluiu Nikolaevna.
Prevenção
Aleksêi
Mazus, chefe de diagnóstico e tratamento de infecções causadas pelo vírus do
HIV do Ministério da Saúde russo, reitera que os cientistas estudam há muito
tempo a possibilidade de cura de uma criança que tenha sido infectada com HIV durante
o parto.
“Se a
terapia antirretroviral for iniciada rapidamente, e se o vírus ainda não entrou
nos chamados reservatórios virais, é possível garantir a cura”, explica Mazus. “Pelo
que aconteceu recentemente nos EUA, temos a confirmação
dessa teoria que vem sendo discutida pelos cientistas”, completa o médico.
O chefe do
Centro Federal para a Prevenção da AIDS, Vadim Pokrovski, também acredita que o
tratamento precoce pode atrasar o primeiro ciclo de desenvolvimento do vírus.
“Moscou também é líder nessa área. Quase todas as mulheres recebem tratamento durante a gravidez e parto. A terapia antirretroviral é também prescrita para o recém-nascido. Se isso funciona, a probabilidade do nascimento de um bebê saudável é de 99%”, afirma Pokrovski.
Publicado originalmente pela agência de
notícias RIA Nóvosti
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