Onde investir no Brics

Foto: RIA Nóvosti

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Muito se fala sobre o crescente investimento direto estrangeiro nos países emergentes, mas como ter acesso a tais oportunidades? Descubra aqui!

Em palestra na Universidade da Flórida em 1998, o investidor americano Warren Buffett disse não ser especialista na análise de países, e sim de empresas. E também não de todas as empresas, mas de segmentos específicos dentro de sua área de interesse e conhecimento como, por exemplo, companhias de seguro e empresas de alimentos.

Questionado sobre a situação no Japão, ele disse que, enquanto houvesse oferta de crédito em yen a 1% ao ano, ele e seu sócio, Charles Munger, continuariam a procurar bons negócios para investir lá, mas até então não tinham encontrado nada.

Buffett deu dois exemplos americanos de negócios de ponta. Primeiro, a See´s Candy, empresa de doces e chocolates que ele e Munger compraram em 1972 por US$ 25 milhões e cujo faturamento em 1998 seria de US$ 60 milhões. O segundo era referente à Coca-Cola Company, que, em 1919, fez seu IPO (da sigla em inglês, oferta pública inicial) a US$ 40 por ação e um ano depois estava valendo US$ 19 por ação. Foram encontradas várias causas conjunturais para essa queda e outras futuras, como racionamento de açúcar, a Grande Depressão, a Segunda Guerra Mundial etc. Mas quem tivesse mantido uma ação da Coca-Cola desde o IPO e reinvestido os dividendos teria, em 1998, US$ 5 milhões.

Para quem especula com ações no curto prazo pode até fazer sentido acompanhar o noticiário a fim de fazer previsões, mas para quem quer investir em bons negócios o caminho é diferente. Moro em Moscou há seis anos. Desde o início, trabalho com empresas daqui e do Brasil, em particular na área de serviços para a indústria petrolífera e no setor de alimentos. Considerando que convivo em meio à economia russa desde 1995, quando morei aqui pela primeira vez, já são 18 anos de Rússia (me formei e comecei a trabalhar em 1992).

Quando investidores russos me perguntam sobre o Brasil, respondo que há milhares de excelentes empresas brasileiras para investir: a esmagadora maioria de capital fechado e muitas de pequeno e médio porte, além de startups com grande potencial em diferentes áreas. A mesma resposta vale para a Rússia e para os demais Brics. Os países não acabam, apenas mudam, e os bons negócios de verdade perduram e crescem na maioria dos casos, apesar de acontecimentos geopolíticos de grandes proporções.   

Bangalore, na Índia, está entre as dez cidades mais empreendedoras do mundo, sobretudo na área de tecnologia da informação. Na Grande São Paulo, há oportunidades em setores ligados a consumo e também tecnologia. Já na China, as chances são ainda mais numerosas e diversificadas. Sobre os números crescentes de investimento direto estrangeiro nos Brics, todos já sabemos pela grande imprensa internacional, mas como ter acesso a essas oportunidades de investimento a fim de avaliá-las e eventualmente apostar em alguma?   

Esse tipo de informação, antes acessível só para grandes investidores ligados a fundos internacionais de private equity e venture capital, começou a ser divulgada para o público em sites como Rusbase.com (startups russas), Startupbase.net (startups brasileiras), Angel.co (startups no mundo inteiro) e Techinasia.com (startups na Ásia), entre outros. É um movimento recente e destinado a se estender para outras classes de ativos, além de startups. E também é onde vejo hoje as melhores oportunidades de investimento nos Brics.

Quando o economista Jim O´Neill criou o termo Bric, ele se referia a uma tendência econômica de longo prazo, mas a expressão acabou se associando à especulação financeira de curto prazo. A perspectiva deste post é, de certa forma, voltar ao sentido original do termo.

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