Literatura russa além de Dostoiévski

Foto: PhotoXPress

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Quando se fala em literatura russa, logo vem à cabeça Dostoiévski ou Tolstói. Mas a Rússia tem escritores por todos os cantos. Não devemos nos limitar aos clássicos, já que muitos outros “gênios da caneta” merecem ser lidos e relidos. E a maioria dos assuntos dessas obras é bastante crítica!

Iliá Ilf e Evguêni Petroff, 12 cadeiras, 1927

A aventura do maior malandro da época, o odessit Ostap Bender, cujo o sonho era se mudar para o Rio de Janeiro e passear pelo calçadão da Copacabana de calça branca, é um clássico da literatura russa. Até virou filme! Infelizmente, ainda não existe uma tradução desse livro para o português, mas quem souber ler em russo ou em inglês, vale muito a pena!

Isaac Babel, Contos de Odessa, 1931

Isaac Babel é um escritor russo-judeu que foi fuzilado em 1940 por causa de suas críticas abertas a sociedade e governo. Ele foi o primeiro a escrever sobre temas polêmicos como aborto, desejo sexual (em um país que, segundo os políticos, “não havia sexo”) sem qualquer maquiagem. “Contos de Odessa” é o seu livro mais famoso. Durante muitos anos, Babel morou num dos bairros mais perigosos de Odessa, a Moldavanka, observando o comportamento de bandidos e pessoas comuns, anotando as histórias mais cativantes que depois seriam publicadas. Não há tradução de todos os contos para português, mas a maioria podem ser encontrados no livro Contos Escolhidos, da editora A Girafa.

Mikhail Bulgakov, Coração de um Cão, 1925

O conto é uma crítica à Revolução de 1917. O protagonista, o homem-cão Sharikov-Chugunkin, representa Stálin (os dois personagens têm sobrenome que tem a ver com metal: Chugunkin – ferro fundido, Stálin – aço). Já o professor Preobrazhenskiy é um protótipo do Lênin. O sobrenome dele vem da palavra russa “preobrajat’” – melhorar (o país). E o personagem Bormental, assistente do doutor que sempre briga com Sharikov-Chugunkin, é o próprio Trótski. Fala-se que nesse livro Bulgakov previu as repressões maciças de Stálin durante 1930. Tem tradução para o português e até um filme: versão italiana e russa.

Nikolai Gogol, Uma noite antes de Natal, 1832

Gogol é o Edgar Allan Poe russo. Seus contos são tão misteriosos quanto os do seu “colega” americano. Este livro, por exemplo, é menos macabro que todos os outros onde os personagens são mortos-vivos e vampiros. É uma história mais romântica que mostra muitos aspectos culturais do povo da região da Poltava (atual território da Ucrânia): música, dança e rituais mágicos. É um conto muito cativante. Lembro que eu costumava relê-lo todo ano na véspera do Natal para entrar no clima. Não existe tradução para o português, só para o inglês.

Alexandre Kuprin, O Orifício, 1915

É o primeiro livro na literatura russa que aborda o assunto de prostituição com tanta abertura. A vida de um grupo de prostitutas em um dos bordéis no sul da Rússia é descrita em todos os detalhes, desde a felicidade e paixão momentânea até o desespero causado por doenças venéreas. Disponível em inglês e em russo.

Mikhail Saltykov-Shchedrin, Contos, 1869

Os contos mais críticos de toda história da literatura russa. Escritos há quase dois séculos atrás, eles ainda são muito atuais. Mostram como os valores amizade, honestidade, amor, respeito, entre outros, se encontram perdidos e precisam ser resgatados.

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