São Petersburgo terá o primeiro banco de material biológico humano da Rússia

Foto: Kommersant

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Centro Federal de Hematologia, Cardiologia e Endocrinologia Almazov criará banco com a missão de obter remédios contra doenças oncológicas, cardiológicas e endocrinológicos.

O primeiro banco de material biológico humano da Rússia e laboratórios modernos de pesquisas clínicas com a missão de obter remédios contra doenças oncológicas, cardiológicas e endocrinológicos serão criados no Centro Federal de Hematologia, Cardiologia e Endocrinologia Almazov em São Petersburgo.

Em entrevista ao jornal “Izvéstia”, o diretor de apoio informativo da empresa R&D AstraZeneca na Rússia e na Europa Oriental e diretor do centro de bioinformática e medicina preditiva da AstraZeneca em São Petersburgo, Vitali Prútski, explica porque as pesquisas clínicas na Rússia começam só agora e quando os primeiros medicamentos resultantes delas poderão ser obtidos.

Izvéstia:Qual é a situação em termos de pesquisas clínicas na Rússia?

Vitali Prútski: Muitas pesquisas clínicas têm sido feitas na Rússia, a maioria focadas no estudo das fases tardias de um medicamento, quando sua segurança e eficácia já foram provadas.

Este mercado é muito jovem na Rússia porque a União Soviética praticamente não tinha a experiência de desenvolvimento de medicamentos originais, apesar de possuir um potencial muito desenvolvido na área de química e química analítica.

O setor de saúde russo tem a necessidade de medicamentos originais para satisfazer a grande demanda da população. Esse desafio impõe a necessidade da realização de pesquisas clínicas abrangentes.

A participação de especialistas russos nas pesquisas clínicas realizadas por empresas farmacêuticas mundiais teve, na minha opinião, grande importância para o país em termos de cultura e tecnologia de pesquisas clínicas.

Como resultado, surgiu uma classe inteira de médicos para a qual os termos "ética médica", "consentimento informado", entre outros, não são meras palavras.

Izvéstia:Quais problemas surgem na realização de pesquisas clínicas na Rússia?

V.P: Apesar de o número de pesquisas vir crescendo, alguns problemas ainda se mantêm. Por exemplo, o valor de tais estudos continua alto. Há também problemas em termos de qualidade e fidedignidade da informação e de organização de centros clínicos para a realização de pesquisas.

Por essas razões, inclusive, a Rússia realiza muito menos pesquisas do que a Europa e a América do Norte, embora pesquisas clínicas na Rússia proporcionem uma série de vantagens.

Para a sua realização, são necessários dois componentes importantes: os pacientes reais e os médicos especializados. Ao contrário de muitos outros países, a Rússia possui um sistema de atendimento médico centralizado baseado em grandes estabelecimentos de saúde com um grande número de pacientes. Isso permite observar um paciente por muito tempo, o que é muito importante para as pesquisas clínicas.

Quanto ao segundo componente, a Rússia possui um grande potencial científico e uma grande quantidade de profissionais de medicina altamente qualificados.

Izvéstia:Talvez seja mais prático usar os resultados das pesquisas realizadas por especialistas estrangeiros, já que a Rússia enfrenta tantos problemas nessa área?

V.P: A Rússia precisa realizar pesquisas clínicas. Em primeiro lugar, a realização de pesquisas em solo russo com a participação de pacientes russos permite acelerar o processo de investigação e colocar mais rapidamente no mercado um medicamento cobiçado pelos pacientes.

Em segundo lugar, essas pesquisas permitem, em alguns casos, avaliar objetivamente o efeito de novos medicamentos junto à população russa.

Izvéstia:Quais pesquisas mais relevantes serão realizadas no centro peterburguense?

V.P: Em primeiro lugar, as pesquisas na área de doenças cardiovasculares, endocrinológicas, reumatológicas e oncológicas. No momento, não temos uma bioteca boa. Pretendemos inverter essa situação.

Estamos conscientes de que as atividades de uma bioteca enfrentam, não raro, estereótipos negativos. Nossa intenção é criar uma organização que opere de acordo com os mais altos padrões internacionais de ética e profissionalismo. Só então é que as atividades de um biobanco serão devidamente apreciadas e poderão vir a ser úteis às pesquisas nacionais e  internacionais.

Outro aspecto importante é que estamos ajudando a criar um biobanco em forma de empresa de biotecnologia por meio do mecanismo de investimento via capital de risco. Isso é algo novo na Rússia.

Para nós, esse esquema implica numa maior responsabilidade pelo resultado do trabalho de todas as partes envolvidas no projeto, ao contrário, digamos, da prática de financiamento através de subvenções governamentais.

 

Para a versão completa da entrevista em russo, acesse:

http://izvestia.ru/news/541749#ixzz2FPS0MX9W

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