O presidente da Rússia, Vladímir Pútin, falou com jornalistas nesta quinta-feira (20), em Moscou. Um total de 1.040 profissionais de imprensa russos e 186 estrangeiros participaram da conferência.
Pela primeira vez um evento do tipo ocorreu fora dos muros do Kremlin, no CCM (Centro de Comércio Mundial).
Durante seus dois primeiros mandatos, de 2000 a 2008, Pútin realizou grandes coletivas de imprensa por sete vezes.
Em cada ano, o número de jornalistas credenciados, e consequentemente a quantidade de perguntas e a duração das conferências, aumentava.
A última delas ocorreu em 14 de fevereiro de 2008 e teve um duração total de 4h40.
Confira as principais falas de Pútin na conferência desta quinta.
Sobre a Síria: “País precisa de mudanças.”
No que se refere à Síria, a Rússia está preocupada não com o destino do regime do presidente Assad, mas com o futuro do país, disse Pútin.
“Nós não estamos preocupados com o destino do regime de Assad, compreendemos o que se passa lá, que a família está no poder há 40 anos. Naturalmente, são necessárias mudanças”, disse o presidente.
“A nossa preocupação é outra: o que acontecerá depois?”
Pútin sublinhou que não se deve permitir um processo de revoluções sangrentas sem fim no país.
“A Rússia não tem interesses na Síria”, completou.
Rússia e EUA não são inimigos
“A Rússia e os EUA não são inimigos”, afirmou o presidente russo durante a coletiva.
Ao reconhecer a existência de divergências em vários assuntos entre Moscou e Washington, sobretudo quanto a instalação do sistema de defesa antimíssil, o presidente russo sublinhou:
“Isso apenas comprova que as partes devem ter paciência e continuar procurando um compromisso, sem deixar de zelar por sua segurança nacional”.
Futuros governantes
Durante a entrevista, Pútin declarou que não considera o sistema político vigente na Rússia autoritário.
Ao justificar tal declaração, o presidente lembrou sua decisão de recusar, em 2008, uma proposta de revisão constitucional que permitiria ao chefe de Estado concorrer a um terceiro mandato consecutivo e de preferir a passagem para “posições de segundo plano”, ao assumir o cargo de primeiro-ministro.
Ao falar do futuro após sua saída do cargo, Pútin disse:
“Como é óbvio, mais cedo ou mais tarde, deixarei o cargo de presidente, tal como o deixei há quatro anos e meio. E é perfeitamente natural que eu não seja indiferente à questão de saber quem dirigirá o país. Digo sem qualquer ironia: quero que os futuros dirigentes do país, sobretudo o presidente, tenham ainda mais sucesso. Considero que, comparado a outros períodos da história russa, este não foi dos piores, quando não o melhor. Mas quero que os futuros dirigentes tenham ainda mais sucesso e sorte, pois gosto da Rússia.”
“Fim dos tempos”
Durante a coletiva, Pútin disse não ter medo do apocalipse.
“Não adianta sentir-se apavorado perante aquilo que é inevitável”, frisou o líder russo, respondendo a uma pergunta formulada minutos antes por um jornalista que contou uma piada sobre o presidente que "tudo sabia sobre o fim do mundo".
Já falando sério, Pútin afirmou saber a data exata deste acontecimento.
Segundo precisou, o fim dos tempos ocorrerá daqui a 4,5 mil milhões de anos, quando o sol se apagar, fazendo a vida no planeta desaparecer.
Rússia e a crise mundial
Entre janeiro e outubro deste ano, o PIB da Rússia cresceu 3,7%, destacou Pútin.
Segundo o presidente russo, é um bom resultado num contexto de recessão na zona euro e de desaceleração do crescimento dos EUA e da China.
Passaporte russo a Depardieu
Na coletiva, Pútin declarou que se o ator francês Gerard Depardieu quisesse obter um passaporte russo, ele o teria.
"Se Gerard Depardieu quiser efetivamente obter um visto de residência ou um passaporte russo, façamos de conta que é um assunto arrumado", frisou o presidente russo, adiantando “saber seguramente” que o ator "se assume como francês" e é patriota de seu país, mas está atravessando tempos difíceis.
Publicado originalmente no site da rádio Voz da Rússia
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