Terrenos agrícolas da Rússia estão entre os mais baratos do mundo, aponta estudo

Foto: RIA Nóvosti

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Segundo levantamento, terrenos agrícolas mais caros se encontram no sul do país: nas regiões de Krasnodar (US$ 1.700 por hectare), Rostov (US$ 1.300 por hectare) e Stavropol (US$ 1.200 por hectare). Terrenos semelhantes são várias vezes mais caros no exterior, chegando a US$ 11,3 mil por hectare na Alemanha ou na França.

A baixa demanda faz com que os terrenos agrícolas na Rússia sejam cinco ou até seis vezes mais baratos do que na Europa e nos EUA.  

É o que aponta um levantamento especial elaborado pela primeira vez na Rússia pelo centro de análise Sovekon, com dados dos preços das terras agrícolas na Rússia e no exterior.

O estudo confronta terrenos de propriedade privada com uma área igual ou superior a 2 hectares e não considera as edificações na superfície.

Segundo o levantamento, os terrenos agrícolas mais caros se encontram no sul do país: nas regiões de Krasnodar (US$ 1.700 por hectare), Rostov (US$ 1.300 por hectare) e Stavropol (US$ 1.200 por hectare).

No exterior, terrenos semelhantes são várias vezes mais caros, chegando a US$ 11,3 mil por hectare na Alemanha ou na França, US$ 9.000 dólares por hectare nos EUA e no Brasil, US$ 7.000 por hectare na Argentina e US$ 4.500 por hectare nos países do Leste europeu.

"Ao avaliar esses dados, podemos dizer que há duas notícias, uma boa e outra má", disse o diretor executivo da Sovekon, Andrêi Sizov.

"A má é que a oferta de terras na Rússia excede muito a demanda. A boa é que seu preço tem um bom potencial de crescimento."

Especialistas verificam o maior potencial dos preços no sul do país, onde os terrenos agrícolas são especialmente atrativos porque a produção agrícola local está orientada principalmente para a exportação e mais atrelada aos preços no mercado mundial.

Para Sizov, o principal motor de crescimento do preço dos terrenos agrícolas russos são recursos de fundos de investimento ocidentais, fundos de pensão e outros.

Na hora de comprar um terreno, tais fundos consideram sua localização e distância até um porto, assim como o custo dos produtos agrícolas nele obtidos, incluindo os gastos de transporte para escoamento.

“Dito de outro modo, os fundos querem saber o quanto podem ganhar por hectare”, diz Sizov.

As compras de terrenos por empresas russas, no entanto, continuam discretas. Isso se deve principalmente a experiências muito negativas no período entre 2007 e 2008, quando companhias compravam terrenos agrícolas em grande quantidade, acredita o Sisov.

"Essa foi a primeira etapa de acumulação de bancos de terras agrícolas. Os preços vigentes naquele período continuam a ser mais altos do que os atuais", esclarece Sizov.

Após a crise de 2008, o mercado se manteve imobilizado devido, inclusive, à suspensão das exportações de grãos em 2010. Os primeiros sinais de uma  ligeira reativação surgiram só em 2011. Mesmo assim, continua não havendo grandes compradores de terrenos.

Tendência

O mercado apresenta uma nova tendência: a troca de terras em uma região por outra, com vistas à otimização de negócios, disse Sizov. O especialista cita o exemplo da empresa dinamarquesa Trigon Agri, que vendeu seus terrenos nas regiões do Volga e de Stavropol para comprar 70 mil hectares de terra na região de Rostov.

Já o presidente da holding agrícola Ambika, Mikhail Orlov, não concorda com a tese de que as terras agrícolas russas são subestimadas.

"Dado o fato de imensas áreas agrícolas serem mantidas em permanente pousio e estarem rapidamente se transformando em florestas, não há tanta demanda por terrenos agrícolas no país", disse Orlov.

“Na Rússia, além de investir na produção de grãos, você deve investir também em infraestrutura de armazenamento de fertilizantes e grãos e em equipamentos. Como resultado, o montante de recursos extra necessários ao desenvolvimento da produção no país é muito maior do que, digamos, na África. Acho que as terras agrícolas russas são muito dispendiosas."

Os participantes do mercado chamam a atenção para os aspectos jurídicos da compra de terrenos na Rússia.

"O sistema é muito burocratizado", disse Orlov.

A conversão de terrenos de propriedade coletiva em propriedade privada leva pelo menos um ano, disse o diretor do departamento jurídico da empresa Rusmolko, Roman Nikichkin.

“Esse trabalho é muito difícil e complicado. Por isso, quando se trata de grandes lotes de terreno, ele é feito por uma equipe inteira de advogados. Mas vale a pena. O preço do terreno privatizado aumenta várias vezes”, disse Nikichkin.

Para a versão na íntegra do artigo em russo, acesse: http://www.rbcdaily.ru/2012/12/04/market/562949985257796

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