Skôlkovo é, portanto, uma aposta de longo prazo. Suas áreas prioritárias são: tecnologia da informação (IT), energia, tecnologia nuclear, biomedicina e aero-espacial Foto: Fotoimedia/Skolkovo
Mas eu não sabia que Skôlkovo (palavra proparoxítona cujo «o» final átono se pronuncia como «a») é mais do que uma escola, é uma cidade. Fui de carro até a Skôlkovo Business School, onde me disseram que o evento era no Hypercube. O segurança me explicou como chegar lá, mas não foi fácil, pois era uma manhã fria e chuvosa sem quase ninguém na rua para perguntar.
Enfim avistei o Hypercube, cuja foto segue abaixo, junto com outra da Skôlkovo Business School. Ao redor, vi uma cidade pós-moderna nascendo: ruas, prédios em construção, vilas residenciais, clube de golfe, shopping center etc. No Hypercube, tomei um café expresso para aquecer a alma, enquanto digeria o que tinha visto (me lembrou Brasília nos anos 60) e apreciava o interior do prédio, uma espécie de Centro Georges Pompidou mais enxuto.
Na primeira parte do evento, um dirigente falou sobre Skôlkovo. Começou alertando para não se tomar a escola pela cidade, ou seja, a parte pelo todo. Em 12 de novembro de 2009, o então Presidente Dmitry Medvedev anunciou sua decisão de criar um Vale do Silício russo, um «cluster» de empreendedorismo ligado à alta tecnologia. A Rússia tem sido historicamente bem sucedida em C&T, mas não no marketing de seus resultados.
Para a frutificação do Vale do Silício, na Califórnia, foi decisiva a criação do Stanford Industrial Park em 1951, em Palo Alto, o primeiro «office park» do mundo pertencente a uma universidade e focado em empreendimentos de alta tecnologia. Há exemplos posteriores no próprio Estados Unidos e em outros países, como Bangalore, na índia, e Zhongguancun, perto de Pequim, na China.
Skôlkovo é, portanto, uma aposta de longo prazo. Suas áreas prioritárias são: tecnologia da informação (IT), energia, tecnologia nuclear, biomedicina e aero-espacial. É composta por várias instituições, entre as quais destacam-se a Fundação Skôlkovo (financiada pelo Governo russo e responsável pelo desenvolvimento de Skôlkovo como um todo), o Instituto Skôlkovo de Ciência e Tecnologia (em parceria com o MIT – Massachusetts Institute of Technology), a Skôlkovo Business School. Além disso, conta com a participação de grandes grupos empresariais russos, como o Renova, comandado por Victor Vekselberg, e de transnacionais como a Microsoft e a Cisco Systems. Agências do Governo russo de apoio ao empreendedorismo «high-tech», como a Russian Venture Company e a Rusnano, também atuam em Skolkovo.
Para se aprofundar no tema, sugiro o link www.skolkovo.ru (tem versão em inglês). No belo prédio da Skôlkovo Business School, há diversos auditórios, entre os quais um denominado Belo Horizonte, em homenagem ao Brasil, pois o aprofudamento da relação com os Brics é uma das prioridades de Skôlkovo. Não vou tentar advinhar o futuro de Skôlkovo, mas em seu favor vejo três fatores: forte tradição russa em C&T, foco no empreendedorismo e internacionalização.
Carlos Serapião mora em Moscou e trabalha no Brics funding. Formou-se no Instituto Rio Branco e tem mestrado em finanças pela École Nationale des Ponts et Chaussées.
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: