Foto: RIA Nóvosti
A deputada federal pelo Rússia Justa, general da polícia Tatiana Moskalokova, afirmou, em entrevista ao jornal “Izvéstia”, que um grupo de deputados está elaborando um projeto de lei para convocar mulheres para o serviço militar.
Moskalokova citou como exemplo o Exército de Defesa de Israel, onde um terço do pessoal é composto por mulheres.
A ideia é fazer com que mulheres com 18 anos completos compareçam por iniciativa própria a uma junta de serviço militar para efetuar o alistamento, como é praxe no caso dos homens.
"Quando uma moça receber a notificação para o comparecimento à comissão de seleção, ela terá o direito de decidir se irá ou não à tropa", disse a deputada.
"Isso nos permitirá criar serviços médicos e psicológicos e tornar o serviço militar mais humano nas Forças Armadas ", completou.
Milhares de mulheres já servem as Forças Armadas russas sob contrato –segundo dados de 2012, são 50 mil no total. Outras tantas ocupam cargos civis.
Céticos
A bancada do partido governista Rússia Unida, com 53% dos assentos na câmara baixa, se mostrou cética em relação à iniciativa.
"Muitas universidades do país possuem Centros de Preparação de Oficias da Reserva, onde as jovens interessadas podem obter especialidades militares como médicas, intérpretes militares, entre outras", disse o vice-presidente da Câmara, Sergêi Jelezniak.
O segundo maior partido do país, o KPRF (Partido Comunista da Federação da Rússia), também se declarou contrário à iniciativa.
"Em tempo de paz, somos contra as mulheres serem convocadas para o serviço militar porque isso é um passo para o serviço militar obrigatório para as mulheres, como em Israel ou Cuba, países que se encontram em situações de emergência", disse o chefe do Serviço Jurídico do KPRF, Vadim Soloviev.
O especialista do Centro de Análise de Problemas, Víktor Averkov, acredita que a convocação das mulheres para o serviço militar não corresponde à atual situação no país.
"Não enfrentamos uma ameaça externa direta que nos obrigue a realizar uma mobilização total", disse Averkov.
Ígor Korotchenko, editor-chefe da revista Defesa Nacional, acredita que a experiência de Israel não é ilustrativa para a Rússia.
"Israel está cercado por inimigos. Por isso, é vitalmente importante para o país manter o potencial combativo de suas Forças Armadas no devido nível. Em nossa situação, é suficiente completar as fileiras do exército com soldados do sexo masculino", disse Korotchenko.
Valentina Melnikova, presidente da União das Mães de Soldados, disse que a ideia é absurda.
"Não temos condições para recrutar mulheres para o serviço militar. Isso só será possível se as mulheres forem convocadas em regime de contrato porque, nesse caso, surge a possibilidade de lhes conceder um bloco de alojamentos separado", disse Melnikova em entrevista à emissora de rádio Serviço de Notícias Russo.
Facilidades
Já para Moskalkova, durante o cumprimento do serviço militar, as jovens recrutas poderiam se beneficiar de algumas facilidades.
"Em Israel, por exemplo, as jovens recrutas são autorizados a dormir em casa. De manhã, elas retornam à sua unidade. Além disso, elas recebem um bom salário, capacitação profissional e o direito à matrícula privilegiada em universidades", disse Moskalkova.
Segundo a porta-voz do Exército de Defesa de Israel, Anna Ukolova, a presença da mulher no exército tem efeito positivo.
"Ele é especialmente sentido quando uma mulher ocupa um cargo de instrutor, independentemente do ramo das Forças Armadas. Em Israel, as mulheres podem ser instrutores de cavalaria blindada, de aviação, entre outros", disse Ukolova.
Mas Ukolova também não acredita que o recrutamento militar de mulheres tenha um efeito positivo na Rússia.
"Israel é um país pequeno em extensão territorial. Por isso, as mulheres recrutas podem prestar atenção a suas famílias. Na Rússia, pelo que eu sei, o serviço militar é cumprido, não raro, longe de casa", disse Ukolova.
De acordo com Nikolai Pankov, secretário de Estado do Ministério da Defesa da Rússia, o efetivo das Forças Armadas russas é de 667 mil recrutas. Os dados são de abril deste ano.
Se acrescentarmos a esse número os cadetes e professores das escolas militares, assim como os oficiais temporários, o número de militares chega a mais de 800 mil.
Reportagem combinada com materiais do Izvéstia, RIA, RUS Nóvosti, Regnum, Vedomosti e ER
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