Foto: mid.ru
O uso de armas químicas pela liderança síria seria um suicídio político para o país, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguêi Lavrov, em entrevista à rede de televisão Russia Today.
"Não acredito que a Síria vá usar armas químicas. Sempre que surgem informações ou boatos relacionados a isso, entramos em contato direto com o governo sírio, que sempre nos oferece garantias sólidas de que não irá usá-las em nenhuma circunstância", disse o ministro.
Lavrov disse não descartar a hipótese de uma intervenção militar externa no conflito sírio sem o aval da ONU (Organização das Nações Unidas), como aconteceu no Iraque ou na Iugoslávia.
O governante disse que a Rússia não vai insistir na renúncia de Bashar Assad, lembrando que o presidente sírio declarou reiteradas vezes que não iria abandonar seu posto.
A comunidade internacional não dispõe de informações oficiais sobre a quantidade de armas químicas em posse da Síria. De acordo com o serviço secreto dos EUA, o país possui estoques de gases neurotóxicos, como sarin e iperita. Também é possível que o país esteja tentando obter também o gás VX.
Os estoques de gases estariam em bunkers e instalações de armazenamento no subúrbios das cidades de Aleppo, Hama, Homs e Latakia e são avaliadas em centenas de toneladas, segundo dados publicados pelo Centro James Martin de não-proliferação das armas de destruição em massa, do Canadá.
Na última segunda-feira (24), a revista alemã "Focus-Online" informou, citando suas fontes, que unidades de elite das forças armadas da França e dos Estados Unidos estão na fronteira jordano-síria se preparando para uma possível intervenção na Síria para defender seus depósitos de armas químicas contra os islamistas em caso de queda do regime de Assad.
Soldados das unidades especiais norte-americanas Delta e Rangers treinados para operações de deserto também estão de prontidão, afirma a revista.
Lavrov comentou ainda sobre a instalação de mísseis antiaéreos Patriot da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na fronteira turco-síria, dizendo que a medida busca repelir ameaças provenientes não só da Síria, mas também do Irã.
"Eu li e ouvi o que os especialistas dizem: se o objetivo tivesse sido se defender contra ataques sírios, os mísseis teriam sido posicionados de uma maneira diferente. Os especialistas dizem que a maneira como eles estão posicionados mostra que esses mísseis se destinam a defender o radar americano, integrado ao escudo antimíssil dos EUA, contra a ameaça por parte do Irã", disse Lavrov.
Também na última segunda, em Damasco, o enviado internacional da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lajdar Brahimi, se reuniu com Assad e afirmou que, ainda que a situação seja "preocupante", espera que todas as partes cheguem a uma solução para o conflito.
Segundo a agência ITAR-TASS, Brahimi trabalha em um "mapa de estrada" para o conflito sírio com base no Documento de Genebra, aprovado em 30 de junho pelo Grupo de Ação.
Nos bastidores da Liga Árabe, o "mapa" recebeu o nome de "Genebra-2." Mas sua implantação depende do desejo do regime e da oposição sírios de chegar a um compromisso histórico para dar fim ao derramamento de sangue no país.
O comunicado de Genebra prevê a formação de um governo de transição composto por representantes do regime sírio e da oposição para realizar novas eleições parlamentares e presidenciais.
Conflito
A agitação que eclodiu na Síria em março de 2011 logo se transformou em confrontos armados entre os partidos da oposição e as forças do governo. As autoridades sírias afirmam que as unidades rebeldes estão sendo apoiadas externamente.
De acordo com dados da ONU, entre 20 mil e 30 mil pessoas foram mortas no país nos 20 meses de conflito, informou a agência RIA Nóvosti.
Para acesso ao artigo original em versão russa, clique: http://www.vz.ru/politics/2012/12/24/613433.html
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