Foto: militaryrussia.ru
Os testes do novo sistema A-235 Samolet-M, elemento-chave do escudo antimíssil de Moscou e da região, serão realizados entre o final da primavera e o início do outono de 2013.
A informação é do Comando da Defesa Aeroespacial (ASD, na sigla em inglês) da Rússia. Após os testes, o A-235 poderá entrar em serviço operacional, disse uma fonte do Comando ao jornal Izvéstia.
Os trabalhos no sistema A-235 estão em andamento desde 1997. Em 2011, foram realizados os primeiros testes no campo de provas de Sari-Chagan. O A-235 deve entrar em serviço operacional juntamente com seu antecessor A-135.
"Os testes serão realizados com o míssil 53T6, ou Gazelle, na classificação ocidental. Atualmente, a região de Moscou está sob a guarda dos mísseis A-135, equipados com ogivas nucleares. Já o Gazelle pode transportar tanto uma munição nuclear quanto uma ogiva cinética”, adiantou a fonte.
A possibilidade de equipar os mísseis com ogivas cinéticas surgiu com o desenvolvimento dos meios de comunicação e guiamento modernos.
O sistema A-135 está em serviço desde os anos 1970 e usa ogivas nucleares porque não pode ser guiado com precisão contra um míssil agressor. Já o A-235 pode ser guiado contra um alvo com precisão de centímetros por um sinal de rádio emitido a partir de um radar terrestre.
Projetado pelo centro de pesquisa e desenvolvimento Novator, em Ekaterimburgo, o sistema A-235 é destinado à execução de missões diferentes das confiadas aos amplamente conhecidos S-400 Triunfo e S-500 Prometeu.
Pode operar a uma altitude de até 30 km e atingir alvos a uma distância de 100 km e é capaz de interceptar o míssil balístico mais veloz que existe. Porém, apresenta uma série de desvantagens: ao contrário do Triunfo, que leva ogivas autoguiadas ("dispare e esqueça"), o A-235 só obedece aos comandos via rádio emitidos pelo operador.
“Isso é lógico”, disse uma fonte do Comando da ASD. “Todos os mísseis antimísseis são guiados por radar. Os mísseis armados com uma ogiva autoguiada precisam ser orientados apenas na fase inicial do voo. O resto fica por conta da ogiva autoguiada. Entretanto, a uma altitude de 30 km, na volta do míssil interceptor se cria uma nuvem de plasma que impede a penetração dos pulsos emitidos da Terra. Portanto, na estratosfera, as ogivas autoguiadas são ineficazes. A única solução é guiar o míssil por um feixe de radar focalizado de alta potência.”
O sistema A-235 inclui uma estação de radar Don-2M e lançadores de mísseis Gazelle. Praticamente todas as suas especificações técnicas constituem segredo de Estado. Sabe-se apenas que o sistema usa mísseis interceptores de médio e longo alcance. Mas também é segredo qual dos dois tipos de mísseis será armado com uma ogiva nuclear e qual levará um lingote, disse a fonte.
O presidente do Instituto de Estudos Estratégicos, Aleksandr Konovalov, apelidou o sistema A-235 de “sistema interceptor de verdade”, ao contrário do A-135.
"A missão da Defesa Antiaérea é preservar suas instalações e infraestrutura. O A-135 só pode disparar mísseis com ogivas nucleares e pode, portanto, prejudicar as áreas sob sua proteção”, disse Konovalov ao Izvéstia.
“O A-235 utiliza ogivas cinéticas e atinge um míssil inimigo sem prejudicar as áreas sob sua responsabilidade. Por outro lado, para destruir um alvo, um míssil nuclear pode explodir a vários quilômetros de distância do mesmo, enquanto o míssil cinético tem que ser muito preciso para acertar o alvo. Duvido que o centro Novator tenha alcançado resultados tão bons na estratosfera."
Publicado originalmente no site do jornal Isvéstia
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