Artem Varnakov, diretor da Power Machines E.G.E. do Brasil. Foto concedida pelo autor
O dia 17 de dezembro de 2012 foi certamente o mais feliz de Artem Varnakov desde sua chegada a São Paulo, há dois anos, como diretor da recém-fundada Power Machines E.G.E. do Brasil.
Depois de uma exaustiva negociação iniciada em setembro deste ano, foi assinado às 10h40, no escritório 81 da Emae (Empresa Metropolitana de Água e Energia de São Paulo), o primeiro contrato da companhia.
“Todos os clientes pedem referências dos nossos equipamentos. Agora, nós temos uma referência, o que vai diminuir nossos obstáculos” afirmou Artem, durante almoço comemorativo com Yury Kondratiev, vice-adido comercial da Rússia no Brasil, a quem agradeceu pelo empenho na concretização do negócio.
Ele assinou todas as páginas do contrato com sua caneta tinteiro de estimação.
Gigante
A empresa-mãe, sediada em São Petersburgo, dispensa apresentações. Desde 2007 a Power Machines S.A. é uma sociedade anônima aberta, com participação de sócios estrangeiros.
Noventa e cinco por cento das ações pertencem à empresa Highstat Limited, cujo beneficiário final é Alexey Mordachov. Os 5% restantes estão pulverizados entre acionistas minoritários.
É a mais importante empresa russa fabricante e fornecedora de soluções completas e integradas na área de construção de máquinas para geração de energia, incluindo engenharia, fabricação, fornecimento, montagem, manutenção e modernização de equipamentos para centrais termelétricas, nucleares, hidrelétricas e turbinas a gás.
Ocupa o quarto lugar no mundo em volume de equipamento instalado. Na América Latina, estão instalados equipamentos com potência total de cerca de 8 mil MW. A potência total de equipamentos fabricados é de mais de 300 GW. A cada dez turbinas fabricadas no mundo, uma é da Power Machines.
A empresa já fabricou mais de 2.700 turbinas a vapor, 2.550 turbogeradores, 700 turbinas hidráulicas e 600 geradores hidrelétricos.
Em 2011, com mais de 25 mil funcionários, totalizou vendas de US$ 2,2 bilhões e lucro de US$ 363 milhões.
Sete anos
O contrato de US$ 300 mil assinado com a Emae diz respeito à substituição de peças em equipamentos instalados pela Power Machines S.A. em 2005, ao preço de US$ 3 milhões.
No atual momento, em que o governo brasileiro faz um grande esforço para diminuir o preço da energia elétrica para o consumidor final, seja para pessoa física ou jurídica, esse contrato é revelador.
“As normas russas são mais rígidas do que as brasileiras” diz Artem.
“Exigem que a durabilidade das peças de uma hidrelétrica seja de sete anos, a partir dos quais são permitidas reposições. No Brasil, a durabilidade exigida é de dois anos e meio. Sendo mais resistente, o equipamento russo gera menor custo de manutenção, redundando na queda do preço por quilowatt.”
O contrato com a Emae prova a verdade da afirmação: somente sete anos depois as primeiras peças serão substituídas.
Também é possível baratear o preço final substituindo usinas pequenas por outras maiores.
“O Brasil tem muitas usinas pequenas” diz Artem. “Na Rússia, as usinas são grandes, de dois a seis gigawatts. Muitas usinas antigas estão sendo modernizadas. Estão sendo implantadas turbinas mais eficientes, mais potentes e mais duráveis. Essa experiência que vamos transferir para o Brasil.”
Por enquanto, a Power Machines do Brasil se resume a um bem montado escritório num bairro nobre de São Paulo e a três funcionários fixos, aos quais se reúnem engenheiros russos e brasileiros quando há projeto em execução.
Energia mais barata
“Temos equipamentos instalados em cinco usinas brasileiras: Sobradinho, Capivara, Porto Góes, Galera e Passo São João. Em outubro, finalizamos os trabalhos na Usina Passo São João, à qual fornecemos geradores de 44 megawatts amper. Nos testes que realizamos, o rendimento obtido foi mais alto do que o previsto no projeto, o que implica em maior faturamento para a usina e energia mais barata para o consumidor final. Esse é o nosso objetivo: baratear a energia.”
Perguntado se isso não implica em abrir mão da tecnologia mais moderna, Artem responde que “nosso objetivo é fazer a energia mais barata com a melhor tecnologia”.
“A nossa tecnologia, que é mundialmente conhecida, provém de grandes institutos e de um departamento de desenvolvimento de tecnologia. Temos acordo com institutos estatais de pesquisa para desenvolver novas tecnologias e novos materiais. Nossas fábricas e nossos departamentos de pesquisa existem há mais de cem anos. Quando a empresa foi privatizada, os acordos com os institutos estatais foram mantidos, o que é raro acontecer em privatizações.”
Sobre os planos da empresa de produzir no Brasil, o empresário afirma:
“Temos um acordo com uma fábrica de Santa Catarina para produzir nossos equipamentos no Brasil. Assim poderemos ter acesso ao financiamento do BNDES. Talvez daqui a dois ou três anos vamos ter empresa com engenheiros, técnicos, designers brasileiros não só para usinas hidrelétricas, mas também termelétricas e usinas atômicas.
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