Foto: RIA Nóvosti
A partir deste ano os programas de FIV (Fertilização In Vitro) serão financiados nos moldes do programa básico de OMS (Seguro Médico Obrigatório), falou ao jornal “Izvestia” o vice-prefeito de Moscou em Assuntos Sociais, Leonid Pechatnikov.
Assim, os moscovitas poderão resolver gratuitamente também em clínicas particulares o problema da infertilidade, caso estas entrem no sistema de OMS de Moscou.
De acordo com Pechatnikov, há atualmente 2.500 famílias da cidade na fila à espera do procedimento para este ano. O custo de cada FIV para os cofres públicos será de 106 mil rublos, enquanto que em clínicas privadas o valor varia entre 100 mil e 250 mil rublos.
O vice-prefeito não especificou qual o volume de recursos alocados pelo orçamento do OMS para a FIV. Segundo ele, o procedimento será financiado pelo fundo apenas em parte –a outra parte dos custos será assumida pelo orçamento do governo de Moscou.
Vale lembrar que o total previsto para 2013 para o programa de serviços de saúde em Moscou é de cerca de 261 bilhões de rublos; em 2014, esse valor deverá crescer para 283 bilhões e, em 2015, chegará em 319 bilhões de rublos.
A chefe do centro de saúde Médico, Oxana Starkova, especialista em inseminação artificial, destacou que se a FIV for financiada através do sistema de OMS, sendo dado oacesso a esses recursos para empresas privadas, a fila para o procedimento na metrópole será reduzida significativamente.
“Os moscovitas poderão escolher a clínica para fazer a FIV e o médico em quem confiar essa tarefa”, salientou.
Segundo Oxana, hoje somente duas clínicas fazem a FIV gratuitamente dentro das cotas do Departamento de Saúde: o Centro Científico de Obstetrícia, Ginecologia e Perinatologia V. I. Kulakov, do Ministério da Saúde, e o centro de Planejamento e Reprodução Familiar do Departamento de Saúde da cidade de Moscou.
O médico-chefe deste último, por sinal, é o chefe da Ginecologia e Obstetrícia da cidade, Marc Kurtzer. Sua rede de clínicas, a Mamãe e Bebê, realizou em outubro passado seu IPO (oferta pública inicial de ações na bolsa), com valor estimado em US$ 900 milhões.
Clínicas particulares
Segundo informações dadas ao “Izvéstia” pelo diretor-geral do Centro Nacional para a Reprodução Humana, Andrei Akopian, por enquanto as clínicas particulares que se especializam em FIV não entrarão no sistema OMSde Moscou.
“Existe a vontade, as negociações estão acontecendo, mas entrar nesse mercado é extremamente complicado”, disse ele.
Das 660 instituições médicas do sistema metropolitano OMS, somente algumas dezenas são comerciais, basicamente clínicas multi-disciplinares, odontológicas e oftalmológicas. Hoje em dia os moscovitas podem escolher qualquer instituição médica que faça parte desse sistema, independentemente do local de sua residência.
De acordo com o advogado Alexei Tikhomirov, o problema fundamental de financiamento proveniente do orçamento governamental para a FIV é que é concedida somente uma tentativa gratuita para as famílias.
“No entanto, apenas um pequeno número de mulheres consegue engravidar após o primeiro procedimento, sendo necessárias, basicamente, de duas e a três tentativas”, disse Tikhomirov. "Assim, de qualquer maneira, as famílias acabam gastando uma quantia de dinheiro enorme do próprio bolso.”
“Entretanto, por enquanto, o governo de Moscou não planeja simplificar o procedimento para o recebimento da cota do orçamento para FIV”, diz Pechatnikov.
Regras
As regras rigorosas foram desenvolvidas ainda em 2007. Poderão qualificar-se para o financiamento em clínicas públicas e privadas somente as famílias registradas oficialmente e que não têm filhos compartilhados.
A mulher deve ter entre 22 a 38 anos de idade e ter um diagnóstico de infertilidade tubária absoluta. Se a família não pode ter um filho por outros motivos, ela poderá ser incluída na cota somente se o problema tiver duração de mais de dois anos e não puder ser resolvido de outras formas, como, por exemplo, com o auxílio de cirurgias.
Starkova acrescentou, por sua vez, que nos EUA e Israel as famílias recebem financiamento para a FIV mesmo que queiram ter um segundo ou terceiro filho.
“Levando em conta a situação demográfica na Rússia, nós também acabaremos chegando nesse ponto”, diz a médica. “O problema da infertilidade, especialmente nas megalópoles, cresce cada vez mais a cada ano. Aqui, os motivos econômicos também desempenham o seu papel”.
De acordo com a Starkova, as autoridades de Moscou somente poderão afrouxar as exigências para as famílias que recebem a cota se aumentarem o financiamento total da FIV pelo orçamento.
Originalmente publicado pelo jornal Izvéstia
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