Foto: Президент.рф
Rússia e Brasil não aproveitam plenamente o potencial econômico um do outro.
Essa é opinião do vice-primeiro-ministro russo, Arkadi Dvorkóvicth, que discursou na 2ª edição do Fórum Empresarial Brasil-Rússia: Fortalecendo a parceria estratégica, realizado em Moscou na sequência da visita oficial da presidente brasileira, Dilma Rousseff, na semana passada.
Essa foi a primeira viagem à Rússia da presidente brasileira, que passou seu aniversário em uma gelada Moscou.
No ano passado, as trocas comerciais entre a Rússia e Brasil cresceram 10%, para US$ 6,5 bilhões. Neste ano, sofreram uma ligeira desaceleração, crescendo apenas 7%.
Parece que os dois países estão se aproximando de um patamar em que o crescimento do intercâmbio comercial será impossível sem programas de incentivo e promoção.
Pressionados pelas estruturas de suas economias, os dois países trocam principalmente commodities. Enquanto a Rússia exporta hidrocarbonetos e produtos químicos para o Brasil, o Brasil vende à Rússia alimentos, sendo responsável por 80% das importações russas de açúcar bruto, 41% das importações de carne bovina, 26% das de café e 23% das de carne suína.
Para especialistas, o intercâmbio comercial nas vertentes tradicionais só pode ser aumentado por meio da otimização da logística e aplicação de soluções específicas. Os mesmos navios que enviam trigo da Rússia ao Brasil, por exemplo, poderiam voltar carregados de soja brasileira, disse Sergêi Poliakov, diretor-geral da Companhia Unida de Grãos, durante o discurso no Fórum.
Se os dois países concordassem também em transportar outros produtos por rota marítima, como fertilizantes, por exemplo, um fluxo comercial adicional de 5 milhões de toneladas poderia ser criado, acredita Poliakov.
No entanto, a iniciativa do empresário se depara com uma série de obstáculos, entre os quais a proibição fitossanitária à importação de grãos russos e um imposto de importação de 10% vigente no Mercosul. Dada a distância entre Rússia e Brasil, essa medida vira um entrave à chegada de mercadorias russas ao país.
Tecnologia
Ao que tudo indica, os dois países acordaram para a possiblidade de começar a trocar bens tecnologicamente sofisticados como via de estímulo de seu intercâmbio comercial.
Após as conversas oficiais em Moscou, Dilma e Pútin assinaram o Plano de Ação de Associação Estratégica entre os dois países.
"Nossos países têm pela frente um bom caminho para aprofundar a cooperação econômica e comercial e trabalhar de forma mais ativa na área de investimento na indústria, setor de infraestrutura, energia e defesa, não apenas no fornecimento de armas e na indústria aeroespacial", disse a presidente do Brasil.
O primeiro avanço importante foi registrado no setor de aviões e helicópteros. No primeiro dia da visita oficial de Dilma, chegou a notícia de que o avião brasileiro ERJ-190, da Embraer, recebeu autorização para começar a operar na Rússia e em alguns países da CEI (Comunidade de Estados Independentes, composta por ex-repúblicas soviéticas).
No segundo dia, soube-se que a empresa Helicópteros da Rússia fechou o primeiro contrato para fornecer sete modelos Ka-62 à empresa brasileira Atlas Táxi Aéreo e uma opção de compra de outras sete aeronaves.
Além disso, de acordo com o contrato, a companhia russa, em conjunto com seus parceiros regionais, irá participar na criação de um centro de manutenção pós-venda de helicópteros no Brasil.
Transportadoras russas também estão de olho no maior mercado da América Latina. A empresa Utair, por exemplo, pretende entrar no mercado brasileiro em 2014, segundo informou seu representante em entrevista à Gazeta Russa durante o Fórum.
Agora, a empresa está focada na atualização de sua frota de helicópteros.
Os testes do Ka-62 devem começar em 2013. Até 2015, a aeronave deve receber a certificação internacional, inclusive no Brasil.
Atualmente, a empresa Atlas Taxi Aéreo já opera helicópteros de múltiplas funções de médio porte Mi-171A1, adquiridos no ano passado.
A aeronave russa venceu a licitação realizada pela Petrobras e é vista como eventual opção para a renovação da frota da empresa Utair.
Após a visita de Dilma, soube-se também que a corporação estatal russa Russian Technologies e a maior fabricante de armas do Brasil, a Odebrecht Defesa e Tecnologia, assinaram um memorando de parceria tecnológica para o desenvolvimento conjunto de projetos e a criação de uma joint venture para a construção de helicópteros, sistemas de defesa antiaérea, equipamento naval, entre outros.
A colaboração compreende, entre outros aspectos, a transferência de tecnologia, a criação de joint ventures.
Além disso, Rússia e Brasil firmaram um acordo de cooperação na área da medicina militar, história militar e hidrologia e aprovaram um plano de consultas políticas entre os ministérios das Relações Exteriores dos dois países.
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