Fabricante de sistema de aviso rápido de acidentes de trânsito quer ajuda do Estado para manutenção do projeto

Foto: spacecorp.ru

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Missão do Era-Glonass é informar, o mais rapidamente possível, os serviços de emergência do país sobre o acidente, a matrícula do veículo acidentado, seu número de identificação e o nome do proprietário. Desenvolvedores do Era-Glonas garantem que implantação do sistema em carros de passeio garantirá a vida de 6.000 vítimas de acidentes de trânsito até 2020

Com o projeto de lei sobre a implantação do sistema de aviso rápido de acidentes de trânsito Era-Glonass na Rússia, encaminhado para apreciação do governo no último dia 7, os autores prometem salvar, até 2020, a vida de 6.000 vítimas de acidentes de trânsito em troca de investimentos públicos na sua infraestrutura e manutenção.

A missão do sistema Era-Glonass é informar, o mais rapidamente possível, os serviços de emergência do país sobre o acidente, a matrícula do veículo acidentado, seu número de identificação e o nome do proprietário.

Os dados serão transmitidos por uma rede de telefonia celular para uma central, para que essa envie ao local uma ambulância, a polícia e equipes de resgate.

A ideia é que, em caso de acidente, os proprietários dos veículos equipados com o sistema Era-Glonass recebam atendimento médico mais rápido.

O Glonass é um sistema russo de localização por satélite.

Para fins de cálculos, os autores do projeto estimaram que, até 2018, uma  vida humana custaria ao Estado 4 milhões de rublos (cerca de R$ 270 mil), em 2019, 5 milhões (cerca de R$ 340 mil) e, em 2020, 6 milhões (cerca de R$ 400 mil).

Os números provêm das estimativas das perdas de companhias de seguros e do Estado com a morte de uma pessoa.

Em troca das 6.000 vidas salvas e dezenas de bilhões de rublos economizados, os autores do projeto pedem que o Estado invista, até 2013, um total de 3,92 bilhões de rublos (cerca de R$ 270 milhões) na criação e manutenção da infraestrutura do Era-Glonass.

As principais despesas com a implantação do novo sistema, no entanto, correrão por conta dos usuários, que serão obrigados a pagar a compra, a instalação e a manutenção de terminais.

De acordo com o estudo de viabilidade do projeto, em 2020, o número de veículos equipados com terminais Glonass atingirá 45,9 milhões. O custo estimado de cada unidade é de 30 a 40 mil rublos (cerca de R$ 2.000 a R$ 2.700) e depende do conjunto de opções escolhidas.

Prevê-se que, a partir de 2016, os terminais do Era-Glonass virão pré-instalados em todos os carros novos fabricados na Rússia. As maiores operadoras de telefonia celular do país prometem reservar ao Era-Glonass uma rede virtual separada.

Novos gastos

Especialistas duvidam, porém, que a iniciativa seja vista com bons olhos pelos motoristas do país, porque, para eles, isso significa novos gastos com a instalação de um equipamento dispendioso e não tem relação com a obrigação do Estado de melhorar a situação em termos de segurança rodoviária.

O diretor da empresa Cultura de Informação, Ivand Begtin, duvida que a intenção do governo de equipar todos os carros particulares com os terminais do sistema tenha efeito positivo.

"Existem áreas em que a coerção é justificada. A ideia de instalar o sistema Glonass nos meios de transporte público é boa e amplia nossas possibilidades do cidadão: podemos saber, por exemplo, onde o ônibus está. Já a ideia de obrigar os proprietários de carros particulares a instalar os terminais por sua conta é nada mais que a extorsão de dinheiro pelo Estado", diz Begtin.

O diretor executivo da União de Transportadoras de Moscou, Iúri Svésnikov, também encara a iniciativa como nova tentativa de arrancar dinheiro dos motoristas.

"O projeto de lei em causa apenas obriga e não garante nada. Não há nenhuma garantia de que você seja socorrido dentro do prazo prometido. Para diminuir o número de vítimas fatais em acidentes de trânsito, é preciso desenvolver a infraestrutura de atendimento médico, aumentar o número de centrais de ambulâncias e melhorar seu assessoramento instrumental. Se nada disso for feito, o novo sistema, que, de fato, vai duplicar as funções de seu telefone celular, também não vai ajudar", disse Svésnikov.

Publicado originalmente pelo jornal Izvéstia

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