Mais de 10 mil pessoas por ano são formadas em gestão de negócios na Rússia

Foto: TASS

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Na liderança do setor de ensino empresarial estão as escolas criadas pelas universidades federais. A Universidade Lomonosov de Moscou (MGU, na sigla em russo), a Universidade de São Petersburgo e a Academia de Economia detêm quase 50% do mercado. Cursos podem chegar a US$ 90 mil.

Com não mais do que 20 anos, a educação empresarial é algo novo na Rússia –a União Soviética não possuía um sistema de ensino para a área.

As primeiras escolas de negócios no país surgiram, e usemos uma linguagem moderada, de forma confusa e espontânea. Na primeira metade dos anos 1990, o país se dedicou a negócios nas mais diversas áreas, inclusive a de educação.

Mas boa parte dos serviços de ensino empresarial eram "condicionalmente legais". Muitas das escolas não tinham licença e convidavam os potenciais clientes a aprender as disciplinas alegadamente ministradas na Universidade de Harvard, nos EUA, em apenas alguns meses por US$ 20 a US$ 30 mil, prometendo-lhes um diploma da universidade americana.

Como a demanda por ensino do tipo também estava subdesenvolvida, muitos engoliam a isca e pagavam a quantia exigida sem hesitar. As únicas instituições a tentar elaborar programas de ensino adequados aos padrões internacionais eram as universidades federais.

Na virada do milênio, o consumidor russo se tornou mais cauteloso e desconfiado (especialmente após a crise de 1998). Para se manter no mercado, os estabelecimentos de ensino se viram obrigados a se adaptar às novas condições.

Como resultado, os golpistas foram obrigados a abandonar o mercado de ensino de qualidade.

Quem ensina?

Na liderança do setor estão as escolas criadas pelas universidades federais.

A Universidade Lomonosov de Moscou (MGU, na sigla em russo), a Universidade de São Petersburgo e a Academia de Economia detêm quase 50% do mercado.

A Innograd Skolkovo, centro de tecnologia e inovação nos subúrbios de Moscou, está à parte e se posiciona como instituição de elite

O número de escolas de negócios licenciados no país chega a 80, e os preços variam entre US$ 90 mil (Skolkovo) e US$ 5 a  US$ 10 mil nas escolas menos qualificadas, onde o mais importante é a emissão do diploma e não o conteúdo do aprendizado.

Os maiores estabelecimentos, exceto Skolkovo, cobram cerca de US$ 60 mil.

Mesmo assim, nenhuma das escolas russas tem os três principais certificados internacionais de qualidade de ensino: o americano, o europeu e o britânico.

A situação começa a mudar somente agora, com uma escola em São Petersburgo prestes a obter o certificado europeu e outras 12 escolas, o britânico.

As diretorias das escolas atribuem isso às especificidades russas: algumas normas universalmente aceitas no Ocidente não têm sentido na Rússia em razão do tipo da prática de negócio no país ou da mentalidade dos gerentes locais.

Quem é ensinado?

Cerca de 10 mil pessoas em média são formados anualmente no país pelas escolas de negócios. Os cursos de MBA são frequentados geralmente por gerentes de alto e médio escalões (78%).

De acordo com a Liga Russa de MBA, metade deles acredita que, com a formação adquirida, podem subir na carreira, 45% esperam melhorar seu desempenho no cargo que ocupam e 5% querem abrir seu próprio negócio.

A diferença entre a Rússia e os países desenvolvidos está no número de formados em gestão de negócios e no fato de 80% dos alunos pagarem os estudos por conta própria. Mais do que isso, muitos alunos solicitam à escola para não dizer a seu empregador que estão estudando, pois frequentam os cursos para mudar de emprego.

Por vezes, os alunos potenciais pedem  às escolas escolhidas uma espécie de "plano de negócios", porque encaram o dinheiro investido nos estudos como investimento e querem saber como e quando seus investimentos serão amortizados.

No entanto, esses investimentos nem sempre são amortizados, dizem professores.

"Esses cursos só têm sentido para aqueles que já trabalham como gerentes. Se a pessoa matriculada ocupa um cargo baixo, é dinheiro jogado fora", afirma o presidente da Associação Russa de Ensino Empresarial, Sergêi Miasoedov.

Para Miasoedov, é difícil avaliar os investimentos feitos na educação. O principal objetivo dos cursos é ajudar as pessoas a resolver os problemas que surgem quando elas mudam de status.

Um exemplo clássico disso: um engenheiro talentoso que é promovido a vice-presidente de uma companhia e se depara com a necessidade de administrar as atividades econômicas, recursos humanos e planejamento estratégico de sua empresa.

As estatísticas mostram dados animadores. De acordo com a Liga Russa de MBA e o portal de internet Superjob.ru, 40% das pessoas formadas pelas escolas de ensino empresarial subiram na carreira de dois a cinco após a conclusão do curso. Entre os gerentes de nível médio esse percentual é de mais de 60%. Aqueles que tiveram promoções tiveram sua renda aumentada em 50%.

Como ensinam?

O ensino empresarial na Rússia não é muito diferente dos cursos de MBA na Europa ou nos EUA e tem semelhanças em termos de conteúdo de programas, carga horária e custos.

As escolas são muitas e diferentes.  As melhores escolas de negócios russas para os padrões de países desenvolvidos estão no nível “upper intermediate” (intermediário avançado).

Em outras palavras, não temos escolas semelhantes à Harvard, mas temos estabelecimentos capazes de dar uma boa educação a nível de seus pares europeus bem reputados.

Nos anos 1990, muitas escolas de negócios desacreditaram o ensino russo, esclarece um dos especialistas da empresa Headhunter.

Para quebrar essa visão estereotipada, serão necessários cerca de dez anos, acredita o especialista.

Enquanto isso, muitas escolas elaboram seus programas de estudos em conjunto com escolas europeias e emitem dois diplomas, um seu e o outro de sua escola parceira.

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