No início desta semana, o professor de genética da Harvard Medical School, George Church, disse em entrevista à revista alemã “Der Spiegel” ser possível clonar o homem de Neandertal, extinto há mais de 30 mil anos.
De acordo com Church, para o experimento, seria necessária uma mãe de aluguel, que se comprometeria a ser a gestante do primeiro "novo homem de Neandertal". Em seguida, o cientista explicou que não foi corretamente compreendido.
"Eu só quis dizer que se isso for possível algum dia, sob o ponto de vista técnico, precisaremos começar a falar sobre isso hoje”, disse Church.
Mas será que existe a possibilidade teórica de clonar um Neandertal? A pergunta foi respondida pelo diretor do Instituto de Genética Geral, Nikolai Yankovsky.
“Se simplesmente introduzirmos o DNA em uma célula humana, não teremos nada. Seria necessário implantar um DNA devidamente embalado no cromossomo em uma célula, mas por enquanto não podemos fazer isso. E por enquanto não está claro se isso será possível em qualquer momento do futuro. A ciência não pode fornecer agora uma resposta definitiva à pergunta", disse Yankovsky.
Ele explicou que a inserção da molécula diretamente no DNA pode dar certo somente com bactérias –organismos em cujas células não existem núcleos.
No entanto, até para esta experiência é necessária uma célula apropriada. Craig Venter, que restabeleceu uma bactéria com base no DNA sintetizado artificialmente, colocou a molécula em uma célula viva, que corretamente “dava início” ao DNA.
"Ninguém sabe no que difere aquilo que se encontra na célula de um Neandertal do que existe na célula humana, além do DNA. Uma célula contém diversos produtos, sem os quais o desenvolvimento acontecerá não se sabe como. Depende de seu equilíbrio", diz o cientista.
Os cientistas não possuem células vivas de neandertais —todas elas foram destruídas há milhares de anos.
"É como um aparelho de DVD e o disco a laser. O disco a laser é o DNA e talvez possamos fazê-lo, embora não possamos empacotar corretamente o DNA. Mas fazer o ‘aparelho de DVD’ –a célula– a ciência não sabe”, diz Yankovsky.
“Para fazer um Neandertal, é necessário não somente o disco, mas também o aparelho de DVD.”
Além disso, observou, há problemas graves com o próprio DNA –até o momento, os estudiosos conseguiram sintetizar somente o DNA bacteriano, que é milhares de vezes mais curto do que o do ser humano.
"Os meios de comunicação retratam o trabalho dos geneticistas como o de um construtor: você insere o DNA na célula e tudo começa a funcionar, surgem mamutes, neandertais, qualquer coisa. Essa uma visão é muito simplista. Por enquanto ainda há muitos obstáculos”, disse ele.
Publicado originalmente pela agência RIA Nóvosti
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