Foto: NASA
Os planos de realizar uma expedição de um ano de duração a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) começam a se concretizar.
Os preparativos para a missão, que contará com o cosmonauta russo Mikhail Kornienko e como astronauta americano Scott Kelly e partirá para a ISS na primavera de 2015, para retornar à Terra um ano depois, começarão no início de 2013.
A expedição foi concebida para avaliar como o organismo humano reagirá a uma permanência muito longa no espaço e faz parte de um programa de preparativos para viagens à volta da Lua, em direção a asteróides e, finalmente, a Marte.
O objetivo é estudar a reação do corpo humano a duras condições do espaço e sua capacidade de adaptação. Os dados a serem obtidos em 12 meses de voo ajudarão a prever como uma longa permanência no espaço influenciará o estado de saúde e a capacidade para o trabalho de uma tripulação enviada em longa missão espacial e a elaborar medidas para diminuir os riscos a que se expõem missões tripuladas prolongadas.
"Foi difícil fazer uma seleção pois todos os candidatos eram muito bons", disse o presidente da Agência Espacial Russa (Roskosmos), Vladímir Popóvkin.
"Escolhemos aqueles que nos pareceram mais responsáveis, mais experientes e com vontade de executar essa missão", completou.
"A missão de um ano não é um objetivo em si", disse o diretor do Centro de Treinamento de Cosmonautas, Sergêi Krikalev.
"Iuri Romanenko passou em órbita 11 meses, Titov e Manarov trabalharam no espaço por 12 meses, Poliakov esteve lá 14 meses. Portanto, uma missão de 12 meses não é nenhuma novidade ", adiantou.
Para o responsável, a novidade é o programa da missão.
"O voo acontecerá em 2015. Portanto, ainda temos tempo para elaborar um bom programa de estudos", disse Krikalev, que detém o recorde mundial de permanência no espaço, considerando a duração total das missões espaciais por ele executadas.
O principal elemento de uma missão espacial tripulada a longo prazo é o próprio homem e suas capacidades individuais para superar as dificuldades de um voo espacial prolongado.
Longa duração
Em viagens espaciais com duração de vários meses, as tripulações se expõem a vários perigos.
Em primeiro lugar, a tripulação é inteiramente dependente do sistema de suporte à vida (LSS). De acordo com especialistas do Instituto de Problemas Médicos e Biológicos, um dos desafios mais importantes na preparação de missões interplanetárias é tornar o LSS completamente fechado.
O LSS instalado a bordo da ISS não é uma biosfera fechada porque não utiliza o ciclo completo da matéria. Serão necessários pelo menos 10 anos para construir um sistema capaz de garantir uma regeneração completa dos componentes essenciais para a vida. O principal desafio é garantir a produção ininterrupta de oxigênio, água e alimentos, e a remoção de resíduos.
Dentre outros problemas que dificultam missões tripuladas interplanetárias estão a microgravidade, componentes psicológicos e a falta de veículos capazes de levar o homem a outros planetas.
Em janeiro de 2011, o director-geral-adjunto do Centro Khrunitchev de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia espacial, Anatoli Kuzin, afirmou que a empresa tem um projeto que torna possível a utilização de veículos lançadores superpesados Angara nos programas lunar e marciano.
Também há planos de construir uma nave marciana com capacidade para quatro tripulantes que possa decolar e pousar sozinha, um cargueiro marciano, capaz de transportar 40 toneladas, um módulo de decolagem e um módulo de retorno. A primeira nave tripulada pode partir para Marte depois de 2037.
Em abril de 2011, o presidente da Corporação de Foguetes Espaciais Enérguia, Vitali Lopota, disse que o chamado rebocador espacial com um reator nuclear e propulsão elétrica poderia ser construído já em 2018, caso o projeto orçado em US$ 1 bilhaõ fosse devidamente financiado.
Ainda de acordo com Lopota, uma espaçonave destinada a voos a Marte deve possuir um reator de cerca de 24 MW de potência.
“Só os programas espaciais tripulados voltados para as pesquisas do espaço profundo, além da órbita lunar, e não aqueles que exploram a órbita circunterrestre, podem vir a ser um motor do desenvolvimento científico e tecnológico na Rússia", disse o especialista no setor espacial Iuri Karach.
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