Boris Berezovski em Londres. Foto: AP
O ano de 2012 marca os 15 anos da presença de bilionários russos no ranking dos mais ricos do mundo da revista Forbes. Desde então, muita coisa mudou, nomes deixaram a lista, mas muitos ainda demonstraram sua capacidade de sobreviver a crises e aumentar seus capitais.
Homem rico, homem pobre
Nesses 15 anos, o número de bilionários russos no ranking subiu de modestos 6 para 96, e o valor total de suas fortunas aumentou de US$ 9,3 bilhões para US$ 376,1 bilhões. Já a participação dos bilionários russos na elite econômica mundial subiu de 1,78% para cerca de 8% em 2012. O aumento dos indicadores quantitativos está à vista. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito sobre os indicadores qualitativos.
Em 1997, o primeiro bilionário russo da lista, com uma fortuna de US$ 3 bilhões e mais conhecido como Poderoso Chefão do Kremlin, Boris Berezovski, ocupava a modesta 104ª posição.
Na época, Berezovski estava na melhor fase de sua carreira: era coproprietário de uma das maiores empresas de petróleo do país e secretário-adjunto do Conselho de Segurança da Rússia. Em resumo, uma viva personificação da parceria público-privada, que, entretanto, segundo mostra a experiência, pode acabar mal para um dos elementos da fórmula. Agora, Berezovski reside no Reino Unido e não faz parte da famosa lista da Forbes.
Dos primeiros bilionários russos, apenas Vagit Alekperov (o maior acionista da empresa de petróleo Lukoil) e Vladímir Potanin (proprietário do consórcio de níquel de Norilsk, Nornikel) mantêm seu status e conseguiram recuperar suas fortunas após a crise da dívida russa em 1998, que deixou muitos ricaços russos fora do ranking por vários anos.
No entanto, já no início do novo milênio, a elite empresarial nacional, estimulada pelo rápido aumento dos preços do petróleo, começou a se recuperar e a crescer a olhos vistos. O resultado não demorou: em 2001, oito russos retornaram ao clube mundial de bilionários.
Entre o início de 2000 e o verão de 2008, o preço do barril de petróleo subiu de US$ 25 para US$ 146. Como resultado, aumentou a presença russa no clube dos bilionários. Em 2002, a lista já contava com seis. Em 2004, o número subiu para 26; em 2006, para 32; e em 2008, para 82.
Um período de prosperidade e crescimento impetuoso, compras dispendiosas, como as do clube de futebol Chelsea e do iate Eclipse, e aventuras na estação de esqui de Courchevel marcou aquela época.
Em 2008, com a economia russa dependente das vendas de matéria-prima, as fortunas dos oligarcas atingiram o auge. Mas tudo estava bom demais para durar muito tempo.
Ainda em 2008, Oleg Deripaska, com uma fortuna estimada em US$ 28 bilhões, entrou no grupo das 10 pessoas mais ricas do mundo e, já no outono daquele mesmo ano, foi dos primeiros a pedir ajuda financeira ao governo. Devido a sua imensa dívida com bancos ocidentais, seus fabulosos ativos não valiam sequer o papel usado para sua formalização. Os príncipes começaram a virar mendigos.
O exemplo de Deripaska foi seguido por quase todos os integrantes da lista russa da Forbes. O plano de resgate de impérios empresariais elaborado pelo governo russo envolvia dezenas de bilhões de dólares. Como resultado, o VEB (Banco de Comércio Exterior), o maior banco estatal do país, recebeu em penhor quase todos os ativos dos famosos oligarcas.
No entanto, como nem a crise financeira mundial dura para sempre, em 2012 os 10 oligarcas russos mais ricos retornaram à lista da Forbes. A parceria público-privada rendeu seus frutos.
"Na verdade, essa estabilidade não é ruim. O período de acumulação primitiva de capital passou. Agora não é nada fácil fazer rapidamente uma fortuna. Essa é uma prova de que nossa economia está se tornando um pouco mais madura", disse Vladímir Tikhomirov, economista-chefe da empresa Otkríe.
Os ricos também choram
Mas muitos especialistas apontam sinais de declínio da oligarquia russa. O que se verificou foi que nossos oligarcas não sabem, ou não desejam, ganhar com projetos não ligados à extração e ao processamento de matérias-primas.
Enquanto isso, o boom petroleiro parece ter atingido o auge e estar prestes a deixar de fornecer novos nomes à lista russa da Forbes.
"Nossas exportações de commodities estão diminuindo drasticamente. Para manter altos ritmos de crescimento, é preciso investirmos as receitas obtidas com as vendas externas da matéria-prima em outros setores econômicos", afirma Valeri Mironov, vice-diretor do Instituto Centro de Desenvolvimento da Escola Superior de Economia.
O problema está na falta de desejo dos oligarcas russos de diversificar seus ativos, pelo menos em seu país. Eles preferem converter as receitas em espécie e transferi-las para o exterior, contribuindo assim para uma saída maciça de capitais do país.
Segundo o Banco Central, este ano, a fuga de capitais atingirá os US$ 70 bilhões. Grandes empresários russos estão encerrando seus negócios no país para investir no exterior.
No entanto, a maioria dos oligarcas continua no negócio e tem aparentemente inveja de seus colegas que já se livraram de seus ativos russos.
O principal problema segue o mesmo: as dívidas a credores estrangeiros. Segundo o Banco Central, em meados de 2012, a dívida externa corporativa das pessoas jurídicas russas totalizou US$ 532,2 bilhões. Mesmo se tirarmos dessa soma as obrigações das maiores empresas estatais, os capitães do setor privado russo permanecerão atolados em dívidas até o pescoço.
Se novas crises semelhantes às de 1998 e de 2008 ocorrerem, suas fortunas irão encolher novamente.
Para a versão completa do artigo em russo, clique: http://www.itogi.ru/russia/2012/48/184483.html
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